UOL


São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ricardo Teixeira reabre rixa com melhor jogador da história e decide não alterar a tabela do Brasileiro para que paulistas pudessem disputar torneio no mês que vem na Coréia do Sul

CBF veta ida do São Paulo e esvazia a Copa de Pelé

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A CBF decidiu não liberar o São Paulo para participar da Copa da Paz e colocou a pá de cal no torneio que Pelé queria ver como o novo Mundial de clubes.
A decisão final já foi tomada por Ricardo Teixeira, que embarcou anteontem à noite para Paris. O dirigente deixou ordem para o presidente interino da CBF, Nabi Abi Chedid, informar o clube que a liberação não seria dada.
O ato, mais que um simples veto, dá início a mais um capítulo na rixa entre o principal cartola do país e o maior jogador da história.
Esse é o primeiro golpe dado pela CBF em um projeto de Pelé desde que os dois se reconciliaram, durante as CPIs que devassaram o futebol no Congresso.
A empresa de marketing de Pelé no Brasil, a Pelé Pro, é uma das organizadoras do evento, que será disputado na Coréia do Sul na segunda quinzena de julho. O dinheiro para a viabilização do torneio virá do reverendo Moon, líder de uma seita religiosa.
Para ser o garoto-propaganda do torneio, Pelé receberá pelo menos US$ 8 milhões. Mas, com a saída do São Paulo e com as desistências de Roma e Bayer Leverkusen a um mês do torneio, a Copa da Paz está por um fio.
Além da "declaração de guerra" a Pelé, que chegou a pedir o afastamento de Teixeira após o fim das CPIs, o presidente licenciado da CBF acirrará os ânimos com o São Paulo, principal aliado de Eduardo José Farah, também licenciado da Federação Paulista.
Durante a reunião que selou a paz entre Teixeira e Farah, no fim de maio, na sede da FPF, a cúpula são-paulina chegou a pedir o adiamento dos jogos contra Fluminense, Atlético-PR, Vitória e Ponte Preta. Teixeira desconversou, mas já tinha tomado a decisão de vetar a viagem.
A alegação da CBF para a negativa já está pronta. A entidade vai argumentar que não pode abrir o precedente de mudar quatro rodadas da tabela para beneficiar um só clube, em detrimento dos outros 23 participantes da Série A.
Nabi Abi Chedid dirá aos são-paulinos que Santos e Cruzeiro também pediram liberação para disputar amistosos no exterior durante o Brasileiro do ano passado e não foram atendidos.
O não de Teixeira, segundo a Folha apurou, teve ainda o dedo da Globo, detentora dos direitos do Nacional. A TV, que tentou vetar a viagem na confecção do contrato, avalia que a alteração de datas do torneio esvaziará o Brasileiro e não é compatível com o regulamento de turno e returno, pontos corridos, regulamento que está sendo utilizado pela primeira vez na competição.
O presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, confirmou ter recebido ofício da CBF de que não haverá alteração de datas no Nacional. Na segunda, ele decide se manda o time reserva à Asia ou se desiste do torneio.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Memória: Ex-jogador ficou 8 anos rompido com dirigente
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.