São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A Copa do Mundo todo

Associated Press
Chinês torce por sua seleção nas eliminatórias


Em 2002, competição tem seu recorde de diversidade racial e religiosa

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Após 72 anos confinada ao mundo ocidental, a Copa do Mundo chega no ano que vem ao Japão e à Coréia do Sul com perfil racial e religioso inédito.
Com a definição de 21 seleções já classificadas e do encaminhamento do resto das eliminatórias, o rosto europeu, branco e cristão da mais popular competição esportiva do planeta definitivamente virou coisa do passado, como na primeira edição, disputada em 1930, no Uruguai, apenas com equipes européias e suas ex-colônias da América.
No primeiro Mundial da história disputado no Oriente, europeus e americanos serão, no máximo, 62% dos inscritos, ou até 56% em caso de fracassos de seus representantes na repescagem.
Na torcida, porém, europeus e seus descendentes de pele clara serão minoria pela primeira vez na história das Copas do Mundo.
Dos cerca de 3 bilhões de habitantes do planeta que terão suas nações disputando a competição, por volta de 1,6 bilhão será de países com população majoritariamente negra ou amarela.
Outros 200 milhões poderão ter a pele escura de países do Oriente Médio, do Norte da África ou até mesmo da européia Turquia, que ainda precisa ganhar sua vaga na repescagem regional.
A revolução no perfil da Copa, competição que nasceu 100% cristã, vai alcançar no ano que vem também o lado religioso.
Depois que a China garantiu sua classificação, os cristãos também serão minoria. No próximo ano, estarão na Copa muçulmanos da Nigéria, do Senegal, da Tunísia, provavelmente do Irã e da Turquia e talvez da Arábia Saudita.
Religiões africanas, majoritárias em Camarões, também entrarão na disputa. Do Oriente, com China, Coréia do Sul e Japão garantidos, irão aparecer o budismo, o xintoísmo e o confucionismo.
Os judeus, caso Israel ganhe a vaga, também podem ajudar a engrossar o caldo multirreligioso que será a próxima Copa.
No total, o Mundial do próximo ano pode ter 11 países em que a população cristã não é maioria, recorde de todos os tempos.
Essa situação, entretanto, não vai abrir privilégios para, por exemplo, os muçulmanos, que têm a sexta-feira como dia sagrado. Caso a tabela marque partidas desses países para esse dia da semana, nada será alterado.
A inédita amplitude de perfis obriga os organizadores também a repensar um lado mais do que nunca importante: a segurança.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Futebol: Diversidade chega junto com terrorismo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.