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TÊNIS
De um jeito ou de outro
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Às segundas-feiras, desde
1973, a ATP divulga uma lista com a pontuação de todos os
tenistas do circuito profissional.
Aparece desde o líder do ranking,
o número um do mundo, até
aquele jovem tenista que conseguiu entrar em um torneio com
um wild card e somou seu primeiro ponto, completando a posição
1.412, por exemplo.
Na lista dos tenistas que já ocuparam a ponta desse ranking, os
nomes dos melhores: Ivan Lendl,
Jimmy Connors, John McEnroe,
Bjorn Borg, Andre Agassi, Stefan
Edberg, Jim Courier, Ilie Nastase,
Mats Wilander, Boris Becker...
Na ponta de cima dessa seleta
lista, Pete Sampras, 286 segundas-feiras anunciado como o melhor do mundo. Na outra ponta,
Patrick Rafter, que sentiu por
uma semana apenas o gosto de
ser o número um.
Sampras não foi número um à
toa. Disciplinado, disposto a pagar o preço por tal façanha, dedicou todos os dias de sua vida aos
treinos, à preparação, ao planejamento, aos patrocinadores, aos
torneios, ao tênis.
"A maioria dos caras da minha
idade ainda está pensando no
que fazer, escolhendo uma profissão ou engatando um namoro ou
casamento. Eu já sei que sou tenista, e o tênis consome todo o
meu tempo", disse Sampras certa
vez, workaholic, sério, mas entusiasmado com essa vida.
"Para ser número um, você só
precisa de um bom jogo. Para seguir como como número um, você
precisa, além do jogo, de uma excelente cabeça e de um grande coração. Muitos tenistas chegam a
número um e perdem o jogo, a cabeça ou mesmo o coração, a vontade de continuar como número
um. Por isso eles caem."
Hoje, Sampras garante ainda
ter cabeça e coração. Falta-lhe,
então, jogo para voltar ao topo.
Rafter também não foi número
um por acidente. Com um jogo
ofensivo, de muita intensidade,
ganhando torneio atrás de torneio, chegou lá. Jamais, porém,
abriu mão da vida pessoal, dos
namoros, das viagens de férias, da
família, das praias...
Treinar entre uma competição
e outra? Talvez... Melhor era voltar para casa, nas ilhas Bermudas, onde está vivendo desde que
decidiu não mais jogar, há um
ano. "Por mais tempo que fique
aqui, não consigo me entediar."
"Esse marzão, o vento, poder ficar descalço, só de shorts, óculos
escuros... Eu sou tão feliz assim
como era como número um do
ranking mundial", relatou Rafter
a uma jornalista inglesa.
"Ser número um era ótimo, sem
dúvida. Mas poder tirar uma onda de Sampras por ser o número
um do ranking era melhor ainda", disse, descontraidamente.
Por aqui, em Florianópolis, está
um outro ex-número um do ranking mundial. Em seu momento
mais angustiante desde 1997,
Gustavo Kuerten segue treinando. Como Sampras, tem um talento e uma vontade de voltar a
vencer fora de série. Como Rafter,
tem um desprendimento e um
apego indisfarçado aos prazeres
da vida pessoal.
Às vezes, Kuerten dá a impressão de que, como Sampras, treina
dia e noite para voltar ao topo,
dominar o circuito. Outras vezes,
porém, parece triste em quadra,
sem ânimo para levantar a raquete, tão ansioso por encontrar
seus "velhos" nas areias da praia
Mole, à la Rafter. Antes de fazer a
bola entrar na quadra, convém
Kuerten decidir que caminho seguir. E, depois, ser feliz.
Conquista em Gramado
Julio Silva conquistou no domingo seu primeiro título profissional.
Depois de parar Ricardo Mello nas semifinais, derrotou o peruano
Ivan Miranda e ganhou torneio challenger no Rio Grande do Sul.
Novatos em São Paulo
Em São Paulo, no Esporte Clube Pinheiros, vai rolar o primeiro
torneio future deste ano no Brasil. São boas partidas, com uma garotada dando seus primeiros passos no profissionalismo. Os jogos
rolam de manhã e à tarde. Com entrada franca.
Juvenis no Rio de Janeiro
Rola nesta semana a terceira etapa do Circuito Juvenil Banco do
Brasil. Mais de 200 jovens aspirantes a tenistas de 16 Estados disputam a competição no Novo Rio Country Clube, no Recreio dos
Bandeirantes, no Rio. A etapa é importantíssima para definir os
classificados para o Masters.
E-mail reandaku@uol.com.br
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