São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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TÊNIS

De um jeito ou de outro

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Às segundas-feiras, desde 1973, a ATP divulga uma lista com a pontuação de todos os tenistas do circuito profissional. Aparece desde o líder do ranking, o número um do mundo, até aquele jovem tenista que conseguiu entrar em um torneio com um wild card e somou seu primeiro ponto, completando a posição 1.412, por exemplo.
Na lista dos tenistas que já ocuparam a ponta desse ranking, os nomes dos melhores: Ivan Lendl, Jimmy Connors, John McEnroe, Bjorn Borg, Andre Agassi, Stefan Edberg, Jim Courier, Ilie Nastase, Mats Wilander, Boris Becker...
Na ponta de cima dessa seleta lista, Pete Sampras, 286 segundas-feiras anunciado como o melhor do mundo. Na outra ponta, Patrick Rafter, que sentiu por uma semana apenas o gosto de ser o número um.
Sampras não foi número um à toa. Disciplinado, disposto a pagar o preço por tal façanha, dedicou todos os dias de sua vida aos treinos, à preparação, ao planejamento, aos patrocinadores, aos torneios, ao tênis.
"A maioria dos caras da minha idade ainda está pensando no que fazer, escolhendo uma profissão ou engatando um namoro ou casamento. Eu já sei que sou tenista, e o tênis consome todo o meu tempo", disse Sampras certa vez, workaholic, sério, mas entusiasmado com essa vida.
"Para ser número um, você só precisa de um bom jogo. Para seguir como como número um, você precisa, além do jogo, de uma excelente cabeça e de um grande coração. Muitos tenistas chegam a número um e perdem o jogo, a cabeça ou mesmo o coração, a vontade de continuar como número um. Por isso eles caem."
Hoje, Sampras garante ainda ter cabeça e coração. Falta-lhe, então, jogo para voltar ao topo.
Rafter também não foi número um por acidente. Com um jogo ofensivo, de muita intensidade, ganhando torneio atrás de torneio, chegou lá. Jamais, porém, abriu mão da vida pessoal, dos namoros, das viagens de férias, da família, das praias...
Treinar entre uma competição e outra? Talvez... Melhor era voltar para casa, nas ilhas Bermudas, onde está vivendo desde que decidiu não mais jogar, há um ano. "Por mais tempo que fique aqui, não consigo me entediar."
"Esse marzão, o vento, poder ficar descalço, só de shorts, óculos escuros... Eu sou tão feliz assim como era como número um do ranking mundial", relatou Rafter a uma jornalista inglesa.
"Ser número um era ótimo, sem dúvida. Mas poder tirar uma onda de Sampras por ser o número um do ranking era melhor ainda", disse, descontraidamente.
Por aqui, em Florianópolis, está um outro ex-número um do ranking mundial. Em seu momento mais angustiante desde 1997, Gustavo Kuerten segue treinando. Como Sampras, tem um talento e uma vontade de voltar a vencer fora de série. Como Rafter, tem um desprendimento e um apego indisfarçado aos prazeres da vida pessoal.
Às vezes, Kuerten dá a impressão de que, como Sampras, treina dia e noite para voltar ao topo, dominar o circuito. Outras vezes, porém, parece triste em quadra, sem ânimo para levantar a raquete, tão ansioso por encontrar seus "velhos" nas areias da praia Mole, à la Rafter. Antes de fazer a bola entrar na quadra, convém Kuerten decidir que caminho seguir. E, depois, ser feliz.

Conquista em Gramado
Julio Silva conquistou no domingo seu primeiro título profissional. Depois de parar Ricardo Mello nas semifinais, derrotou o peruano Ivan Miranda e ganhou torneio challenger no Rio Grande do Sul.

Novatos em São Paulo
Em São Paulo, no Esporte Clube Pinheiros, vai rolar o primeiro torneio future deste ano no Brasil. São boas partidas, com uma garotada dando seus primeiros passos no profissionalismo. Os jogos rolam de manhã e à tarde. Com entrada franca.

Juvenis no Rio de Janeiro
Rola nesta semana a terceira etapa do Circuito Juvenil Banco do Brasil. Mais de 200 jovens aspirantes a tenistas de 16 Estados disputam a competição no Novo Rio Country Clube, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio. A etapa é importantíssima para definir os classificados para o Masters.

E-mail reandaku@uol.com.br



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