São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Depois de equipe ser sensação do Nacional, diretoria vai lutar por mais dinheiro da televisão e dos patrocinadores

Revigorado, Santos fala grosso para 2003

Ormuzd Alves/Folha Imagem
O técnico Leão brinca com o atacante Robinho após o penúltimo treino do Santos, ontem, em Jarinu, para a final contra o Corinthians


FÁBIO SEIXAS
RICARDO PERRONE
ENVIADOS ESPECIAIS A JARINU

Com o Santos próximo de conquistar o título do Brasileiro, a diretoria do clube promete falar grosso no ano que vem quando o assunto for dinheiro. Os dirigentes já se preparam para lutar no Clube dos 13 por melhores cotas de TV e também por contratos de patrocínio mais rentáveis.
A diferença de tratamento dado aos santistas nas divisões da receita gerada pelos direitos de transmissão é uma das questões que mais incomodam os diretores.
Neste ano, por exemplo, o clube do litoral paulista ganhou menos dinheiro da TV no Nacional do que o grupo mais bem pago, formado por Vasco, Flamengo, Corinthians, São Paulo e o Palmeiras, que caiu para a Série B.
Segundo o diretor de futebol do Santos, Francisco Lopes, o time espera receber uma verba maior, apesar de a Globo já ter definido que irá pagar menos aos clubes.
"Até agora, sofremos um bloqueio nas negociações com a TV aberta porque nosso time não chegava às decisões. Até o Bahia ganhou uma cota melhor que a nossa neste ano. Agora temos um maior poder de barganha para mudar isso", declarou Lopes.
Neste ano, o Santos já tentou receber o mesmo que seus principais rivais, mas não conseguiu.
Lopes acredita que o clube será tratado de outra maneira se quebrar o seu jejum de títulos. O último de relevância foi o do Paulista de 1984, em cima do Corinthians.
Porém, mesmo se a equipe falhar e não triunfar no Nacional, apesar de poder perder para o Corinthians, amanhã, por um gol de diferença, os dirigentes acreditam que estarão fortalecidos em 2003.
O principal trunfo é ter na equipe jovens revelações como Robinho, 18, e Diego, 17, que, segundo a diretoria, não sairão do clube.
"Montamos um time praticamente com custo zero, alcançamos nossos objetivos e agora temos um grupo valorizado. Quem não quer ver o Diego e o Robinho jogando?", afirmou Lopes.

Teste
Já no começo do ano, os santistas irão testar o novo poder que acreditam ter nas negociações com a Bombril, sua atual patrocinadora, e com a Umbro, fornecedora dos uniformes do Santos. Os contratos com as duas empresas terminam no fim deste mês.
"Nossa campanha no Brasileiro despertou os torcedores santistas que estavam adormecidos. Isso valoriza o time, pois gera mais consumo, mais venda de camisa. É um fato que tem de ser analisado agora", disse o dirigente.
As negociações com a Bombril já começaram. Com seu novo status, o clube espera convencer o patrocinador a se transformar em parceiro, ajudando a bancar salários e a contratar jogadores. Pelo acordo atual, a empresa paga R$ 240 mil por mês ao Santos.
Ao mesmo tempo em que o time se valorizou e espera ter melhores receitas, os jogadores que ficarão sem contrato em dezembro também se sentem fortalecidos e vão exigir salários melhores. Nessa situação estão Alberto, Maurinho, Léo e Robert.
O clube tem um teto salarial de R$ 70 mil e pretende mantê-lo. Se for preciso, dispensando atletas. "Os jovens têm contratos longos. Eles têm salários bons para quem não foi campeão. Se forem, terão de cumprir o que está no contrato deles", disse Lopes.
Também deve ser dura a negociação para a renovação do compromisso de Emerson Leão, que termina no próximo dia 31.
Os dirigentes se dizem agradecidos ao técnico pelo fato de ele ter descartado contratações caras e decidido trabalhar com um time de garotos. "O Leão manteve os nossos cofres fechados, mas ele também tem de nos agradecer. Resgatamos o Leão quando ele estava desempregado", declarou o diretor de futebol santista.
Com ou sem o técnico, a fórmula de apostar em jovens será repetida. As revelações santistas acreditam que servirão de inspiração até para os concorrentes.
"Não sei se somos os melhores, mas serviremos de exemplo para todos em 2003", avaliou Diego.


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