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ATENAS 2004
Comitê olímpico norte-americano refaz contas e agora diz que país deve ganhar no máximo cem medalhas
Doping leva EUA a baixar meta de pódios
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O mais retumbante escândalo
de doping de 2003 já gera pessimismo na maior potência esportiva do planeta. Ontem, os EUA
expuseram a ferida aberta pela
descoberta do THG, "desistindo"
da meta original de 110 medalhas
nos Jogos de Atenas.
Agora, as perspectivas otimistas
são de, no máximo, cem pódios
olímpicos. "Acreditávamos que
ganharíamos mais de cem medalhas. Agora, cremos que a equipe
possa obter até cem pódios, mesmo que o país perca alguns atletas
até o início dos Jogos", diz Jim
Scherr, diretor-geral do Usoc, o
comitê olímpico dos EUA.
Na conta do dirigente está a perda de atletas que não poderão
competir na Grécia por estarem
cumprindo suspensão por doping. O THG, o novo esteróide
anabólico, cuja detecção foi anunciada há sete meses, já tirou de cena algumas estrelas do atletismo.
John McEwen e Melissa Price
(arremesso de martelo) e Kevin
Toth (arremesso de peso) já foram condenados a dois anos de
suspensão nos EUA por causa da
nova droga. Eles ainda podem recorrer à Corte de Arbitragem do
Esporte, em Lausanne (Suíça),
mas têm chances remotas de obter a liberação para competir.
Outra atleta que teve exame positivo para o THG, a meio-fundista Regina Jacobs, ainda aguarda o
julgamento do seu caso. A provável punição irá tirar da equipe
norte-americana a campeã dos
1.500 m do Mundial indoor de
Birmingham, no ano passado.
Uma investigação da Justiça Federal apontou que a droga era
produzida pela Balco, laboratório
localizado em Burlingame, na Califórnia. A empresa era fornecedora de suplementos alimentares
para estrelas locais do atletismo,
beisebol e futebol americano.
A indignação popular com as
fraudes fez com que a Federação
de Atletismo dos EUA aprovasse
novas punições. Em dezembro, a
USATF estabeleceu que um atleta
pode ser banido do esporte a partir do primeiro caso positivo para
esteróides anabólicos, drogas que
aumentam a força muscular.
Também houve pressão do Senado e da Casa Branca sobre o comitê olímpico. O presidente
George W. Bush pediu maior rigor na luta contra o doping.
Para não passar por vexame internacional, haverá precauções. A
Usada (agência antidoping dos
EUA) testará todos os atletas antes da Olimpíada. Quem não passar no exame nem irá embarcar.
"Não posso especular sobre o
que a Usada fará. Acredito, no entanto, que eles tomarão todos os
cuidados para que nós mandemos uma delegação limpa", disse
Bill Martin, presidente do Usoc.
"Queremos enviar para lá nossos melhores atletas. E creio que
ainda temos capacidade de chegar a cem [medalhas]", completou o dirigente americano.
O enfraquecimento de sua delegação por causa dos problemas
com drogas proibidas podem fazer os EUA perderem a primazia
no quadro de medalhas pela primeira vez desde Barcelona-92.
A Rússia é hoje apontada como
o principal país capaz de derrotar
os norte-americanos. Segundo
projeção feita pelo jornal "USA
Today", os russos podem amealhar 91 medalhas, quase dez a
mais do que os norte-americanos
(82,5). O levantamento levou em
conta o desempenho nos últimos
Mundiais de cada modalidade.
Com agências internacionais
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