São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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Técnico acerta com Cruzeiro por R$ 150 mil e já tenta ponte para a seleção

Luxemburgo dobra salário em dois dias

Fernando Santos/Folha Imagem
O técnico Wanderley Luxemburgo, durante a entrevista em que anunciou sua saída do Palmeiras


EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em apenas dois dias, Wanderley Luxemburgo, 50, dobrou seu salário e recuperou status. Ontem, com sua saída do Palmeiras e o acerto com o Cruzeiro, voltou a ser o mais bem remunerado técnico do país e nome forte para assumir a seleção brasileira.
Em meio à crise que assola o futebol brasileiro, em que a regra básica se tornou a contenção de gastos, o treinador virou uma exceção. Conseguiu fazer um contrato de R$ 150 mil mensais, pouco mais da metade do que ganhava no Palmeiras (R$ 72,5 mil).
Além do incremento em seus vencimentos, o técnico, muito amigo do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, espera fazer do Cruzeiro uma ponte para voltar à seleção brasileira. Na nova comissão técnica de Luxemburgo, estará Marcos Moura Teixeira, primo do presidente da CBF, e que já trabalhou com o treinador no Corinthians e na seleção brasileira.
"Eu não preciso, com o meu currículo, do Cruzeiro para chegar à seleção", desconversou o técnico, que será apresentado amanhã aos cruzeirenses.
A negociação que o tirou do Palmeiras, um dia antes da partida entre as duas equipes pelo Brasileiro, durou poucas horas.
Anteontem à noite, o técnico se reuniu em São Paulo com o vice-presidente da equipe mineira, Alvimar Perrella, que, além do alto salário, lhe ofereceu a oportunidade de comandar todas as categorias do futebol do clube.
Luxemburgo não pensou duas vezes em aceitar a oferta.
"Nossa oferta foi muito boa. Precisávamos de um técnico de pulso porque fomos à lona", afirmou o diretor de comunicação cruzeirense, Valdir Barbosa.
Em seus oito meses de Palmeiras, Luxemburgo colecionou inimigos, como o diretor de futebol Sebastião Lapola e até o presidente Mustafá Contursi.
Reclamou de falta de apoio da diretoria a seu trabalho e queria um aumento salarial, que não foi dado por Contursi. A pedido do próprio Luxemburgo, empresários chegaram a oferecê-lo para o São Paulo e para o Cruzeiro.
Além do salário, o treinador não estava satisfeito com a demora da diretoria em contratar reforços experientes. Reservadamente, comentava que Mustafá Contursi atrapalhava seu trabalho.
Primeiro, porque não aceitou a oferta de Romário, que se ofereceu para defender o clube. Depois, porque os reforços pedidos, como Zinho e Dodô, só foram contratados às vésperas do início do Brasileiro. "Saio sem mágoas, mas vocês [jornalistas] sabem o que aconteceu aqui", disse o técnico, que assinou compromisso com o Cruzeiro até o final de 2003.
O anúncio da saída de Luxemburgo, que tinha contrato com o Palmeiras até o final do ano, pegou os dirigentes palmeirenses de surpresa. "Nós não esperávamos por isso [o pedido de demissão]", disse Lapola, que foi avisado pelo treinador ontem à tarde no CT.
Luxemburgo foi a quarta opção da diretoria cruzeirense, que, antes de fazer o convite ao técnico, tentou contratar Luiz Felipe Scolari, Leão e Jair Picerni. Porém todos recusaram.
Luxemburgo quase foi para o time mineiro no ano passado, quando dirigia a equipe do Corinthians. Insatisfeito com a não-contratação de reforços experientes para comandar a reformulação proposta por ele, o técnico pediu demissão do cargo e se ofereceu para treinar o Cruzeiro.
Foi demovido da idéia de deixar o clube pelo presidente corintiano, Alberto Dualib, e recebeu um aumento salarial para permanecer no Parque São Jorge.


Colaborou Fernando Mello, do Painel FC



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