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FUTEBOL
Atleta é vaiado e chamado de Barbie por torcedores às vésperas de clássico
São Paulo reprime ofensas a Kaká e fechará treinos
DA REPORTAGEM LOCAL
Kaká não pisava no Morumbi
havia quase um mês. Voltou ontem para treinar e encontrou o
mesmo cenário: a implicância feroz de torcedores do São Paulo.
Por iniciativa do técnico Rojas,
o último coletivo para o clássico
de amanhã contra o Corinthians
foi no Morumbi. A diretoria do
clube abriu os portões para a torcida, que não perdoou o meia.
Cerca de 30 torcedores que entraram para assistir ao coletivo
entre titulares e reservas reprovaram o desempenho do jogador e
passaram a entoar palavras de
baixo calão contra Kaká, que voltará a campo amanhã depois de
ter ficado 17 dias se recuperando
de trauma no tornozelo sofrido
diante do Grêmio há três semanas. Uma rodada antes, ele havia
atuado no confronto com o Paraná no Morumbi e feito um gol
-contabiliza dois no Brasileiro.
"Isso é normal. Eles não estão
satisfeitos e cobram. Tenho 21
anos e muita coisa para aprender.
As vaias fazem parte e é preciso
saber lidar com a situação. Vai ser
bom para a minha carreira. Grandes jogadores passaram por situações ruins, deram a volta e se firmaram como craques. Aconteceu
com o Ronaldo e com o Rivellino", declarou Kaká após o coletivo, que foi vencido pelos reservas
por 1 a 0 (gol contra de Reinaldo).
A manifestação, entretanto, não
passou em branco para os diretores do São Paulo que acompanhavam o treino e pouco sucesso tiveram ao tentar censurá-la.
O administrador do estádio, José Gonçalves, chegou à beira do
fosso do estádio para pedir aos
torcedores que parassem de falar
palavrões. Não adiantou.
O diretor administrativo do clube, José Roberto Canassa, deu ordens para que um segurança fosse
até o setor de cadeiras cativas onde estavam os torcedores e organizasse a retirada deles. Mas também não adiantou.
Outros três seguranças foram
então ajudar e conseguiram cumprir a ordem já no final do treino.
Porém os torcedores não saíram quietos. Em marcha, cantaram hinos de reprovação à atitude
do time, o qual definiam como
"pipoqueiro". Xingaram também
Jean (que, machucado, não participou do treino) e Ricardinho
(que está na França com a seleção
brasileira). Kaká, outra vez, não
escapou: "Barbie, pede para sair".
Daqui para a frente, segundo o
diretor de futebol Juvenal Juvêncio, isso não se repetirá porque
nenhum torcedor poderá mais
acompanhar os treinos do time.
"Foi uma atitude deplorável [da
torcida]. Isso é puro vedetismo.
Gente que vaiou uma vez, chamou atenção e quer continuar
aparecendo. Como nos atrapalha,
teremos que tomar uma atitude
antidemocrática: eles não terão
mais acesso aos treinos", afirmou
o dirigente.(MARÍLIA RUIZ)
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