São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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JUDÔ

Formato do torneio permite que atletas disputem medalha fora de seu peso

Com nova regra, Mundial júnior revoluciona tatame

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Além de buscar no mínimo repetir o vice-campeonato geral conquistado há dois anos em Jeju (Coréia do Sul), a seleção brasileira que estréia hoje no Mundial júnior de Budapeste testará um novo formato com o qual a FIJ (Federação Internacional de Judô) quer revolucionar a modalidade.
De acordo com a novidade, cada uma das sete categorias de peso não terá mais os medalhistas decididos em um único dia.
Na Hungria, os judocas entrarão nos tatames por lugares nos pódios -finais das repescagens, decisões das chaves e finais- dois dias depois de terem estreado, nas preliminares. Hoje e amanhã saem só os nomes que tentarão medalhas no final de semana.
Segundo a FIJ, a medida visa "melhorar a apresentação do judô" e qualificar a arbitragem para as finais, já que só serão escalados sábado e domingo juízes que se destacarem nas preliminares.
Entretanto, no Brasil a novidade não foi bem recebida. "Os resultados no judô dependem de como o atleta reage à seqüência das lutas. Uma das imagens mais bonitas de Atenas, o bronze conquistado pelo russo Dmitri Nossov com o braço quebrado [na categoria até 81 kg], não será revista nesse formato", opinou o ex-campeão olímpico Rogério Sampaio, técnico da equipe masculina, para quem o modelo que será testado "quebra o ritmo da competição".
Paulo Wanderley, presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), lembra que a FIJ costuma usar o Mundial júnior -cujo limite de idade é 20 anos- como "laboratório". Ele cita a introdução do "golden score", a "morte súbita" do judô, como exemplo, mas faz eco às críticas.
"O uso novo formato foi divulgado [nos Jogos] em Atenas e todos os técnicos foram contra. Além de quebrar o ritmo dos judocas, esse modelo altera a regra de pesagem", observa Wanderley.
Para o dirigente, aumentar para além de 48 horas o intervalo entre a pesagem e a definição do pódio (que é de cerca de seis horas) pode afetar o equilíbrio entre os rivais.
"O ideal seria repetir a pesagem nas finais", opina o meio-leve titular em Atenas, Henrique Guimarães. "No dia seguinte às disputas no formato original, chego a recuperar até quatro quilos", diz o atleta, cujo acréscimo o deixa mais perto do limite da categoria leve (73 kg), que da sua (66 kg).
Procurado pela Folha, Juan Barcos, espanhol diretor de arbitragem da FIJ e pai do novo regulamento, afirmou que as pesagens só ocorrerão hoje e amanhã.
O meio-leve piauiense Benito Mussolini, 17, encara o novo regulamento por seu lado positivo. "A quebra de ritmo afetará a todos. Pode me ajudar, atrapalhando os rivais." É com esse otimismo que ele luta amanhã para tentar repetir a trajetória de Leandro Guilheiro -ouro no Mundial júnior de 2002 e bronze em Atenas.


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