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MEMÓRIA
Ex-jogadores são a solução
DIDI
ESPECIAL PARA A FOLHA
O futebol é a nossa alegria e
não merece o tratamento que
vem recebendo. Eu ajudei a
construir a imagem de glórias
do futebol brasileiro. Ganhei
duas Copas do Mundo. Eu tenho o direito de exigir um tratamento digno.
Os jovens também, afinal o
futuro pertence a eles. Eu não
estou contente com os jovens:
eles exigiram a saída do presidente Collor. Por que não exigem a saída desses caras que
comandam a seleção?
O que nós vimos no jogo contra o Uruguai foi apenas um time bem determinado e nada
mais. O que nós oferecemos?
Pontapé e pingue-pongue, que
não refletem o nosso verdadeiro futebol. Apesar das circunstâncias adversas, eu acredito
que o Brasil irá para a Copa de
94. Eu, como o povo, acho que
Deus é brasileiro e seria um
castigo ficarmos de fora. É preciso que o Brasil se classifique
porque senão todos perderão:
o espetáculo, a Fifa, os torcedores e os organizadores seguramente terão prejuízo.
A juventude deveria aproveitar o tempo entre as eliminatórias e a realização da Copa e pedir que uma comissão de "notáveis" do futebol assuma o comando. Dessa comissão fariam
parte Bellini, Gilmar, Nílton
Santos, Gérson e até eu próprio, gente que viveu de fato o
futebol brasileiro nos seus tempos áureos e tem, seguramente,
uma contribuição a dar.
Só quem jogou futebol tem
condições de avaliar os sentimentos e as dificuldades que
um jogador tem em campo.
Quem não jogou não tem essa
condição. E hoje a seleção está
cheia de gente desse tipo.
É um absurdo também que se
deixe de fora talentos como o
Neto. Sua vaga seria garantida
no time principal, assim como
o Romário, que é um jogador
excepcional. São peças raras
que não podem ficar fora da
máquina. Essa imagem de que
são atletas que criam atritos só
existe porque não lhes foi dado
um tratamento à altura para
que cumprissem a sua obrigação. É por isso que eu defendo a
idéia de termos uma comissão
de jogadores no comando.
Os dirigentes precisam pensar no nosso futebol com seriedade, e o primeiro passo para
isso seria organizá-lo.
Trecho do texto de Waldir Pereira, o
Didi, publicado na Folha no dia 20 de
agosto de 1993, em que ele analisava
o desempenho da seleção brasileira
nas eliminatórias para a Copa de 94
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