São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 2002

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JOSÉ ROBERTO TORERO

O dia mais infeliz da vida de Lelê

Eu estava sonhando que era um super-herói muito legal que transformava meleca de nariz em bombas superexplosivas quando a minha mãe entrou no quarto e falou:
- Vem, Lelê, vem ver o jogo do Brasil.
No começo eu não acreditei que era verdade, pois era muito de noite, e eu virei para o lado. Mas aí ela chamou de novo, e aí eu desci as escadas e vi que estava todo mundo lá. Achei engraçado que cada um tomava uma coisa diferente: a minha mãe tomava chá, o meu tio Torero tomava café com leite, o meu pai tomava cerveja e o meu avô tomava remédio.
O jogo foi muito legal e teve um monte de gols. O Brasil ganhou porque o time de camisa vermelha (por que o Brasil só joga contra time de camisa vermelha?) deu muita chance para o Brasil fazer gol e errou um monte de chutes.
O gol que eu achei mais bacana foi o do Edmilson, que deu uma pirueta que nem a que eu faço na cama da minha mãe quando ela não está em casa.
Aposto que a mãe do Edmilson deixava ele treinar na cama dela.
Quando acabou o jogo, todo mundo se abraçou e ficou contente, e aí eu pensei: Hoje é o dia mais feliz da minha vida!
Mas aí a minha mãe pegou e falou:
- Lelê, vai tomar banho. Daqui a pouco você vai para a escola.
E aí eu pensei: Hoje é o dia feliz mais infeliz da minha vida.

torero@uol.com.br



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