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Time cabeça
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A SHIZUOKA
É assim que os próprios belgas
se vêem, um rival mais fraco que o
Brasil, mas chato de ser vencido.
Uma pergunta do zagueiro Van
Kerckhoven, 31, à TV japonesa
mostra do que a Bélgica é capaz:
""O que Brasil, Argentina, Itália,
Alemanha, Espanha e Bélgica têm
em comum?". Ele mesmo responde: ""Os seis não deixaram de participar de uma Copa desde 1982".
E Kerckhoven pergunta de novo: ""E o que têm de diferente?".
A resposta: ""Só a Bélgica disputou as eliminatórias em todos os
anos para se classificar".
Seja como anfitrião ou como
campeão da Copa anterior, os demais times foram poupados de
pelo menos uma delas.
As diferenças são visíveis também dentro de campo. E o atacante Wilmots já se deu conta. Para a
estrela da seleção belga, o segredo
para vencer é aproveitar as falhas
da defesa brasileiro.
Os números sustentam a tese. O
calcanhar-de-aquiles do Brasil é o
sistema defensivo, especialmente
nas bolas altas (veja quadro nesta
página). Bom para a Bélgica, que
aparece sempre entre as melhores, segundo o Datafolha, quando
o assunto é jogar de cabeça.
Mas os resultados dos belgas
não são nada quando comparados aos de brasileiros, italianos ou
alemães. Sua melhor colocação
num Mundial foi em 1986 com o
quarto lugar no México.
Daí a dizer que é fácil batê-los é
outra história. Não por acaso é o
time que mais empates consecutivos obteve em Copas -foram
três em 1998 e dois agora. Terminou a primeira fase invicto, depois de empatar com o Japão (2 a
2) e a Tunísia (1 a 1) e bater ontem
a Rússia (3 a 2) em Shizuoka.
Uma das fundadoras da Fifa, foi
ela que protagonizou o primeiro
jogo de um Mundial, em 1930.
Não tem, no entanto, muita experiência contra o Brasil. Em Copas, os dois países ainda não se
enfrentaram. Segunda-feira, em
Kobe, será a primeira vez, ""uma
honra" para os belgas, como definiu o técnico Robert Waseige.
Honrado ou não, o fato é que ele
acha que seu time pode se superar
e sair com um resultado histórico.
""Num campo tudo é possível. Enfrentar o Brasil também é uma
responsabilidade a mais."
Na Copa dos EUA, ele recorda
que o time teve desempenho surpreendente. Embora tenha perdido para a Arábia, venceu a Holanda, com quem empatou em 98.
Nos últimos dez jogos em Mundiais, além do fracasso ante os
sauditas, só perdeu para Alemanha, nas oitavas-de-final, em 94.
E nos três amistosos que disputou até hoje contra o Brasil venceu
um deles, surpreendentes 5 a 1 em
Bruxelas, em 1963, um ano após a
seleção ter conquistado o bi no
Chile. Dois anos depois, em compensação, levaria o troco, perdendo por 5 a 0 no Maracanã.
Para os atuais jogadores da Bélgica, um dos motivos para o time
se superar em momentos difíceis
é a experiência da equipe.
""Quanto mais jogos pela seleção
você tem, mais preparado emocionalmente fica. A minha Copa,
por exemplo, deve ser a da Alemanha [que acontece em 2006,
quando terá 28 anos"", disse zagueiro Daniel van Buyten, 24.
A dele, talvez, mas a de seus colegas com certeza não. Nesta Copa, afinal, é a Bélgica o time mais
velho. Sua média de idade, a
maior de todas, é de 29,8 anos. E
nada menos do que 11 de seus 23
jogadores já passaram dos 30.
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