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Os quase, os médios e o Viagra
JOSÉ ROBERTO TORERO
da Equipe de Articulistas
²
Talvez eu devesse começar falando dos classificados e dos
rebaixados, dos times que subiram ao Olimpo das quartas-de-
final ou dos que desceram ao
inferno da segunda divisão,
mas acho mais sutil dar um
pouco de atenção aos times que
ficaram no purgatório, aos times que não são nem sim nem
não, mas quase.
São eles o Atlético-MG e o Paraná. O primeiro, até a última
rodada, estava em sétimo lugar
e tinha o artilheiro da competição, o segundo estava na 21ª posição e a um passo do rebaixamento. Porém nem o primeiro
se classificou nem o segundo
caiu. Ficaram no quase.
No caso do Atlético, o time
não entrou por um triz. Empatou em pontos com o Grêmio e
só perdeu no número de vitórias. Um pontinho a mais e os
mineiros estariam agora de ressaca. Talvez até estejam, mas o
motivo seria melhor.
Esse pontinho a mais poderia
ter sido obtido se o Atlético tivesse transformado um de seus
nove empates -foi o time que
mais empatou no campeonato,
junto com o Coritiba- em vitória. Duas bobeadas históricas, o 4 a 4 com o Santos e o 5 a
5 com o Botafogo, acabaram
custando caro.
Já o Paraná, que era um desclassificado certo algumas rodadas atrás, depois de vencer o
Santos na Vila Belmiro, deu
uma bela arrancada e safou-se
da segundona.
O Atlético deve estar se lamentando. O Paraná, comemorando. Os dois foram parar no
purgatório, mas entraram por
portas diferentes. Estão na mesma situação, mas um derrama
lágrimas de tristeza, e o outro,
de felicidade. Enfim, tudo é
questão de ponto de vista.
Time médio mesmo foi o Internacional. Teve tantas vitórias quanto derrotas, acabou
na 12ª posição entre os 24 concorrentes e fez tantos gols quanto levou.
Quanto aos duelos, Santos e
Sport farão o combate entre o
melhor ataque e a melhor defesa; Palmeiras e Cruzeiro devem
fazer as melhores partidas; Corinthians e Grêmio devem ter os
jogos com mais público; e Coritiba e Lusa farão a disputa dos
desacreditados, pois ninguém
punha muita fé nos dois no início do campeonato, e, no entanto, um deles estará entre os semifinalistas.
Sugiro que Celso Roth receba
o troféu Viagra. Ele pegou um
time em crise, cabisbaixo, tímido, encolhido, correndo risco de
rebaixamento e conseguiu levá-
lo à classificação. Transformou
o Grêmio numa altaneira e bem
disposta equipe, que enfrentou
seus adversários de cabeça erguida e sem esmorecer jamais.
Aqui em Porto Alegre, onde estou por causa da Feira do Livro
-aliás, por que não há uma
feira como esta em todas as cidades?-, houve até buzinaço
no terceiro gol gremista. Mas o
pior viria depois, no quarto gol.
Para minha surpresa, quando
Zé Alcino definiu a classificação do time, os másculos gaúchos começaram a se abraçar
no meio da rua, choravam uns
nos ombros dos outros, e acho
que só não trocaram beijos porque tinham medo de desmanchar o penteado dos vastos bigodes.
Já o troféu "Deus é justo" vai
para o Bragantino, que deveria
ter caído para a segunda divisão há dois anos.
²
José Roberto Torero escreve às terças-feiras e
aos sábados
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