São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2001

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FUTEBOL

Feliz e confiante

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Eu confesso: estou otimista com o futuro próximo da seleção brasileira. Luiz Felipe Scolari tem boas credenciais e, mais cedo ou mais tarde, deveria ter uma chance.
Se o currículo do Felipão é bom, sua folha corrida também é longa. Ele já conquistou títulos do todos os tipos, com times caros e baratos, favoritos ou desacreditados, mas teve dois fracassos importantes, nos dois Mundiais em Tóquio.
Ele sabe motivar um time para jogar com o coração no bico da chuteira (um bonito chavão, se o coração não for o do adversário), com confiança e vontade até o fim. Mas, às vezes, se torna o próprio arauto da intranquilidade, jogando a torcida contra determinado atleta que ele quer punir de alguma maneira (porque está gordinho, porque sai demais à noite...).
Scolari já teve conflitos com árbitros, dirigentes, jogadores e jornalistas; recorreu a agressões verbais e a pelo menos uma agressão física, injustificável. Mas, ao longo dos anos, aprendeu a fazer concessões; admitiu erros e reviu conceitos (como o de que psicólogo é "frescura").
Apesar de todos os problemas, conseguiu longas permanências nos clubes por onde passou (uma raridade). E embora adote expedientes pouco recomendáveis, como a "tática" das bolas extras jogadas no campo, conquistou o respeito e a admiração de adversários.
Felipão tem olho clínico para investir em bons jogadores, como Alex, Júnior e Lopes. Os dois primeiros se aprimoraram muito sob seu comando. Mas gosta de brucutus, como o insano Argel, e fez apostas furadas (como em um desgastado Rivarola).
Apesar de mentir descaradamente em determinadas situações, ("olhem nos meus olhos, não fui convidado"), Felipão não foge da raia quando a situação aperta. Critica o próprio time, se for o caso: "Ganhamos, mas jogamos muito mal". Não creio que vá elogiar uma atuação medíocre da seleção porque "a zaga não tomou gol".
Enfim, com todos os prós e contras, que todos têm, Luiz Felipe é bem-vindo.
Como técnico de clube, aguentou firme várias adversidades -desmanches, pressão da torcida, de conselheiros, insatisfação dos jogadores. Está mais do que escaldado em situações difíceis.
Sua primeira entrevista foi mais animadora que as anteriores. Por incrível que pareça, jornalistas puderam perguntar sem medo, sem manobras.
A convocação teve pelo menos uma surpresa: Mauro Silva, depois de anos fora de todas as listas. O técnico justificou a escolha com clareza e simplicidade.
Pode haver outros nomes discutíveis entre os convocados, mas não incompreensíveis ou injustificáveis. Antônio Carlos, por exemplo, pode ser um dos "bandidos" a que Ricardo Teixeira se referiu, mas é habilidoso e inteligente. Tomara que baixe as armas.
Ao contrário de Luxemburgo, Luiz Felipe falou tranquilamente sobre jogadores não convocados, como o xodó Júnior, os Ronaldinhos, Juninho Pernambucano e Edílson. Não falou "difícil", não foi arrogante. Talvez tenha sido um pouquinho amigável demais com velhos conhecidos, o que pode suscitar críticas. Mas a impressão geral é a de que ele está muito feliz com a responsabilidade e confiante no seu trabalho, exatamente como espera que seus jogadores estejam. E eu também.

CPIzza
Alguma surpresa na resistência da "bancada da bola" em aprovar o relatório do deputado Sílvio Torres?

Escravidão
É um absurdo que decisão do TST impeça Juninho Pernambucano de jogar em outro clube. Nunca vi alguém ser forçado, pela Justiça, a trabalhar para um mau patrão ou para ninguém.

Renata Alves
Se Leão tem sérias revelações a fazer, por que não falou antes? E por que precisa falar primeiro com Ricardo Teixeira?

Globalização
A desorganização não é privilégio nosso. A Confederação Sul-Americana e a Fifa se esmeram em decisões estapafúrdias. O calendário mundial é uma boa prova.

E-mail: soninha.folha@uol.com.br


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