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JOSÉ ROBERTO TORERO
O dia mais infeliz da vida de Lelê
Eu estava sonhando que
era um super-herói muito legal que transformava meleca de nariz em bombas
superexplosivas quando a minha mãe entrou no quarto e falou:
- Vem, Lelê, vem ver o jogo
do Brasil.
No começo eu não acreditei
que era verdade, pois era muito
de noite, e eu virei para o lado.
Mas aí ela chamou de novo, e aí
eu desci as escadas e vi que estava todo mundo lá. Achei engraçado que cada um tomava uma
coisa diferente: a minha mãe
tomava chá, o meu tio Torero
tomava café com leite, o meu
pai tomava cerveja e o meu avô
tomava remédio.
O jogo foi muito legal e teve
um monte de gols. O Brasil ganhou porque o time de camisa
vermelha (por que o Brasil só
joga contra time de camisa vermelha?) deu muita chance para
o Brasil fazer gol e errou um
monte de chutes.
O gol que eu achei mais bacana foi o do Edmilson, que deu
uma pirueta que nem a que eu
faço na cama da minha mãe
quando ela não está em casa.
Aposto que a mãe do Edmilson deixava ele treinar na cama
dela.
Quando acabou o jogo, todo
mundo se abraçou e ficou contente, e aí eu pensei: Hoje é o dia
mais feliz da minha vida!
Mas aí a minha mãe pegou e
falou:
- Lelê, vai tomar banho. Daqui a pouco você vai para a escola.
E aí eu pensei: Hoje é o dia feliz mais infeliz da minha vida.
torero@uol.com.br
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