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FUTEBOL
Só 5 dos 26 times do Nacional têm o mesmo comando nesta temporada
Dança de técnicos no ano atinge 81% da elite da bola
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um contrato, uma multa ou a
palavra. Nada disso é capaz para
que clubes e treinadores brasileiros cumpram o combinado.
Com a saída de Wanderley Luxemburgo do Palmeiras, nada
menos do que 21 dos 26 times que
disputam o Nacional-2002, ou
81% do total, contam hoje com
um técnico diferente do que tinham no início da temporada.
A situação atual é muito mais
instável que a realidade do país
nos últimos anos. Em 1999, por
exemplo, "apenas" 50% dos times
que iniciaram a disputa do Brasileiro daquele ano alinhavam treinadores que não tinham iniciado
a temporada no mesmo emprego.
Dessa forma, o tempo de permanência dos técnicos nos clubes
despencou. Na média, cada comandante das equipes do Nacional está no cargo há 4,7 meses. Em
1999, esse índice, no início da
competição, era de 7,5 meses.
Nada menos do que oito times
que jogam a mais importante
competição do país apresentaram
seus treinadores com menos de
um mês para o início do certame.
O Guarani, mesmo sem compromissos oficiais nos últimos quatro
meses, dispensou Zé Mário e
trouxe Jair Picerni restando apenas uma semana para o início do
Campeonato Nacional.
Se na maioria dos casos a responsabilidade pela quebra de
contratos ainda é dos clubes, em
alguns outros foi o treinador que
deixou o "time na mão".
Antes de Luxemburgo, foi a vez
de Marco Aurélio fazer isso. Ele
recebeu uma proposta do japonês
Kashiwa Reysol e não pensou
muito para aceitá-la e deixar o
Cruzeiro, que agora foi buscar o
ex-técnico palmeirense.
Sem poupar ninguém
A já famosa dança dos treinadores atingiu até famosas "ilhas de
tranquilidade" do conturbado futebol brasileiro.
É o caso, por exemplo, do São
Paulo. Mesmo com o time nas semifinais do Torneio Rio-SP e da
Copa do Brasil, a diretoria eleita
em abril já anunciava os planos
para trocar Nelsinho, o que acabou acontecendo -o time do
Morumbi hoje conta com Oswaldo de Oliveira no comando.
A direção do São Caetano também preferiu trocar a continuidade para aposentar a fama de "eterno" vice-campeão que o clube ganhou nos últimos dois anos.
Depois de perder a final da Libertadores, o clube do ABC trocou Jair Picerni, que estava na
equipe desde 2000, por Mário Sérgio, famoso por passagens curtas
pelos times que já dirigiu.
Nenhum dos quatro semifinalistas do Brasileiro-2001 conta hoje com o mesmo comando. Além
do São Caetano, o Atlético-PR
dispensou Geninho, o mesmo
que fizeram Atlético-MG e Fluminense com, respectivamente, Levir Culpi e Oswaldo de Oliveira.
O que acontece com os clubes
brasileiros também ocorre na seleção do país. Com a opção de
Luiz Felipe Scolari de deixar o emprego, o time nacional pode ter
seu quinto técnico diferente em
menos de três anos.
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