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"A maconha fechou portas", diz Jura
MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A favor da diferenciação das punições para o doping social e o doping de performance, o lateral-direito Jura, 30, afirma estar pagando até hoje pelo problema que viveu no Campeonato Paulista de
1999, quando seu exame deu positivo para o uso de maconha.
Ele defendia a Inter de Limeira
na primeira divisão do Estadual.
Atualmente, joga no XV de Piracicaba, que está na Série B do Brasileiro, mas no Paulista disputa a
terceira divisão.
"A maconha fechou as minhas
portas. Todo mundo reconhece
que meu nível é de divisão de elite,
mas, na hora de me contratar, desistem quando vão pedir informações aos meus ex-clubes e ficam sabendo do doping. Com a
carência de laterais no Brasil, tenho despertado interesse em vários clubes, mas estou sendo punido por um ato do passado",
afirma, jurando arrependimento.
Ele chegou, por exemplo, a integrar uma lista de reforços pretendidos pelo Corinthians, indicado
pelo atacante Dinei, também envolvido em caso de doping, mas
por cocaína.
Elogiado pelos dirigentes do XV
de Piracicaba, que se vêem beneficiados pelo episódio -uma vez
que, em crise financeira, dificilmente o clube teria condições de
contratar um jogador do seu nível-, Jura admite que usou maconha 15 dias antes do jogo em
que ocorreu o flagrante -no dia
13 de fevereiro daquele ano, contra o Rio Branco.
"Não imaginei que fosse doping. Afinal, não fumei maconha
para subir de rendimento no jogo.
Aliás, com essa droga você fica
mais sonolento, mais devagar em
campo. O rendimento de quem
fuma diminui. Por isso, não acho
justo ser punido como se tivesse
usado algo para ficar mais forte e
ágil", argumenta ele.
Na época, o lateral afirma que
foi abandonado pela Inter de Limeira. "O clube nem sequer pagou o meu salário depois que
ocorreu o problema. E justo na
hora que a gente mais precisa de
ajuda", afirma ele.
O diretor de marketing da Inter
de Limeira, José Roberto Soares,
nega que tenha havido um abandono por parte do clube.
"O Jura teve todo o apoio necessário. Ele está sendo ingrato. A Inter pagou um excelente advogado
para defendê-lo. Demos todo
apoio jurídico e moral. Só paramos de pagar o seu salário quando o contrato foi cancelado, posteriormente, após o Jura ter sido
julgado e condenado", declara.
Na época, ele teve de cumprir
uma suspensão de 120 dias, conforme pena aplicada pelo Tribunal de Justiça Desportiva.
Jura frequentou um centro de
recuperação de viciados em São
Paulo, o mesmo de Dinei, e afirma que nunca mais usou droga
nenhuma.
Agora, diz que pensa apenas em
sua carreira e em ajudar a sua família. Ainda sonha em voltar a ser
ídolo em um time grande antes de
se aposentar.
"Tive raras chances de me expressar na época, mas o importante é que, para mim, dei a volta
por cima. Estou em paz comigo e
com a minha família. E ainda
acredito em voltar para a primeira
divisão", afirma o lateral.
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