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FUTEBOL
Entidade deve entregar Mundial-2010 a sul-africanos, atropelados por manobra de bastidores na eleição de 2006
Fifa se desculpa hoje com Copa na África
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O maior escândalo da gestão do
presidente da Fifa, Joseph Blatter,
deve ser definitivamente jogado
para baixo do tapete hoje com a
eleição da África do Sul como
país-sede da Copa de 2010.
A votação que vai determinar a
sede do primeiro Mundial no
continente africano tem um favorito disparado, que só não organizará a próxima Copa, em 2006,
porque uma contestada e suspeita
abstenção deixou o torneio nas
mãos da Europa e da Alemanha.
Marrocos, Egito e Líbia ainda
estão na disputa contra a África
do Sul, mas a maioria dos membros do Comitê Executivo, incluindo os três sul-americanos,
acenam abertamente para o país
de Nelson Mandela. Mesmo a Europa, ligeiramente dividida, deve
dar mais votos aos sul-africanos.
Blatter prometera pouco depois
de assumir a Fifa que em 2006 a
Copa seria na África e torceu para
a África do Sul na eleição passada,
vencida pela Alemanha por 12 votos a 11. O neozelandês Charles
Dempsey, que apoiaria os sul-africanos, desistiu de votar e deu a
Copa à Europa -o empate favorecia a África do Sul pelo voto de
minerva do presidente da Fifa.
Em meio a acusações de compra de votos na gestão de Blatter,
Dempsey disse ter sofrido ""pressões insuportáveis" para se abster. Depois, deixou a Fifa e o comando da Confederação da Oceania. Ficou uma impressão, porém, de armação, o que chegou a
assustar Blatter em sua campanha
de reeleição na Fifa, em 2002.
Desta vez, não há disputa entre
continentes, o que normalmente
acirra politicamente a entidade.
Com a aprovação de um rodízio
de continentes na organização
das Copas, chegou a vez da África.
Vários países da região inicialmente quiseram receber o evento,
mas no final sobraram só quatro
candidaturas -a Tunísia desistiu
oficialmente da disputa ontem.
Com real chance de ganhar,
apenas a África do Sul, país que
tem economia mais forte, um
apelo internacional maior após o
fim do apartheid e o histórico de
ter sido lesado na eleição passada
para sede da Copa do Mundo.
A Líbia, por exemplo, comprovadamente não tem condições de
organizar a Copa, como atesta o
informe do grupo de inspetores
que visitou todos os candidatos.
As delegações dos quatro países
fizeram ontem em Zurique, na
Suíça, as últimas apresentações de
suas candidaturas. Hoje, o Comitê Executivo da Fifa debaterá cada
um dos projetos antes da votação,
feita a portas fechadas e com papeletas anônimas. Blatter anunciará o vencedor na seqüência.
São 24 os membros do Comitê
Executivo da Fifa. Ricardo Teixeira, presidente da CBF, é um deles
e um dos dirigentes que estão fechados com os sul-africanos.
Várias personalidades defendem as candidaturas. O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que já venceu o Nobel da
Paz, sustenta a campanha do favorito. O ator Omar Sharif defende a Copa no Egito, seu país. E o
príncipe Moulay Rachid encabeça
a candidatura marroquina. A Líbia, por sua vez, tinha como última aposta uma candidatura conjunta com a Tunísia, mas a Fifa
vetou ontem definitivamente a
chance de duas sedes, coisa que
ocorreu na última Copa, na Ásia.
Marrocos, país que tenta pela
quarta vez receber o Mundial, é
apontado como o único que teria
chances, mesmo assim remotas,
de desbancar a proposta da África
do Sul. Alan Rothenberg, americano que coordenou a Copa do
Mundo de 1994, nos EUA, entrou
na campanha por Marrocos, que
ganhou o apoio até do treinador
brasileiro Luiz Felipe Scolari.
Outros grandes nomes do futebol, como o francês Zidane (tem
origem argelina e está com Marrocos), também abraçaram candidaturas na reta final na tentativa
de mudar o cenário, bem favorável à África do Sul desde 2000.
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