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FUTEBOL
Corinthians e Vasco empatam até no nervosismo e na cautela
Decisão revive a Copa-94
e angustia o Maracanã
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial ao Rio
A decisão do
Mundial de Clubes
da Fifa foi marcada
pelo nervosismo de
corintianos e vascaínos, que tiveram
muito receio de atacar e abrir buracos em suas defesas, chegando a
irritar a torcida.
Muito cautelosos desde o início,
os dois times fizeram uma final
que lembrou a da Copa dos EUA,
em 1994, que o Brasil, dirigido por
Carlos Alberto Parreira, conquistou ao vencer a Itália, nos pênaltis,
após empate sem gols no tempo
regulamentar e na prorrogação.
A vitória corintiana -4 a 3- só
ocorreu após cobrança de pênaltis, já que durante o jogo nenhum
dos times conseguiu marcar.
Cientes do nervosismo que tomava conta dos dois times, as torcidas passaram longos períodos,
especialmente no segundo tempo, sem gritar. Os torcedores vascaínos, que não chegaram a lotar
o espaço destinado a eles na arquibancada, em virtude da confusão para comprar ingressos, pareciam ainda mais tensos.
Evitando se arriscar no ataque,
os dois times tiveram poucas
chances no primeiro tempo.
Na melhor oportunidade dos
cariocas, aos 18min, Paulo Miranda penetrou livre pela direita,
mas, ao receber a bola, acabou
chutando de longe, quando tinha
Romário e Edmundo bem colocados na área. Bem marcados pela
defesa adversária, os dois tiveram
atuação apagada, decepcionando
a torcida vascaína.
Do lado corintiano, o ponto negativo ficou por conta da atuação
de Marcelinho, que exagerava na
tentativa de marcar de falta. Em
apenas 19 minutos de jogo, o
meia-atacante já havia cobrado
três faltas, de longa distância, sem
conseguir oferecer maiores perigos ao gol de Hélton.
Um dos poucos que se destacavam no time de São Paulo era o
meia Ricardinho, responsável pela principal jogada da equipe no
primeiro tempo, desperdiçada
por Marcelinho, que, aos 38min,
finalizou fraco. Hélton conseguiu
espalmar para escanteio.
No final da fase inicial, Rincón,
após entrada em Edmundo, recebeu cartão amarelo. Os dois jogadores vinham, desde a metade da
etapa inicial, trocando farpas e
empurrões e exigindo a intervenção de Romário, que pedia calma
a seu companheiro de ataque.
No segundo tempo, o Corinthians tentou avançar um pouco
mais, mas sua melhor oportunidade foi numa cobrança de escanteio de Marcelinho, bem defendida por Hélton, aos 25min.
Com a proximidade da morte
súbita, os dois times foram ficando ainda mais tensos, e as chances
de gol, ainda mais raras.
Para a prorrogação, o técnico
Oswaldo de Oliveira teve de colocar o volante Gilmar no lugar de
Vampeta, que deixou o gramado
com dores musculares. Antônio
Lopes, por sua vez, assim como
Parreira fizera na final da Copa de
1994, colocou o atacante Viola nos
últimos minutos do jogo.
No final da partida, os atletas
corintianos pediam que o árbitro
a encerrasse logo, acreditando
que o goleiro Dida garantiria o título na disputa por pênaltis.
Rincón cobrou o primeiro,
marcando para o Corinthians.
Em seguida, Romário bateu mal,
mas Dida falhou e deixou a bola
passar. Fernando Baiano fez o segundo gol dos paulistas, e Alex
Oliveira empatou, de novo, para o
Vasco. Em seguida, Luizão marcou, e Dida defendeu o pênalti de
Gilberto, deixando seu time em
vantagem por 3 a 2. Edu fez 4 a 2, e
Viola diminuiu para o Vasco.
Marcelinho, no entanto, quando podia dar a vitória ao Corinthians, bateu mal, Hélton defendeu, mas Edmundo, cobrando
ainda pior, chutou para fora, tirando o título dos vascaínos.
Além de ter que se preocupar
com as discussões entre Rincón e
Edmundo, o juiz Dick Jol protestou, no intervalo, contra o fato de
o dirigente Eurico Miranda ter
entrado em campo sem crachá da
organização.
De acordo com o comitê organizador, só poderia ficar no gramado quem estivesse portando credencial de membro da comissão
técnica. O vice-presidente de futebol, porém, disse que não sairia
dali e, de fato, não se retirou.
Para evitar maiores confusões, o
holandês, após conversa com Romário, ex-jogador do PSV, decidiu aceitar a presença do dirigente, mas disse que faria constar em
relatório que ele ficara todo o primeiro tempo sem crachá e se negara a deixar o gramado.
Futuro do Mundial
Em junho, a Fifa pretende anunciar a data do próximo Mundial
de Clubes, que deve ser realizado
de dois em dois anos.
O objetivo da entidade é marcá-lo para a Coréia do Sul, em dezembro do ano que vem, a fim de
preparar o país para a Copa do
Mundo de 2002, que será dividida
com o Japão. Mas Joseph Blatter,
presidente da Fifa, voltou a dizer
ontem que a próxima edição da
competição será diferente da realizada em São Paulo e no Rio.
A principal mudança será em
relação ao número de participantes. Dos atuais oito competidores,
o torneio passará a ter 16. A partir
da quinta edição, deverá, de acordo com a entidade que dirige o futebol mundial, contar com 32
equipes, como acontece atualmente em Copas do Mundo.
O critério de seleção dos participantes não está definido, mas o
Corinthians, como vencedor da
primeira edição, tem presença
confirmada. Diferentemente do
que aconteceu no Brasil, os jogos
não serão disputados em rodadas
duplas, e haverá um aumento no
número de sedes.
O nível de arbitragem também é
outro ponto que merecerá atenção da Fifa. De acordo com Blatter, assim como aconteceu na primeira fase da Copa da França, as
atuações dos juízes no Mundial
foram consideradas fracas.
Assim como ocorreu no Brasil,
a Traffic, agência de marketing esportivo de J. Hawilla, terá os direitos de imagem tanto da segunda
quanto da terceira edição.
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