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FUTEBOL
Feliz e confiante
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Eu confesso: estou otimista com o futuro próximo da
seleção brasileira. Luiz Felipe
Scolari tem boas credenciais e,
mais cedo ou mais tarde, deveria ter uma chance.
Se o currículo do Felipão é
bom, sua folha corrida também
é longa. Ele já conquistou títulos
do todos os tipos, com times caros e baratos, favoritos ou desacreditados, mas teve dois fracassos importantes, nos dois Mundiais em Tóquio.
Ele sabe motivar um time para jogar com o coração no bico
da chuteira (um bonito chavão,
se o coração não for o do adversário), com confiança e vontade
até o fim. Mas, às vezes, se torna
o próprio arauto da intranquilidade, jogando a torcida contra
determinado atleta que ele quer
punir de alguma maneira (porque está gordinho, porque sai
demais à noite...).
Scolari já teve conflitos com
árbitros, dirigentes, jogadores e
jornalistas; recorreu a agressões
verbais e a pelo menos uma
agressão física, injustificável.
Mas, ao longo dos anos, aprendeu a fazer concessões; admitiu
erros e reviu conceitos (como o
de que psicólogo é "frescura").
Apesar de todos os problemas,
conseguiu longas permanências
nos clubes por onde passou
(uma raridade). E embora adote expedientes pouco recomendáveis, como a "tática" das bolas extras jogadas no campo,
conquistou o respeito e a admiração de adversários.
Felipão tem olho clínico para
investir em bons jogadores, como Alex, Júnior e Lopes. Os dois
primeiros se aprimoraram muito sob seu comando. Mas gosta
de brucutus, como o insano Argel, e fez apostas furadas (como
em um desgastado Rivarola).
Apesar de mentir descaradamente em determinadas situações, ("olhem nos meus olhos,
não fui convidado"), Felipão
não foge da raia quando a situação aperta. Critica o próprio
time, se for o caso: "Ganhamos,
mas jogamos muito mal". Não
creio que vá elogiar uma atuação medíocre da seleção porque
"a zaga não tomou gol".
Enfim, com todos os prós e
contras, que todos têm, Luiz Felipe é bem-vindo.
Como técnico de clube, aguentou firme várias adversidades
-desmanches, pressão da torcida, de conselheiros, insatisfação
dos jogadores. Está mais do que
escaldado em situações difíceis.
Sua primeira entrevista foi
mais animadora que as anteriores. Por incrível que pareça, jornalistas puderam perguntar
sem medo, sem manobras.
A convocação teve pelo menos
uma surpresa: Mauro Silva, depois de anos fora de todas as listas. O técnico justificou a escolha com clareza e simplicidade.
Pode haver outros nomes discutíveis entre os convocados,
mas não incompreensíveis ou
injustificáveis. Antônio Carlos,
por exemplo, pode ser um dos
"bandidos" a que Ricardo Teixeira se referiu, mas é habilidoso e inteligente. Tomara que
baixe as armas.
Ao contrário de Luxemburgo,
Luiz Felipe falou tranquilamente sobre jogadores não convocados, como o xodó Júnior, os Ronaldinhos, Juninho Pernambucano e Edílson. Não falou "difícil", não foi arrogante. Talvez
tenha sido um pouquinho amigável demais com velhos conhecidos, o que pode suscitar críticas. Mas a impressão geral é a
de que ele está muito feliz com a
responsabilidade e confiante no
seu trabalho, exatamente como
espera que seus jogadores estejam. E eu também.
CPIzza
Alguma surpresa na resistência da "bancada da bola" em aprovar o relatório do deputado Sílvio Torres?
Escravidão
É um absurdo que decisão do TST impeça Juninho Pernambucano de jogar em outro clube. Nunca vi alguém ser forçado, pela
Justiça, a trabalhar para um mau patrão ou para ninguém.
Renata Alves
Se Leão tem sérias revelações a fazer, por que não falou antes? E
por que precisa falar primeiro com Ricardo Teixeira?
Globalização
A desorganização não é privilégio nosso. A Confederação Sul-Americana e a Fifa se esmeram em decisões estapafúrdias. O calendário mundial é uma boa prova.
E-mail: soninha.folha@uol.com.br
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