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FUTEBOL
Irritado com torcedores de Foz do Iguaçu, técnico da seleção diz que fechará os portões caso continuem as vaias
Luxemburgo faz ameaça de proibir torcida em treinos
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU
Irritado com a atitude da torcida
de Foz de Iguaçu (PR), o técnico
da seleção brasileira, Wanderley
Luxemburgo, decidiu ameaçar os
torcedores às vésperas da partida
contra o Paraguai, nesta terça-feira, em Assunção, pelas eliminatórias da Copa de 2002.
Ontem, Luxemburgo anunciou
que vai ""fechar os portões" nos
treinos, caso a torcida se manifeste contrária ao time.
""Se a torcida nos atrapalhar, vamos fechar os portões para conseguir trabalhar com a tranquilidade necessária", afirmou.
Nos dois treinos coletivos realizados na cidade, os torcedores de
Foz de Iguaçu não esconderam o
descontentamento com o futebol
da seleção.
Nas duas ocasiões, foram aplaudidas as jogadas dos atletas do Cataratas, que completaram a equipe reserva no treinamento, e vaiados os titulares da seleção brasileira nos lances errados.
Anteontem, um segurança da
seleção chegou até a tentar expulsar um torcedor que reclamou da
atuação do atacante França.
O torcedor se recusou a deixar o
estádio do ABC, onde são realizados os treinos, alegando que havia
pago R$ 5 para entrar no local.
Para tentar fechar os portões do
estádio, Luxemburgo mandou
proibir a cobrança dos ingressos
aos torcedores.
""Agora, vamos poder exigir o
comportamento do torcedor. Antes, eles pagavam, podiam exigir.
Com a entrada livre, a torcida terá
que se comportar ou não verá o
treino", disse o técnico.
A partida contra o Paraguai, na
terça-feira, poderá deflagrar a primeira crise na era Luxemburgo,
caso o time perca.
Até agora, a seleção ainda não
convenceu nas eliminatórias. Depois de quatro rodadas, o time está em segundo lugar na classificação, com oito pontos, quatro atrás
da líder Argentina.
Na última partida, a equipe foi
vaiada no estádio do Maracanã,
ao empatar com o Uruguai, por 1
a 1, no mês passado. O gol da seleção só foi marcado aos 40min do
segundo tempo.
O ataque da equipe ainda não
marcou um único gol na competição. Para a partida contra o Paraguai, Luxemburgo vai escalar a
quinta formação diferente do time em cinco jogos disputados nas
eliminatórias.
A ameaça do treinador é mais
um capítulo da sua conflituosa relação com os torcedores.
Antes do jogo contra o Uruguai,
ele também proibiu a entrada dos
torcedores na Granja Comary, em
Teresópolis, região serrana do Estado do Rio, onde o time se preparava para a partida. Depois, ele teve que recuar por determinação
dos administradores do condomínio em que fica localizada o
centro de treinamento.
Durante a partida, ele foi chamado de burro pelos torcedores
no Maracanã.
No início do ano, Luxemburgo
também proibiu a entrada dos
torcedores de Londrina (PR) nos
treinos da equipe na primeira fase
do Pré-Olímpico.
O lateral-direito Cafu, da Roma
(Itália), disse ontem que não está
preocupado com a torcida.
""Com vaias ou não, vou fazer o
meu. O importante é passar tranquilidade para os jogadores e não
para a torcida", disse o capitão da
seleção, que foi vaiado no último
jogo da equipe nas eliminatórias.
A ameaça de Luxemburgo preocupou os dirigentes do ABC, clube amador de Foz do Iguaçu, que
cede seu estádio para os treinamentos da seleção.
Segundo o presidente do ABC,
Ademir Flor, o clube gasta cerca
de R$ 1.000,00 por dia para a seleção treinar no local.
Ressentidos
Jogadores mais experientes da
seleção brasileira, como Cafu e o
lateral-esquerdo Roberto Carlos,
do Real Madrid (Espanha), decidiram responder ontem às críticas que vem sendo feitas ao time
nas eliminatórias.
""Quando ouço no rádio ou na
televisão as críticas ao nosso time
feitas por ex-jogadores, isso me
incomoda", disse Roberto Carlos.
""Já ouvi muitos treinadores comentarem na televisão que não
tenho liderança. Se fosse fácil chegar a seleção, eles estavam aqui.
Não estariam comentando futebol na televisão", disse Cafu.
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