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JUDÔ
Formato do torneio permite que atletas disputem medalha fora de seu peso
Com nova regra, Mundial júnior revoluciona tatame
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de buscar no mínimo repetir o vice-campeonato geral
conquistado há dois anos em Jeju
(Coréia do Sul), a seleção brasileira que estréia hoje no Mundial júnior de Budapeste testará um novo formato com o qual a FIJ (Federação Internacional de Judô)
quer revolucionar a modalidade.
De acordo com a novidade, cada uma das sete categorias de peso não terá mais os medalhistas
decididos em um único dia.
Na Hungria, os judocas entrarão nos tatames por lugares nos
pódios -finais das repescagens,
decisões das chaves e finais-
dois dias depois de terem estreado, nas preliminares. Hoje e amanhã saem só os nomes que tentarão medalhas no final de semana.
Segundo a FIJ, a medida visa
"melhorar a apresentação do judô" e qualificar a arbitragem para
as finais, já que só serão escalados
sábado e domingo juízes que se
destacarem nas preliminares.
Entretanto, no Brasil a novidade
não foi bem recebida. "Os resultados no judô dependem de como o
atleta reage à seqüência das lutas.
Uma das imagens mais bonitas de
Atenas, o bronze conquistado pelo russo Dmitri Nossov com o
braço quebrado [na categoria até
81 kg], não será revista nesse formato", opinou o ex-campeão
olímpico Rogério Sampaio, técnico da equipe masculina, para
quem o modelo que será testado
"quebra o ritmo da competição".
Paulo Wanderley, presidente da
CBJ (Confederação Brasileira de
Judô), lembra que a FIJ costuma
usar o Mundial júnior -cujo limite de idade é 20 anos- como
"laboratório". Ele cita a introdução do "golden score", a "morte
súbita" do judô, como exemplo,
mas faz eco às críticas.
"O uso novo formato foi divulgado [nos Jogos] em Atenas e todos os técnicos foram contra.
Além de quebrar o ritmo dos judocas, esse modelo altera a regra
de pesagem", observa Wanderley.
Para o dirigente, aumentar para
além de 48 horas o intervalo entre
a pesagem e a definição do pódio
(que é de cerca de seis horas) pode
afetar o equilíbrio entre os rivais.
"O ideal seria repetir a pesagem
nas finais", opina o meio-leve titular em Atenas, Henrique Guimarães. "No dia seguinte às disputas no formato original, chego
a recuperar até quatro quilos", diz
o atleta, cujo acréscimo o deixa
mais perto do limite da categoria
leve (73 kg), que da sua (66 kg).
Procurado pela Folha, Juan
Barcos, espanhol diretor de arbitragem da FIJ e pai do novo regulamento, afirmou que as pesagens
só ocorrerão hoje e amanhã.
O meio-leve piauiense Benito
Mussolini, 17, encara o novo regulamento por seu lado positivo. "A
quebra de ritmo afetará a todos.
Pode me ajudar, atrapalhando os
rivais." É com esse otimismo que
ele luta amanhã para tentar repetir a trajetória de Leandro Guilheiro -ouro no Mundial júnior
de 2002 e bronze em Atenas.
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