São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2011 |
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Precariedade pós-guerra desafia Zico IRAQUE No Oriente Médio, técnico encara estrutura 'zero' por Copa-14 MORRIS KACHANI DE SÃO PAULO Ao assumir o comando da seleção iraquiana há quase um mês, o ex-jogador e treinador Zico já tinha alguma noção das dificuldades que o aguardavam. Mas nunca imaginou que elas seriam tantas. Uma infraestrutura que considera "zero", com campos de treinamento que lembram a várzea. Uma torcida dividida entre curdos que aspiram a independência e iraquianos federalistas, além de desavenças religiosas entre os próprios jogadores. No dia 2, pelas eliminatórias da Copa-2014, Zico estreou com derrota de 2 a 0 para a Jordânia em Arbil, região autônoma do Curdistão iraquiano. No dia 6, venceu Cingapura, fora, por 2 a 0. "Não perdi a motivação, a vontade de passar as coisas que aprendi e vivenciei", explicou, em entrevista coletiva ontem em São Paulo. "Meu objetivo é a Copa no Brasil, é classificar e ter uma [torcida] 'Fla-Iraque' aqui." Após a entrevista coletiva, Zico conversou com a Folha. Folha - Que tal a infraestrutura iraquiana? Zico - Em Arbil, onde jogamos, não existe. Tem um hotel bom, mas não tem lugar para fazer musculação. Os campos são muito ruins. E o estádio está em péssimas condições, não sei como a Fifa permitiu um jogo oficial lá. Bagdá é melhor? O povo é apaixonado por futebol. Bagdá sempre foi o centro, e a federação quer que os jogos voltem para lá. Sonham com um amistoso contra o Brasil. Achei a ideia boa. O Brasil já jogou no Haiti, por que não no Iraque? Nosso futebol é um catalisador na união dos povos. E a questão da segurança? Em qualquer lugar, você está sujeito a problemas. No Rio, todo mundo fala que "acontece na favela mas não na cidade". Mas sabemos que pode acontecer na cidade. O grande problema em Bagdá seria com os homens-bomba, é perigo real. No mais, normal. E devo morar em Arbil. Tem campeonato nacional? O campeonato é amador. Tudo está recomeçando do zero. Não tem investimento. O dirigente que me contratou é um ex-jogador exilado que assumiu há três meses. E a seleção? Os iraquianos têm uma matéria-prima muito boa. Esta geração está um pouco envelhecida, mas é boa. A religião interfere no futebol? Às vésperas dos meus primeiros jogos, estávamos no Ramadã (mês sagrado do Islã), e metade dos jogadores não comia de dia. Por isso eu só dava um treino leve, das 17h às 18h30. Outro exemplo, no jogo em Arbil: parte dos curdos foram ao estádio para torcer contra. Na própria seleção, há problema com jogadores de religiões diferentes. Tenho que contornar isso tudo. E é só o começo. Texto Anterior: Brasil anima a Europa com gols Próximo Texto: Palmeiras: Presidente vai a treino para apoiar jogadores e Scolari Índice | Comunicar Erros |
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