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Como ganhar no futebol de hoje (final)
MATINAS SUZUKI JR.
da Equipe de Articulistas
Como vimos na semana passada, a segunda grande revolução
do futebol contemporâneo foi a
da constituição dos times como
empresas. Quando se fala em time
como empresa, não importa tanto
em qual modalidade ele se encaixa (patrocínio, parceria, empresa
ou sociedade com capital aberto
em Bolsas de Valores).
O fundamental é que haja uma
gestão empresarial moderna, profissionalizada, voltada à inserção
do futebol na indústria do entretenimento (embora, em alguns
países, como o Brasil, o futebol seja mais do que entretenimento),
na qual é uma das mídias mais
importantes e com capacidade de
captar tantos recursos quanto os
necessários para financiar a longa
e caríssima série de atividades de
que um time, para ser competitivo
no cenário atual, necessita.
Graças a essa mudança de mentalidade o futebol hoje gera negócios como nunca gerou anteriormente e chega ao final do milênio
como a atividade esportiva mais
atrativa e com amplas chances de
atravessar mais um longo período
como o esporte mais praticado,
mais assistido, mais falado e mais
noticiado em todo o mundo.
Para o bem e para o mal (também há muitos desvios de natureza quando o futebol se entrega totalmente ao marketing), o futebol
se tornou uma atividade que gera
muito dinheiro, mas que, por outro lado, exige também muito investimento de um time que deseja
obter uma posição de destaque.
Como esta longa série de artigos
publicados às quintas-feiras procurou mostrar, ainda que de forma rápida, os pontos mais importantes, sem se aprofundar muito
em nenhum deles, o futebol é uma
atividade cada vez mais científica, tecnológica, planejada e mercadológica, envolvendo toda uma
ampla estrutura que precisa cuidar dos aspectos de preparação física e psicológica em detalhes e em
profundidade, da construção do
time e dos jogadores, do conhecimento de táticas e estratégias de
jogo, do estudo dos adversários,
da análise de scouts e estatísticas,
da adequada gestão financeira.
Enfim, o futebol se tornou uma
atividade complexa, que exclui,
cada vez mais, os amadores. Infelizmente, como todo movimento
da economia contemporânea, tornou-se também concentrador de
poder em poucos times cada vez
mais ricos. Os jogadores mais talentosos, hoje, são como os grandes atores de Hollywood: são os
atrativos principais para o público de uma indústria que fica mais
e mais complicada e poderosa.
Também como as estrelas do cinema, tornaram-se ídolos e modelos de projeção para toda sociedade, sendo alvos preferenciais
da mídia, participando de modismos, do mundo dos agentes e dos
contratos publicitários, dividindo
os maiores salários do mundo.
Em compensação, hoje em dia
também, os jogadores têm mais
preparo físico, correm mais e têm
mais funções em campo e, de uma
maneira geral, são obrigados a
ser mais completos.
Procurei, ao longo da série, dar
uma visão geral das implicações
que um projeto para participar
com sucesso do futebol profissional de hoje demanda. Alguns
pontos mereciam maior aprofundamento, outros ficaram sem ser
mencionados, mas o assunto já ficou longo demais para os padrões
do bom jornalismo diário.
Gostaria de pedir permissão aos
eventuais leitores para dedicar esta série de artigos ao homem que
me levou pela primeira vez a um
estádio de futebol, em Barretos.
Para mim, ele se foi muito cedo.
As colunas anteriores da série "Como ganhar
no futebol de hoje" podem ser lidas no site
www.uol.com.br/esporte/matinas/.
Matinas Suzuki Jr. escreve às quartas e é diretor editorial-adjunto da Abril S.A.
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