São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2005

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BOXE

Próxima parada de Tyson

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é difícil imaginar Mike Tyson encerrando a sua carreira da mesma forma que ""Sugar" Ray Robinson: um grande ex-campeão que vai de cidade em cidade para capitalizar sobre o nome, em feitos do passado.
"Iron" Mike não chegou a esse ponto... ainda. Entretanto, mais dia, menos dia, Tyson chega lá.
Principalmente se levarmos em conta a afirmação desta semana de seu manager, Shelly Finkell (é "ele", sim, apesar do primeiro nome), de que o ex-campeão mundial dos pesados acumula dívidas que atingem os US$ 38 milhões.
E Tyson mesmo admite que precisa lutar até saldar suas dívidas.
Uma derrota de "Iron" Mike em seu próximo compromisso, previsto para 11 de junho, distribuído em pay-per-view nos EUA, certamente acelerará esse processo. Afinal, seu oponente, o irlandês baseado nos EUA Kevin McBride não é assim nenhuma maravilha.
A qualidade de McBride limita-se à cor de sua pele. Afinal, todos sabem que os pesados brancos despertam a atenção do público.
Não é novidade que os pesos-pesados não atravessam o seu melhor momento (essa entressafra é cíclica), porém até para esses parâmetros McBride é limitado. Quem assistiu a seu último combate, estou certo, há de concordar.
Pelo teipe de sua luta com Kevin Montiy, deu para notar que seu nível está pouco acima dos participantes de torneios amadores.
"The Clones Colossus" McBride não prima pela técnica, é lento e tampouco demonstra precisão nos golpes, bem atabalhoados.
Uma análise de seu cartel tampouco revela algo impressionante. Os nomes marginalmente conhecidos já o bateram: DaVarryl Williamson, Axel Schulz, Louis Monaco. E até o desconhecido Michael Murray, que tinha mais derrotas do que vitórias à época.
Por isso mesmo é que ele foi selecionado pela equipe de Tyson.
Aliás, corrigindo-me, McBride leva ao ringue uma coisa legal. Traz de volta à evidência Goody Petronelli, o treinador do ex-campeão médio Marvelous Marvin Hagler (mas que não produziu mais nenhum campeão depois).
A conclusão só pode ser uma: se Tyson perder para McBride, é o fim da linha para ele. Pelo menos como atração do primeiro nível.
E isso é algo que Mike ainda é.
A própria derrota do americano para o britânico Danny Williams em sua última foi algo inesperado. E olha que o inglês é alguns degraus melhor do que McBride.
No caso, Tyson conta com o benefício da dúvida. Contra Williams, diz que machucou a perna no primeiro assalto (replays mostram movimentos de perna de Tyson que fortalecem tal teoria).
Por isso, é prematuro dizer que sua carreira no alto nível terminou. No entanto, de novo, uma derrota para McBride, em Washington, pode ser a pá de cal.
Guardadas as devidas proporções, o que aconteceu com o brasileiro "Maguila" após as derrotas para Evander "Real Deal" Holyfield e "Big" George Foreman -que matou a vontade de fãs de todo o país em conhecê-lo ao fazer um tour pelo país-, pode (e deve) se repetir com "Iron" Mike.
Ninguém está inume a este fim.
Nem "Sugar" Ray Robinson.

Popó 1
Para quem se perguntava por onde andava o argentino Jorge ""La Hiena" Barrios, que deu uma canseira em Popó em 2003, a ESPN exibe hoje, às 16h, teipe da luta na qual Barrios tornou-se campeão dos superpenas da OMB (a programação será repetida amanhã, às 22h). Sim, trata-se do mesmo título que estava em jogo quando o argentino desafiou o pugilista baiano no Miami Arena, nos EUA. Barrios é agora contratado da Golden Boy Promotions, de Oscar de la Hoya.

Popó 2
A segunda edição do Boxe Brasil, programação de pugilismo organizada por Popó, acontece em 21 de maio, em Vitória (ES). Segundo Popó, a luta de fundo não está definida, mas são candidatos a participar dela o supergalo Carlos de Oliveira ou o pena Valdemir Pereira.

E-mail eohata@folhasp.com.br

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