São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 2005

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BASQUETE

Ainda sem clube, principal jogadora do país reclama de veto da CBB e não descarta atuar em time da liga de Oscar

"Corro risco de não ir à seleção", diz Janeth

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Janeth Arcain, principal jogadora de basquete país, ainda está sem clube. Figura fácil na WNBA nos últimos anos, não planejava atuar nos EUA em 2006 para poder se dedicar à seleção e ao Mundial no Brasil -o calendário da liga norte-americana invade o período do campeonato.
Agora, porém, poderá ficar fora do evento mesmo se atuar em casa. Janeth não fechou com nenhuma equipe e não descarta atuar na Nossa Liga de Basquetebol.
A confederação brasileira não reconhece a entidade de Oscar. Com isso, clubes e atletas que jogarem a competição paralela ficam impedidos de disputar os campeonatos da federação internacional. O mesmo acontece com os clubes que atuam na NLB.
"Estão confundindo as coisas. Atleta tem emprego. Não tem nada a ver com a decisão do clube", declara Janeth.
"Ainda não defini nada. Não é hora. Vou esperar as coisas acontecerem. Mas se coloque no meu lugar. Se um clube da liga me faz uma proposta, corro o risco de não ir à seleção. Amo defender o Brasil, quero ir ao Mundial, mas não posso ficar parada. A seleção ocupa só um período do ano. Quem vai pagar minhas contas?".
Janeth, 36, é uma das apoiadoras da NLB. Não tem cargo na entidade, mas ajuda na criação da Associação de Jogadores.
O clube que mantém (Associação Esporte Janeth Arcain), que conta com categorias de base, está inscrito na liga presidida pelo ex-ala Oscar. A entidade, por enquanto, organizará só torneios adultos, o que não impede os menores de serem convocados.
O campeonato masculino da NLB terá 18 equipes e começa em 25 de outubro. O feminino ainda não tem data marcada e contará com seis participantes.
"Eu acredito que a Nossa Liga possa vir a ser uma grande liga. Aliás, gosto e apóio qualquer um que queira fazer o melhor para o basquete", afirma a jogadora.
Na avaliação da NLB, os atletas de suas competições poderiam ser convocados, já que continuam filiados às federações estaduais, subordinadas à confederação. Assim, estariam no Sistema Federal Desportivo, o que os tornaria vinculados legalmente à Fiba.
O argumento, porém, não deve ter força como base para nenhuma ação legal nas seleções na visão de Heraldo Panhoca, especializado em direito esportivo.
"Convocação é um ato subjetivo. Como provar que o atleta foi convocado por esse ou aquele motivo? A CBB também pode voltar atrás e dizer que vai sim convocar só os melhores. Como atestar o critério?", diz o advogado.
As primeiras convocações saem em meados do ano que vem.
Na apresentação do calendário dos clubes, o presidente Gerasime Bozikis, o Grego, afirmou que, se uma estrela estivesse na liga, iria lamentar a não-convocação.


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