São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
Irredutível, meia resiste a movimento dos jogadores contra sua aposentadoria após o final da Copa dos Campeões
São-paulinos tentam manter Raí na ativa

RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

O meia Raí, 35, enfrenta um movimento criado pelos jogadores do São Paulo para fazer com que ele desista de encerrar a carreira após a participação da equipe na Copa dos Campeões.
A decisão dele foi tomada na última segunda-feira. No dia seguinte, começou a mobilização dos companheiros do jogador, que por enquanto ignora o apelo.
"Eles falaram comigo informalmente. Pensei muito antes de tomar essa decisão e não vou voltar atrás", declarou Raí.
O primeiro a falar com o meia sobre a possibilidade de ele mudar de idéia foi o goleiro Rogério.
"Conversei com o Raí, mas ele parece estar decidido a parar", afirmou o goleiro.
O argumento de Rogério é a chance de Raí conquistar mais um título da Taça Libertadores. Isso poderá ocorrer se o São Paulo vencer a Copa dos Campeões e garantir uma vaga no principal torneio interclubes do continente.
"Estou sempre dizendo ao Raí que, se a gente vencer essa competição e se classificar para a Libertadores, ele vai prorrogar o contrato dele até o final de 2001."
Mas o argumento não parece seduzir o meia, bicampeão do torneio continental, em 1992 e 1993.
"Não vou mudar de idéia por causa da Libertadores, ainda mais porque teria que esperar até o ano que vem", afirmou Raí.
Antes da partida contra o Vitória, os jogadores se uniram para tentar convencer o meia.
"Depois da palestra feita pelo treinador, nós falamos ao Raí que venceríamos a Copa dos Campeões para convencê-lo", disse o meia-atacante Marcelinho.
Antes, o técnico Levir Culpi já havia prometido oferecer o título da competição ao jogador.
O treinador afirmou ter ficado emocionado ao saber que Raí assinou um contrato em branco para poder participar da Copa dos Campeões.
Apesar de manter a sua posição, o meia deverá ter uma nova conversa com os jogadores. "Se tivermos um novo contato, veremos como fica."
Numa prova de que está mesmo decidido a parar, Raí mostrou que já tem planos para quando estiver aposentado como atleta.
Antes de definir o seu futuro profissional, ele pensa em como gastar o tempo que terá livre.
"Dos 17 aos 35 anos quase não tive finais de semana de folga. Vou ficar afastado do futebol, mas, em compensação, terei mais tempo para aproveitar", disse.
Raí revelou que a rotina da vida de jogador, com treinos e jogos seguidos, teve influência na sua decisão de parar.
Ao anunciar a sua retirada, o meia havia dito ainda estar motivado, mas com medo de perder a vontade de jogar durante um contrato mais longo.
"A rotina não foi fundamental na minha decisão, mas é uma coisa que vai cansando", desabafou.
Por enquanto, a única certeza de Raí é que ele irá se dedicar mais à Fundação Gol de Letra, que mantém em conjunto com o meia Leonardo, do Milan, da Itália.
Caso não altere os seus planos, o principal ídolo da torcida são-paulina poderá fazer o seu último jogo válido por um campeonato amanhã, se a equipe perder para o Vitória, em João Pessoa, e for eliminada na primeira fase.
Após o torneio, Raí ainda deverá disputar uma partida amistosa para marcar o encerramento de sua carreira. "Faremos um amistoso, mas ainda não definimos a data e o adversário", disse Paulo Amaral, presidente do São Paulo.


Texto Anterior: Futebol: Luxemburgo faz ameaça de proibir torcida em treinos
Próximo Texto: Diretoria do clube convence Culpi a ficar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.