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Terror rompe silêncio e diz que turista olímpico é alvo
Um dia após novo ataque, grupo local reclama de "capitalistas", assume atentados e desafia a Olimpíada de Atenas, a mais policiada da história
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O terror ganhou voz em Atenas.
Ontem, após novos ataques sem
vítimas à capital grega, um grupo
local, o Luta Revolucionária, admitiu a autoria do atentado na
madrugada do dia 5, marco de
cem dias para a abertura da Olimpíada, prevista para 13 de agosto.
Na ocasião, três bombas foram
detonadas perto de uma delegacia em Kalithea, ao sul da cidade, em um intervalo de meia hora.
Não houve feridos, somente danos materiais. Ontem, a ameaça,
pela primeira vez, foi explícita.
"Todos os responsáveis pelo capitalismo internacional, os assassinos mercenários do planeta, os
governantes e os ricos turistas ocidentais que pretendem assistir
aos Jogos são indesejáveis", disse
o grupo, em comunicado enviado
ao semanário grego "To Pontiki".
O clima de insegurança já era
intenso ontem, quando mais duas
bombas explodiram em frente a
uma agência do Alpha Bank, em
Voula, ao sul da cidade. O banco é
patrocinador dos Jogos. Pouco
depois, a polícia desativou outro
artefato descoberto em uma bolsa
deixada próxima a uma agência
do banco britânico HSBC.
Nenhum grupo reivindicou a
autoria desse novo ataque.
Até o comunicado de ontem, o
governo grego desvinculava a
Olimpíada das ameaças terroristas. O Comitê Olímpico Internacional seguia a mesma estratégia,
minimizando os incidentes.
Anteontem, Denis Oswald, presidente da Comissão de Coordenação do COI, havia dito que os
atentados do dia 5 "poderiam
ocorrer em qualquer lugar" e que
isso "não afetou a avaliação sobre
a segurança [da Olimpíada]".
Após o 11 de Setembro, os Jogos
de Atenas já teriam o maior gasto
da história com segurança. O temor era com a atuação da Al Qaeda, grupo terrorista de Osama bin
Laden. Porém, há dois meses, o
xeque Omar Mohammed, considerado próximo a Bin Laden, disse que Atenas não era um alvo.
Apesar disso, a Grécia
anunciou um incremento no orçamento destinado à segurança.
Estima-se que as despesas chegarão a US$ 1,2 bilhão. Cerca de 70
mil agentes atuarão nos Jogos,
que terão a colaboração estrangeira. Sete países participam do
esquema de segurança. Além disso, a Otan (aliança militar ocidental) também ajudará nas ações.
Essas cooperações são alvo de
crítica do grupo clandestino. "A
transformação da Grécia em uma
fortaleza e a participação da Otan
e dos serviços secretos estrangeiros mostram que não se trata de
uma festa, como dizem os organizadores, mas de uma guerra",
afirmou o Luta Revolucionária.
Pelo menos no discurso, porém,
o temor continua vindo do exterior. "Se um país desistir dos Jogos irá admitir que o medo do senhor Bin Laden é maior do que
qualquer outra coisa", disse a prefeita de Atenas, Dora Bakoyianni.
Preocupada, a Austrália já advertiu seus cidadãos que pretendem assistir à Olimpíada, que estejam conscientes das ameaças do
terrorismo internacional.
Com agências internacionais
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