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FUTEBOL
Atacante do clube mexicano homônimo ao brasileiro, Camanducaia vê pela TV a campanha do ex-time no Brasil
Quase herói de 95 torce por dois Santos
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
O quase herói santista de 1995,
autor do gol anulado que tirou do
clube o título brasileiro daquele
ano, o atacante Camanducaia vive
a expectativa de comemorar conquistas por dois Santos diferentes
no intervalo de uma semana.
Torcedor do time da Vila Belmiro, que o revelou para o futebol, o
atleta acompanhará de Torreón
(México), por meio da internet e
das emissoras de TV internacionais, a final contra o Corinthians.
Jogador do Club Santos Laguna,
o atacante estará no banco de reservas hoje, na segunda semifinal,
contra o Toluca, que definirá uma
das vagas para a decisão do Campeonato Mexicano. No jogo de
ida, na quarta, o Santos local perdeu em casa por 5 a 3. Agora, terá
de vencer, no campo do adversário, por três gols de diferença.
Com apenas 20 anos de existência, o Santos mexicano teve o nome inspirado no Santos brasileiro. Nos anos 80, lutava apenas para escapar do rebaixamento. Mas,
em 1993, depois de ter o controle
acionário adquirido pelo grupo
Modelo, líder nacional do mercado de cervejas, experimentou
uma ascensão fulminante. Desde
então, conquistou títulos nacionais em 1996 e 2001, foi vice-campeão em 1994 e 2000 e chegou às
semifinais em 1995, 1998 e 1999.
Neste ano, a campanha na fase
de classificação foi idêntica à do
irmão brasileiro. Como o Santos
Futebol Clube, o Santos Laguna
terminou em oitavo na classificação geral e, a exemplo da equipe
da Vila, eliminou nas quartas-de-final o primeiro colocado e favorito -no caso brasileiro, o São
Paulo, e no mexicano, o América.
No México, Camanducaia, 27,
não é conhecido pelo apelido,
mas pelo nome -Marcelo Domingues. Ele está no país desde o
ano passado, quando defendeu o
Tigres e se sagrou vice-campeão.
Em 1995, com a partida decisiva
contra o Botafogo empatada em 1
a 1, Camanducaia marcou de cabeça, em posição legal, mas o árbitro Márcio Rezende de Freitas
anotou impedimento e anulou o
gol que daria o título ao Santos.
"Veja como o mundo dá voltas.
O juiz tirou o título da gente, mas
hoje o Santos disputa novamente
a final, e o Botafogo está na segunda divisão. A justiça vem de Deus
e foi feita", declarou o atacante,
por telefone, à Agência Folha.
No Santos mexicano, como no
brasileiro, Camanducaia usa às
costas o número 16, mas o uniforme não copia o branco consagrado pelo time de Pelé -a camisa
tem listras horizontais verdes e
brancas, e o calção é verde.
O atacante ainda não conseguiu
se firmar como titular porque disputa posição com os dois principais ídolos da torcida local -o
chileno Rodrigo Ruíz e o mexicano Jared Borgetti, da seleção e vice-artilheiro do campeonato.
Antes dele, outro ex-santista já
havia atuado pelo similar mexicano -o atacante baiano Robson
Luiz, que integrou o time terceiro
colocado do Brasileiro-98, na primeira passagem do técnico Emerson Leão pelo clube da Baixada.
A situação é a mesma que vivenciou em 1995 no time do técnico
Cabralzinho. Reserva, Camanducaia era aproveitado principalmente no segundo tempo das
partidas, quando se valia da sua
velocidade para superar os zagueiros já cansados.
O atleta se diz alvo da curiosidade de torcedores e dos companheiros de equipe por ter atuado
no mesmo Santos em que, um
dia, jogou Pelé. "Isso é um grande
motivo de orgulho para mim.
Aqui, quando se fala em Brasil, se
fala em Pelé e se fala em Santos",
afirmou Camanducaia.
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