São Paulo, sábado, 14 de novembro de 1998

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STOP & GO
Regras e exceções

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Existem regras na F-1 que não estão em nenhum manual. Estão lá, em vigor, mas ninguém as criou, ninguém as regula. E, muitas vezes, poucos são os que as percebem.
Uma dessas regras determina como são escolhidos os campeões em potencial, quem merecerá o privilégio de lutar pelo título. Claro, isso acontece apenas com aquelas raras equipes que contam com a certeza, mesmo antes dos testes do inverno europeu, de que lutarão pelo título na temporada seguinte.
Foi o caso da McLaren, neste ano. É o caso da McLaren também para o próximo. Seria plausível incluir a Ferrari, mas a presença de Schumacher, exceção, como sempre, inviabiliza a aplicação dessa regra não escrita.
E, neste momento, a discussão dentro da McLaren é exatamente essa: quem será o escolhido para correr pelo título em 1999? A resposta, pelas evidências colhidas nas duas últimas temporadas, é Coulthard.
O escocês, desde que assumiu a vaga de Senna na Williams, está sendo forjado para o cargo. Falta-lhe regularidade, falta-lhe estofo de campeão. Mas, como se percebe pela lista recente de campeões, tais qualidades podem ser anabolizadas com um equipamento decente em mãos -Villeneuve, por exemplo, mais de uma vez reclamou de "um monte de luzes piscando" em seu painel, mas os Williams, quase perfeitos, seguraram o tranco.
A opção pelo escocês se explica por diversos motivos. Primeiro por Hakkinen não merecer investimento superior ao realizado neste ano. Fosse um verdadeiro campeão, nem mesmo Coulthard teria coragem de reclamar melhor tratamento.
Em segundo, dentro da lógica do marketing, mas também do esporte, é preferível um campeão diferente a cada ano. As exceções fazem por merecer. E Hakkinen, convenhamos, é apenas regra.
Existe ainda um terceiro argumento, imbatível. A confusão deste ano em Spa será melhor ingrediente em 1999.

NOTAS

Consolação
O ano não passou em branco para os brasileiros da Indy. Gugelmin ganhou o prêmio de melhor pintura de carro. A exemplo de Boesel, merecedor do título em 96 com o time da Brahma. Mas a verdade é: o Brasil interessa para a Indy não pelo talento, mas pela força de patrocínio. Já é alguma coisa.

Candidato
Boato diz que a Ford estuda comprar um time na F-1 para batizá-lo com a marca Jaguar. O intuito seria enfrentar a Mercedes e a BMW a partir de 2000. Como a Volkswagen queria fazer com sua Audi, planejamento, por enquanto, adiado.

Contra a maré
Outro boato diz que a Mercedes fica na F-1 só até 2002, período que seus executivos acreditariam ser suficiente para derrubar as vendas da BMW. A história não bate só por um detalhe: em 2002, provavelmente, a fábrica bávara estará alcançando o auge com a Williams.



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