São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2001

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AÇÃO

Twist & shout

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Até algum tempo atrás, nos campeonatos de skate da modalidade vertical, aquela praticada nos half pipes, com rampas enormes em forma de U, era comum nos critérios de avaliação dos juízes a diferenciação técnica dos atletas que realizavam ou não o Mc Twist.
Talvez a mais emblemática manobra dessa modalidade, para quem não sabe, o Mc Twist é um aéreo em que o skatista decola de costas para a rampa, gira 540 capotado, quase de ponta-cabeça, e volta com tudo de frente, pronto para a próxima decolagem.
Quando apresentada para o mundo, por volta de 1988, pelo seu inventor, o norte-americano Mike McGill, talvez nem ele imaginasse o real impacto de sua manobra. E isso aconteceu porque ela reúne todas as características típicas da modalidade: beleza, plasticidade, altura, estilo e, principalmente, muita dificuldade. Com certeza algo que enche os olhos até do mais leigo e desinteressado espectador.
Durante o Red Bull Skate Pro no último final de semana, muitos olhos cheios entre o público que acompanhou a prova e muito trabalho para os juízes.
Num evento de alto nível técnico como esse -se não foi o maior, foi o melhor e mais legal campeonato de skate já realizado por essas bandas até hoje-, o Mc Twist original já não faz tanta diferença.
O que se viu foi a melhor demonstração da evolução do esporte, em que a velha e boa manobra virou simples base (guardada a devida proporção) para linhas com o vasto e moderno repertório de bordas, flips, alleyoops, varials e switchstances.
Com locação surpreendentemente bonita -o evento aconteceu dentro do parque do Museu do Ipiranga-, pista grande e impecável, área decente para atletas, imprensa e convidados, ótima premiação, mesmo para os padrões internacionais, além de shows de rap no sábado e, junto com o campeonato de aéreo, O Rappa no domingo para cerca de 20 mil pessoas, a prova remetia à lembranças dos melhores campeonatos gringos.
Apesar da ausência de alguns estrangeiros confirmados, o que se viu foi um campeonato emocionante, com alto nível técnico e uma final incrível. Para dar uma idéia, foram barrados na semi os tops Marcelo Kosake (campeão brasileiro em 99), Denis Buiu, Bruninho Passos, Sergie Ventura e Phill Hajal, entre outros que, num campeonato "normal", poderiam tranquilamente ocupar postos no pódio.
Entre os dez finalistas, cinco eram brasileiros, o restante dividido entre os EUA, a Alemanha, a Austrália e o Canadá. Com certeza, os estrangeiros não eram da "segunda divisão". Pelo contrário, quem esteve lá presenciou dois integrantes da nova geração, Juergen Horrwath e Jesse Fritch, que dão um "rolê" de gente grande, com muito estilo, altura, precisão e velocidade nas manobras.
Com tudo funcionando, o campeonato rolou sem surpresas, Bob Burnquist em primeiro -94,3 pontos ganhos com duas ou três manobras inéditas e impressionantes-, seguido do também brasileiro Lincon Ueda e do canadense Pierre Luc Gagnon em terceiro, nos moldes das provas internacionais.
Há muito tempo o skate vem merecendo uma prova como essa. O Red Bull esteve à altura da popularidade, do potencial e do desenvolvimento técnico dos atletas no país.

Raam
Michel Bogli e José Correia Pinto Filho participarão pela primeira vez na competição de duplas da Race Across America, prova ciclística que cruza os Estados Unidos da costa oeste até a costa leste (cerca de 5.000 km) e começa dia 19.

Sem neve
Com apenas 40 centímetros nas partes altas das pistas e dificuldade de fabricação de neve em razão das altas temperaturas, a abertura da temporada em Portillo, no Chile, foi adiada para o dia 23.

Rio Surf
O tricampeão mundial Tom Curren, 36, foi confirmado como um dos convidados da etapa brasileira do Mundial da WCT (divisão de elite do surfe), que será realizado no Rio de Janeiro de 27 de junho a 5 de julho.

E-mail: sarli@revistatrip.com.br


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