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AÇÃO
Twist & shout
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Até algum tempo atrás,
nos campeonatos de skate
da modalidade vertical, aquela
praticada nos half pipes, com
rampas enormes em forma de
U, era comum nos critérios de
avaliação dos juízes a diferenciação técnica dos atletas que
realizavam ou não o Mc Twist.
Talvez a mais emblemática
manobra dessa modalidade, para quem não sabe, o Mc Twist é
um aéreo em que o skatista decola de costas para a rampa, gira 540 capotado, quase de ponta-cabeça, e volta com tudo de
frente, pronto para a próxima
decolagem.
Quando apresentada para o
mundo, por volta de 1988, pelo
seu inventor, o norte-americano
Mike McGill, talvez nem ele
imaginasse o real impacto de
sua manobra. E isso aconteceu
porque ela reúne todas as características típicas da modalidade:
beleza, plasticidade, altura, estilo e, principalmente, muita dificuldade. Com certeza algo que
enche os olhos até do mais leigo
e desinteressado espectador.
Durante o Red Bull Skate Pro
no último final de semana, muitos olhos cheios entre o público
que acompanhou a prova e
muito trabalho para os juízes.
Num evento de alto nível técnico como esse -se não foi o
maior, foi o melhor e mais legal
campeonato de skate já realizado por essas bandas até hoje-,
o Mc Twist original já não faz
tanta diferença.
O que se viu foi a melhor demonstração da evolução do esporte, em que a velha e boa manobra virou simples base (guardada a devida proporção) para
linhas com o vasto e moderno
repertório de bordas, flips, alleyoops, varials e switchstances.
Com locação surpreendentemente bonita -o evento aconteceu dentro do parque do Museu do Ipiranga-, pista grande
e impecável, área decente para
atletas, imprensa e convidados,
ótima premiação, mesmo para
os padrões internacionais, além
de shows de rap no sábado e,
junto com o campeonato de aéreo, O Rappa no domingo para
cerca de 20 mil pessoas, a prova
remetia à lembranças dos melhores campeonatos gringos.
Apesar da ausência de alguns
estrangeiros confirmados, o que
se viu foi um campeonato emocionante, com alto nível técnico
e uma final incrível. Para dar
uma idéia, foram barrados na
semi os tops Marcelo Kosake
(campeão brasileiro em 99), Denis Buiu, Bruninho Passos, Sergie Ventura e Phill Hajal, entre
outros que, num campeonato
"normal", poderiam tranquilamente ocupar postos no pódio.
Entre os dez finalistas, cinco
eram brasileiros, o restante dividido entre os EUA, a Alemanha,
a Austrália e o Canadá. Com
certeza, os estrangeiros não
eram da "segunda divisão". Pelo contrário, quem esteve lá presenciou dois integrantes da nova geração, Juergen Horrwath e
Jesse Fritch, que dão um "rolê"
de gente grande, com muito estilo, altura, precisão e velocidade
nas manobras.
Com tudo funcionando, o
campeonato rolou sem surpresas, Bob Burnquist em primeiro
-94,3 pontos ganhos com duas
ou três manobras inéditas e impressionantes-, seguido do
também brasileiro Lincon Ueda
e do canadense Pierre Luc Gagnon em terceiro, nos moldes das
provas internacionais.
Há muito tempo o skate vem
merecendo uma prova como essa. O Red Bull esteve à altura da
popularidade, do potencial e do
desenvolvimento técnico dos
atletas no país.
Raam
Michel Bogli e José Correia Pinto Filho participarão pela primeira vez na competição de duplas da Race Across America,
prova ciclística que cruza os Estados Unidos da costa oeste até a
costa leste (cerca de 5.000 km) e começa dia 19.
Sem neve
Com apenas 40 centímetros nas partes altas das pistas e dificuldade de fabricação de neve em razão das altas temperaturas, a
abertura da temporada em Portillo, no Chile, foi adiada para o
dia 23.
Rio Surf
O tricampeão mundial Tom Curren, 36, foi confirmado como
um dos convidados da etapa brasileira do Mundial da WCT (divisão de elite do surfe), que será realizado no Rio de Janeiro de
27 de junho a 5 de julho.
E-mail: sarli@revistatrip.com.br
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