São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


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FUTEBOL
Corinthians e Vasco empatam até no nervosismo e na cautela
Decisão revive a Copa-94 e angustia o Maracanã

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial ao Rio


A decisão do Mundial de Clubes da Fifa foi marcada pelo nervosismo de corintianos e vascaínos, que tiveram muito receio de atacar e abrir buracos em suas defesas, chegando a irritar a torcida.
Muito cautelosos desde o início, os dois times fizeram uma final que lembrou a da Copa dos EUA, em 1994, que o Brasil, dirigido por Carlos Alberto Parreira, conquistou ao vencer a Itália, nos pênaltis, após empate sem gols no tempo regulamentar e na prorrogação.
A vitória corintiana -4 a 3- só ocorreu após cobrança de pênaltis, já que durante o jogo nenhum dos times conseguiu marcar.
Cientes do nervosismo que tomava conta dos dois times, as torcidas passaram longos períodos, especialmente no segundo tempo, sem gritar. Os torcedores vascaínos, que não chegaram a lotar o espaço destinado a eles na arquibancada, em virtude da confusão para comprar ingressos, pareciam ainda mais tensos.
Evitando se arriscar no ataque, os dois times tiveram poucas chances no primeiro tempo.
Na melhor oportunidade dos cariocas, aos 18min, Paulo Miranda penetrou livre pela direita, mas, ao receber a bola, acabou chutando de longe, quando tinha Romário e Edmundo bem colocados na área. Bem marcados pela defesa adversária, os dois tiveram atuação apagada, decepcionando a torcida vascaína.
Do lado corintiano, o ponto negativo ficou por conta da atuação de Marcelinho, que exagerava na tentativa de marcar de falta. Em apenas 19 minutos de jogo, o meia-atacante já havia cobrado três faltas, de longa distância, sem conseguir oferecer maiores perigos ao gol de Hélton.
Um dos poucos que se destacavam no time de São Paulo era o meia Ricardinho, responsável pela principal jogada da equipe no primeiro tempo, desperdiçada por Marcelinho, que, aos 38min, finalizou fraco. Hélton conseguiu espalmar para escanteio.
No final da fase inicial, Rincón, após entrada em Edmundo, recebeu cartão amarelo. Os dois jogadores vinham, desde a metade da etapa inicial, trocando farpas e empurrões e exigindo a intervenção de Romário, que pedia calma a seu companheiro de ataque.
No segundo tempo, o Corinthians tentou avançar um pouco mais, mas sua melhor oportunidade foi numa cobrança de escanteio de Marcelinho, bem defendida por Hélton, aos 25min.
Com a proximidade da morte súbita, os dois times foram ficando ainda mais tensos, e as chances de gol, ainda mais raras.
Para a prorrogação, o técnico Oswaldo de Oliveira teve de colocar o volante Gilmar no lugar de Vampeta, que deixou o gramado com dores musculares. Antônio Lopes, por sua vez, assim como Parreira fizera na final da Copa de 1994, colocou o atacante Viola nos últimos minutos do jogo.
No final da partida, os atletas corintianos pediam que o árbitro a encerrasse logo, acreditando que o goleiro Dida garantiria o título na disputa por pênaltis.
Rincón cobrou o primeiro, marcando para o Corinthians. Em seguida, Romário bateu mal, mas Dida falhou e deixou a bola passar. Fernando Baiano fez o segundo gol dos paulistas, e Alex Oliveira empatou, de novo, para o Vasco. Em seguida, Luizão marcou, e Dida defendeu o pênalti de Gilberto, deixando seu time em vantagem por 3 a 2. Edu fez 4 a 2, e Viola diminuiu para o Vasco.
Marcelinho, no entanto, quando podia dar a vitória ao Corinthians, bateu mal, Hélton defendeu, mas Edmundo, cobrando ainda pior, chutou para fora, tirando o título dos vascaínos.
Além de ter que se preocupar com as discussões entre Rincón e Edmundo, o juiz Dick Jol protestou, no intervalo, contra o fato de o dirigente Eurico Miranda ter entrado em campo sem crachá da organização.
De acordo com o comitê organizador, só poderia ficar no gramado quem estivesse portando credencial de membro da comissão técnica. O vice-presidente de futebol, porém, disse que não sairia dali e, de fato, não se retirou.
Para evitar maiores confusões, o holandês, após conversa com Romário, ex-jogador do PSV, decidiu aceitar a presença do dirigente, mas disse que faria constar em relatório que ele ficara todo o primeiro tempo sem crachá e se negara a deixar o gramado.

Futuro do Mundial
Em junho, a Fifa pretende anunciar a data do próximo Mundial de Clubes, que deve ser realizado de dois em dois anos.
O objetivo da entidade é marcá-lo para a Coréia do Sul, em dezembro do ano que vem, a fim de preparar o país para a Copa do Mundo de 2002, que será dividida com o Japão. Mas Joseph Blatter, presidente da Fifa, voltou a dizer ontem que a próxima edição da competição será diferente da realizada em São Paulo e no Rio.
A principal mudança será em relação ao número de participantes. Dos atuais oito competidores, o torneio passará a ter 16. A partir da quinta edição, deverá, de acordo com a entidade que dirige o futebol mundial, contar com 32 equipes, como acontece atualmente em Copas do Mundo.
O critério de seleção dos participantes não está definido, mas o Corinthians, como vencedor da primeira edição, tem presença confirmada. Diferentemente do que aconteceu no Brasil, os jogos não serão disputados em rodadas duplas, e haverá um aumento no número de sedes.
O nível de arbitragem também é outro ponto que merecerá atenção da Fifa. De acordo com Blatter, assim como aconteceu na primeira fase da Copa da França, as atuações dos juízes no Mundial foram consideradas fracas.
Assim como ocorreu no Brasil, a Traffic, agência de marketing esportivo de J. Hawilla, terá os direitos de imagem tanto da segunda quanto da terceira edição.


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