São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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FUTEBOL

Só 5 dos 26 times do Nacional têm o mesmo comando nesta temporada

Dança de técnicos no ano atinge 81% da elite da bola

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um contrato, uma multa ou a palavra. Nada disso é capaz para que clubes e treinadores brasileiros cumpram o combinado.
Com a saída de Wanderley Luxemburgo do Palmeiras, nada menos do que 21 dos 26 times que disputam o Nacional-2002, ou 81% do total, contam hoje com um técnico diferente do que tinham no início da temporada.
A situação atual é muito mais instável que a realidade do país nos últimos anos. Em 1999, por exemplo, "apenas" 50% dos times que iniciaram a disputa do Brasileiro daquele ano alinhavam treinadores que não tinham iniciado a temporada no mesmo emprego.
Dessa forma, o tempo de permanência dos técnicos nos clubes despencou. Na média, cada comandante das equipes do Nacional está no cargo há 4,7 meses. Em 1999, esse índice, no início da competição, era de 7,5 meses.
Nada menos do que oito times que jogam a mais importante competição do país apresentaram seus treinadores com menos de um mês para o início do certame. O Guarani, mesmo sem compromissos oficiais nos últimos quatro meses, dispensou Zé Mário e trouxe Jair Picerni restando apenas uma semana para o início do Campeonato Nacional.
Se na maioria dos casos a responsabilidade pela quebra de contratos ainda é dos clubes, em alguns outros foi o treinador que deixou o "time na mão".
Antes de Luxemburgo, foi a vez de Marco Aurélio fazer isso. Ele recebeu uma proposta do japonês Kashiwa Reysol e não pensou muito para aceitá-la e deixar o Cruzeiro, que agora foi buscar o ex-técnico palmeirense.

Sem poupar ninguém
A já famosa dança dos treinadores atingiu até famosas "ilhas de tranquilidade" do conturbado futebol brasileiro.
É o caso, por exemplo, do São Paulo. Mesmo com o time nas semifinais do Torneio Rio-SP e da Copa do Brasil, a diretoria eleita em abril já anunciava os planos para trocar Nelsinho, o que acabou acontecendo -o time do Morumbi hoje conta com Oswaldo de Oliveira no comando.
A direção do São Caetano também preferiu trocar a continuidade para aposentar a fama de "eterno" vice-campeão que o clube ganhou nos últimos dois anos.
Depois de perder a final da Libertadores, o clube do ABC trocou Jair Picerni, que estava na equipe desde 2000, por Mário Sérgio, famoso por passagens curtas pelos times que já dirigiu.
Nenhum dos quatro semifinalistas do Brasileiro-2001 conta hoje com o mesmo comando. Além do São Caetano, o Atlético-PR dispensou Geninho, o mesmo que fizeram Atlético-MG e Fluminense com, respectivamente, Levir Culpi e Oswaldo de Oliveira.
O que acontece com os clubes brasileiros também ocorre na seleção do país. Com a opção de Luiz Felipe Scolari de deixar o emprego, o time nacional pode ter seu quinto técnico diferente em menos de três anos.



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