São Paulo, Quinta-feira, 14 de Outubro de 1999
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Como ganhar no futebol de hoje (final)


MATINAS SUZUKI JR.
da Equipe de Articulistas

Como vimos na semana passada, a segunda grande revolução do futebol contemporâneo foi a da constituição dos times como empresas. Quando se fala em time como empresa, não importa tanto em qual modalidade ele se encaixa (patrocínio, parceria, empresa ou sociedade com capital aberto em Bolsas de Valores).
O fundamental é que haja uma gestão empresarial moderna, profissionalizada, voltada à inserção do futebol na indústria do entretenimento (embora, em alguns países, como o Brasil, o futebol seja mais do que entretenimento), na qual é uma das mídias mais importantes e com capacidade de captar tantos recursos quanto os necessários para financiar a longa e caríssima série de atividades de que um time, para ser competitivo no cenário atual, necessita.
Graças a essa mudança de mentalidade o futebol hoje gera negócios como nunca gerou anteriormente e chega ao final do milênio como a atividade esportiva mais atrativa e com amplas chances de atravessar mais um longo período como o esporte mais praticado, mais assistido, mais falado e mais noticiado em todo o mundo.
Para o bem e para o mal (também há muitos desvios de natureza quando o futebol se entrega totalmente ao marketing), o futebol se tornou uma atividade que gera muito dinheiro, mas que, por outro lado, exige também muito investimento de um time que deseja obter uma posição de destaque.
Como esta longa série de artigos publicados às quintas-feiras procurou mostrar, ainda que de forma rápida, os pontos mais importantes, sem se aprofundar muito em nenhum deles, o futebol é uma atividade cada vez mais científica, tecnológica, planejada e mercadológica, envolvendo toda uma ampla estrutura que precisa cuidar dos aspectos de preparação física e psicológica em detalhes e em profundidade, da construção do time e dos jogadores, do conhecimento de táticas e estratégias de jogo, do estudo dos adversários, da análise de scouts e estatísticas, da adequada gestão financeira.
Enfim, o futebol se tornou uma atividade complexa, que exclui, cada vez mais, os amadores. Infelizmente, como todo movimento da economia contemporânea, tornou-se também concentrador de poder em poucos times cada vez mais ricos. Os jogadores mais talentosos, hoje, são como os grandes atores de Hollywood: são os atrativos principais para o público de uma indústria que fica mais e mais complicada e poderosa.
Também como as estrelas do cinema, tornaram-se ídolos e modelos de projeção para toda sociedade, sendo alvos preferenciais da mídia, participando de modismos, do mundo dos agentes e dos contratos publicitários, dividindo os maiores salários do mundo.
Em compensação, hoje em dia também, os jogadores têm mais preparo físico, correm mais e têm mais funções em campo e, de uma maneira geral, são obrigados a ser mais completos.
Procurei, ao longo da série, dar uma visão geral das implicações que um projeto para participar com sucesso do futebol profissional de hoje demanda. Alguns pontos mereciam maior aprofundamento, outros ficaram sem ser mencionados, mas o assunto já ficou longo demais para os padrões do bom jornalismo diário.
Gostaria de pedir permissão aos eventuais leitores para dedicar esta série de artigos ao homem que me levou pela primeira vez a um estádio de futebol, em Barretos. Para mim, ele se foi muito cedo.


As colunas anteriores da série "Como ganhar no futebol de hoje" podem ser lidas no site www.uol.com.br/esporte/matinas/.

Matinas Suzuki Jr. escreve às quartas e é diretor editorial-adjunto da Abril S.A.


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