São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2000


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FUTEBOL
Irritado com torcedores de Foz do Iguaçu, técnico da seleção diz que fechará os portões caso continuem as vaias
Luxemburgo faz ameaça de proibir torcida em treinos

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU

Irritado com a atitude da torcida de Foz de Iguaçu (PR), o técnico da seleção brasileira, Wanderley Luxemburgo, decidiu ameaçar os torcedores às vésperas da partida contra o Paraguai, nesta terça-feira, em Assunção, pelas eliminatórias da Copa de 2002.
Ontem, Luxemburgo anunciou que vai ""fechar os portões" nos treinos, caso a torcida se manifeste contrária ao time.
""Se a torcida nos atrapalhar, vamos fechar os portões para conseguir trabalhar com a tranquilidade necessária", afirmou.
Nos dois treinos coletivos realizados na cidade, os torcedores de Foz de Iguaçu não esconderam o descontentamento com o futebol da seleção.
Nas duas ocasiões, foram aplaudidas as jogadas dos atletas do Cataratas, que completaram a equipe reserva no treinamento, e vaiados os titulares da seleção brasileira nos lances errados.
Anteontem, um segurança da seleção chegou até a tentar expulsar um torcedor que reclamou da atuação do atacante França.
O torcedor se recusou a deixar o estádio do ABC, onde são realizados os treinos, alegando que havia pago R$ 5 para entrar no local.
Para tentar fechar os portões do estádio, Luxemburgo mandou proibir a cobrança dos ingressos aos torcedores.
""Agora, vamos poder exigir o comportamento do torcedor. Antes, eles pagavam, podiam exigir. Com a entrada livre, a torcida terá que se comportar ou não verá o treino", disse o técnico.
A partida contra o Paraguai, na terça-feira, poderá deflagrar a primeira crise na era Luxemburgo, caso o time perca.
Até agora, a seleção ainda não convenceu nas eliminatórias. Depois de quatro rodadas, o time está em segundo lugar na classificação, com oito pontos, quatro atrás da líder Argentina.
Na última partida, a equipe foi vaiada no estádio do Maracanã, ao empatar com o Uruguai, por 1 a 1, no mês passado. O gol da seleção só foi marcado aos 40min do segundo tempo.
O ataque da equipe ainda não marcou um único gol na competição. Para a partida contra o Paraguai, Luxemburgo vai escalar a quinta formação diferente do time em cinco jogos disputados nas eliminatórias.
A ameaça do treinador é mais um capítulo da sua conflituosa relação com os torcedores.
Antes do jogo contra o Uruguai, ele também proibiu a entrada dos torcedores na Granja Comary, em Teresópolis, região serrana do Estado do Rio, onde o time se preparava para a partida. Depois, ele teve que recuar por determinação dos administradores do condomínio em que fica localizada o centro de treinamento.
Durante a partida, ele foi chamado de burro pelos torcedores no Maracanã.
No início do ano, Luxemburgo também proibiu a entrada dos torcedores de Londrina (PR) nos treinos da equipe na primeira fase do Pré-Olímpico.
O lateral-direito Cafu, da Roma (Itália), disse ontem que não está preocupado com a torcida.
""Com vaias ou não, vou fazer o meu. O importante é passar tranquilidade para os jogadores e não para a torcida", disse o capitão da seleção, que foi vaiado no último jogo da equipe nas eliminatórias.
A ameaça de Luxemburgo preocupou os dirigentes do ABC, clube amador de Foz do Iguaçu, que cede seu estádio para os treinamentos da seleção.
Segundo o presidente do ABC, Ademir Flor, o clube gasta cerca de R$ 1.000,00 por dia para a seleção treinar no local.

Ressentidos
Jogadores mais experientes da seleção brasileira, como Cafu e o lateral-esquerdo Roberto Carlos, do Real Madrid (Espanha), decidiram responder ontem às críticas que vem sendo feitas ao time nas eliminatórias.
""Quando ouço no rádio ou na televisão as críticas ao nosso time feitas por ex-jogadores, isso me incomoda", disse Roberto Carlos.
""Já ouvi muitos treinadores comentarem na televisão que não tenho liderança. Se fosse fácil chegar a seleção, eles estavam aqui. Não estariam comentando futebol na televisão", disse Cafu.



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