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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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FUTEBOL

Atleta é vaiado e chamado de Barbie por torcedores às vésperas de clássico

São Paulo reprime ofensas a Kaká e fechará treinos

DA REPORTAGEM LOCAL

Kaká não pisava no Morumbi havia quase um mês. Voltou ontem para treinar e encontrou o mesmo cenário: a implicância feroz de torcedores do São Paulo.
Por iniciativa do técnico Rojas, o último coletivo para o clássico de amanhã contra o Corinthians foi no Morumbi. A diretoria do clube abriu os portões para a torcida, que não perdoou o meia.
Cerca de 30 torcedores que entraram para assistir ao coletivo entre titulares e reservas reprovaram o desempenho do jogador e passaram a entoar palavras de baixo calão contra Kaká, que voltará a campo amanhã depois de ter ficado 17 dias se recuperando de trauma no tornozelo sofrido diante do Grêmio há três semanas. Uma rodada antes, ele havia atuado no confronto com o Paraná no Morumbi e feito um gol -contabiliza dois no Brasileiro.
"Isso é normal. Eles não estão satisfeitos e cobram. Tenho 21 anos e muita coisa para aprender. As vaias fazem parte e é preciso saber lidar com a situação. Vai ser bom para a minha carreira. Grandes jogadores passaram por situações ruins, deram a volta e se firmaram como craques. Aconteceu com o Ronaldo e com o Rivellino", declarou Kaká após o coletivo, que foi vencido pelos reservas por 1 a 0 (gol contra de Reinaldo).
A manifestação, entretanto, não passou em branco para os diretores do São Paulo que acompanhavam o treino e pouco sucesso tiveram ao tentar censurá-la.
O administrador do estádio, José Gonçalves, chegou à beira do fosso do estádio para pedir aos torcedores que parassem de falar palavrões. Não adiantou.
O diretor administrativo do clube, José Roberto Canassa, deu ordens para que um segurança fosse até o setor de cadeiras cativas onde estavam os torcedores e organizasse a retirada deles. Mas também não adiantou.
Outros três seguranças foram então ajudar e conseguiram cumprir a ordem já no final do treino.
Porém os torcedores não saíram quietos. Em marcha, cantaram hinos de reprovação à atitude do time, o qual definiam como "pipoqueiro". Xingaram também Jean (que, machucado, não participou do treino) e Ricardinho (que está na França com a seleção brasileira). Kaká, outra vez, não escapou: "Barbie, pede para sair".
Daqui para a frente, segundo o diretor de futebol Juvenal Juvêncio, isso não se repetirá porque nenhum torcedor poderá mais acompanhar os treinos do time.
"Foi uma atitude deplorável [da torcida]. Isso é puro vedetismo. Gente que vaiou uma vez, chamou atenção e quer continuar aparecendo. Como nos atrapalha, teremos que tomar uma atitude antidemocrática: eles não terão mais acesso aos treinos", afirmou o dirigente.(MARÍLIA RUIZ)


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