São Paulo, Domingo, 14 de Novembro de 1999
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FUTEBOL NO MUNDO
Missão de paz

RODRIGO BUENO
A Fifa tem procurado passar a impressão nos últimos anos de que luta pela paz mundial.
Como tutora do futebol (modalidade tão popular que por vezes supera diferenças militares, religiosas, étnicas e tantas outras), tem atuado em todo o planeta bancando ser uma entidade mais pacificadora até que a própria ONU.
Agora, as atenções estão mais voltadas para israelenses e palestinos. Mas há pouco eram os países balcânicos, os africanos, as colônias em busca da independência, as nações desprezadas pela ONU e por aí vai.
Mas os interesses são muitos. O plano de expansão global do futebol, iniciado por João Havelange, foi o estopim para esse marketing da Fifa, que visa ampliar a multidão seguidora do esporte, catequizada (e lucrativa) como em qualquer seita, e firmar o futebol como o maior fenômeno social do século.
Tal marketing foi muito bem visto na partida entre EUA e Irã na Copa da França, partida que atraiu tanto que deve ter bis, agora em caráter ""amistoso".
Casualmente ou não, temos visto recentemente épicos confrontos nos campos, como o ótimo Croácia x Iugoslávia, pelas eliminatórias da Euro-2000, ou o nulo Etiópia x Eritréia, por um torneio seletivo africano.
A valorização do fair play nas competições da Fifa não pode ser criticada, mas a benevolência que tem sido passada pela entidade é, às vezes, hipócrita.
Por exemplo, a entidade sugeriu que a comunista e paupérrima Coréia do Norte abrigasse também jogos da próxima Copa do Mundo, na tentativa de reaproximá-la da vizinha do sul.
As aparições de novas federações e seleções, por mais inexpressivas que sejam, são vendidas como uma expansão da modalidade. Mas isso, na verdade, representa mais votos e poder ao presidente da Fifa.
No mundo do futebol, como na política ou na religião, um aperto de mão e um sorriso podem esconder outros objetivos.

Corte
A saída de Ronaldo da delegação brasileira da Austrália é obra do Comitê de Jogadores da Fifa, que contabilizou seis amistosos do atacante no ano (incluiu os dois em que ele foi chamado e não jogou).

Salvação
Não foi só o Brasileiro que sobreviveu. A Copa Mercosul foi salva com a eliminação de Palmeiras e Flamengo do torneio nacional. Os dois jogam pelas semifinais da Mercosul até 9 de dezembro e, se fizerem três jogos nas finais, atuam no dia 29.

Punição
A fama da Uefa de rigorosa é justa. Desde outubro, 12 equipes foram multadas na Europa por má conduta de torcedores, 47 por mau comportamento do time, 26 por arremesso de objetos no campo e 4 por ferir regulamentos da entidade. Além disso, 17 atletas e um técnico receberam punições.

E-mail rbueno@folhasp.com.br

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