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FUTEBOL
Projeto provoca reações diferentes entre dirigentes
Superliga de Pelé
divide times do país
da Reportagem Local e
da Agência Folha
A proposta de criação de uma superliga brasileira feita pela Pelé
Sports & Marketing, divulgada
com exclusividade ontem pela Folha, teve reações diferentes entre
os dirigentes dos principais clubes.
Pelos planos da empresa do ex-ministro dos Esportes, em associação com a européia Media Partners e com a Fundação Getúlio
Vargas, a competição seria realizada com os principais clubes do
país e, provavelmente, independentemente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Entre os dirigentes consultados
pela Folha ontem, o entusiasmo
com a liga variou muito.
A reação negativa mais forte vem
de Eurico Miranda, vice-presidente de futebol do Vasco, que contratou a Pelé Sports & Marketing para
negociar a reforma do estádio de
São Januário.
"As coisas não funcionam dessa
maneira. Não é uma pessoa que
pode criar uma liga, que deve ser
criada de baixo para cima, feita pelos próprios clubes."
O dirigente, que deixou o Vasco
de fora da criação de uma liga dos
clubes cariocas, afasta qualquer tipo de negociação.
"O Vasco está fora dessa", afirma
Miranda.
Para os dois "grandes" de Minas
Gerais, a proposta de Pelé também
não agradou.
O deputado federal e presidente
do Cruzeiro, José de Oliveira Costa
(PFL-MG), o "Zezé Perrela", disse
ontem que o ex-ministro não tem
autonomia para fazer alguma coisa
em nome dos clubes brasileiros.
"Ele nem deveria ser ministro, já
que possui uma empresa de marketing. Não tenho nenhuma suspeita sobre ele, mas isso não é ético", reclama Perrela.
Para o presidente do Cruzeiro,
cabe ao Clube dos 13 (entidade que
reúne os principais times do país)
discutir e analisar essa sugestão do
ex-ministro.
Já o presidente do Atlético-MG,
Nélio Brant, afirma que a criação
da superliga brasileira de futebol
só tem chances de existir se os clubes forem muito bem recompensados financeiramente.
Mesmo assim, de acordo com
Brant, esse tema deve necessariamente passar por uma ampla discussão entre as equipes que compõem o Clube dos 13.
"Acho que é um negócio difícil
de acontecer. O problema financeiro hoje é muito maior. Então, o
Clube dos 13 precisa analisar, até
porque estamos vinculados à CBF,
que não deve concordar com isso",
disse Brant.
Além de dirigentes, outras pessoas envolvidas com o futebol brasileiro duvidam de uma possível
implantação da liga.
Indisposição
"É muito complicado. Acho difícil dar certo", diz Candinho, auxiliar de Wanderley Luxemburgo na
seleção brasileira.
Já outros dirigentes estão dispostos a ouvir a proposta da Pelé
Sports & Marketing.
"A liga é um caminho. Sua grande vantagem é que ela permitiria
para o clube receitas antecipadas e
garantidas. Dessa forma, as equipes poderiam investir melhor", diz
Paulo Angioni, diretor da Parmalat para o Palmeiras.
O dirigente do patrocinador que
mais investe no futebol brasileiro
aponta o "sucesso da NBA", a liga
norte-americana de basquete, como um exemplo a ser seguido.
O presidente do Botafogo, José
Luiz Rolim, apóia a criação da liga,
mas sem muito entusiasmo.
"Vamos examinar a proposta,
mas não teremos qualquer comprometimento prévio com ela",
afirma o dirigente carioca.
Luiz Henrique de Menezes, diretor de futebol remunerado do Corinthians, é outro que aceita conversar sobre a proposta de Pelé,
mas não se empolga.
"A mudança é muito brusca. Precisamos analisar muito para dar
uma opinião final", diz o dirigente
corintiano.
Modelos
Outra polêmica que a idéia da superliga deve gerar é na escolha de
seus participantes.
No esboço do projeto não fica definido o modelo da competição,
que pode ter um campeonato fechado, com clubes definidos, ou
um torneio aberto, com acesso e
rebaixamento.
"A liga não pode ter sempre os
mesmos clubes, pois assim ela perderia a competitividade e o interesse do público", diz Rolim, presidente do Botafogo.
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