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FUTEBOL
Vitalidade física supera técnica, e, enquanto Brasil sofre para se adaptar ao "novo" futebol, Alemanha chega a três finais entre 1982 e 1990
Futebol-força ganha mundo
DA REPORTAGEM LOCAL
Se em 1974 a Alemanha desfrutou de sua melhor geração de talentos no futebol, o Brasil passou
a se readaptar a uma nova fase do
esporte, mais física que técnica.
O futebol-força, tão associado
aos alemães, virou uma tônica
mundial a partir da década de 70,
causando uma certa revolta nos
torcedores mais românticos.
Somando as Copas de 1974 e
1978, o Brasil colecionou quatro
empates sem gols em seu processo de ""modernização", que incluía uma melhor ocupação de espaços, uma preocupação maior
com a preparação física e termos
como overlapping (""ultrapassagem" de um jogador por outro
para poder receber a bola na frente, no chamado ""ponto futuro").
A Alemanha, sem Beckenbauer,
Overath e mesmo Gerd Müller,
um atacante de força, mas com
muitos recursos, também conseguiu três 0 a 0 só na Copa de 1978.
Jogadores de marcação e de
grande vitalidade física passaram
a ser tão respeitados quanto os
craques do meio-campo para a
frente. O ponto forte da seleção
brasileira em 1974 foi a defesa, que
tinha como base o Palmeiras de
Leão e Luis Pereira, bicampeão
brasileiro em 1972 e 1973.
Vogts, jogador que fez implacável marcação em Cruyff na final
de 1974, foi um dos remanescentes na seleção alemã para 1978. É
um símbolo de entrega em seu
país, que chegaria à final de 1982
mesmo com jogadores de qualidade bem discutível, como Hrubesch, Förster, Stielike e Briegel.
Nesse mesmo time alemão de
1982, surgia uma grande promessa do futebol germânico. Matthäus, meio-campista que conciliava boa técnica com muita vitalidade, viria a ser o líder de sua seleção nas Copas seguintes. Alcançaria a condição de craque na Copa
de 1990, a que registrou a pior média de gols da história (2,21 tentos
por partida) e que foi decidida por
um pênalti solitário na final.
O Brasil levou às Copas de 1982
e 86 um time técnico, treinado por
Telê Santana, mas o sucesso da seleção italiana, de forte defesa e
aposta no contra-ataque, manteve o futebol-força em alta. Gentile
anulou Zico no homem a homem.
A Alemanha despacharia duas
vezes nas semifinais (1982 e 1986)
uma talentosa equipe francesa comandada por Platini. Só Maradona em 1986, apesar de caçado em
campo, superou a força em Copas
entre 1974 e 1990. Não à toa, brilhou na Itália, que virou eldorado
do futebol.
(RODRIGO BUENO)
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