São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2005

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TAEKWONDO

Natália Falavigna, 20, que antes se aventurou com bola e na água, vence cinco lutas e faz história em Madri

Sonhadora ganha 1º ouro em Mundiais

Javier Soriano/France Presse
Natália Falavigna festeja vitória sobre a inglesa Sarah Stevenson


FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma menina que sempre sonhou em ser atleta conquistou ontem o primeiro ouro do Brasil em Mundiais de taekwondo.
A paranaense Natália Falavigna, 20, venceu cinco confrontos e subiu ao lugar mais alto do pódio na categoria até 72 kg em Madri.
"Tô meio em estado de choque ainda", afirmou a atleta, já no hotel, cerca de três horas após ter recebido a medalha dourada.
Natália já havia feito história em 2000, quando foi a primeira brasileira a vencer um Mundial júnior (para atletas até 18 anos).
A conquista aconteceu pouco mais de dois anos após a iniciação de Natália na modalidade.
Aos 14 anos, Natália foi acompanhar o treino de taekwondo de uma amiga, gostou e resolveu praticar. "Quando ela chegou em casa, disse que tinha descoberto o que queria fazer. Eu perguntei por que e ela respondeu: "É um esporte que só depende de mim'", afirmou Ana Maria, mãe da lutadora.
Antes de vestir o quimono, ela já havia se aventurado e conquistado algumas medalhas em tênis, natação, vôlei, handebol e futebol.
"Eu sempre quis ser atleta. Ver o Aurélio Miguel, a Paula e a Hortência e o time de vôlei sempre me motivava muito", afirmou ela.
Mas motivação mesmo veio em seu terceiro treino. "Meu primeiro mestre, Clóvis Aires, me disse: "Treina comigo que eu te faço campeã mundial em dois anos". E foi o que acabou acontecendo."
Entre os adultos, ela também já havia sentido o gostinho de subir ao pódio de um Mundial com o bronze em Jeju, na Coréia, em 2003. Em sua primeira Olimpíada, em Atenas-04, diz "que bateu na trave" e ficou em quarto lugar.
Para conquistar o primeiro ouro brasileiro em um Mundial, Natália derrotou uma americana (8 a 7), uma venezuelana (4 a 2), uma chinesa (3 a 2), uma espanhola (5 a 4) e a inglesa Sarah Stevenson (6 a 5) na decisão. As duas primeiras rivais seriam teoricamente fáceis, já que vinha de países sem muita tradição. "Mas daí entrei com toda a responsabilidade."
Os três combates seguintes foram definidos no "golden point" ou morte súbita: após empate nos três rounds de dois minutos regulamentares, vence o confronto quem conseguir o primeiro golpe.
Natália conseguiu. "Havia 45 meninas na minha categoria, com vários estilos de luta diferente. Foi preciso muita calma e paciência."
Arte marcial de origem sul-coreana, o tae (pés) kwon (mãos) do (caminho) desembarcou no Brasil apenas em 1970. O primeiro Mundial da modalidade aconteceu três anos depois, mas o Brasil só fez sua estréia em Chicago-77.
Disputado a cada dois anos, o torneio só passou a ter a presença constante do Brasil a partir de 1985. Desde então, o país havia conquistado três pratas (Alysson Yamaguti, Milton Iyama e Leonildes Santos) e três bronzes (Lucélio Aurélio, Jorge Gonçalves e a própria Natália). A confederação brasileira diz que a lista pode aumentar ainda em Madri, já que o Mundial só acaba domingo e há outros potenciais medalhistas.


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