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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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F-1

Sistema com peso menor para vitória premia estilo calculista, em que o mais importante é levar o carro ao final dos GPs

Schumacher vira maior vítima da F-Prost

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MONTRÉAL

Imagine uma F-1 com Alain Prost hexacampeão mundial, Eddie Irvine super-herói ferrarista e Michael Schumacher como um coadjuvante, sem muito brilho.
Um cenário com Ayrton Senna e Damon Hill bicampeões, Graham Hill tetra e o obscuro Luigi Fagioli como o primeiro vencedor de um Mundial. Aos 52 anos!
Assim seria a história da F-1 se o sistema de pontuação adotado nesta temporada vigorasse desde a criação da categoria, em 1950.
Mais do que uma brincadeira com o passado, a simulação feita pela Folha com todos os 53 campeonatos disputados explica porque o Mundial de 2003 chega hoje à sua metade com Schumacher sofrendo para alcançar Kimi Raikkonen na liderança -quatro pontos separam os dois pilotos.
O GP do Canadá, oitava das 16 etapas do Mundial, acontece a partir das 14h (de Brasília), com TV. Ralf Schumacher sai na pole, seguido pelo companheiro na Williams, Juan Pablo Montoya.
O fato de que Prost seria o maior piloto de toda a trajetória do esporte não é coincidência. A nova distribuição de pontos se encaixaria perfeitamente no estilo de pilotagem do francês. Calculista, paciente, pouco agressivo, em que o mais importante é levar o carro ao final das corridas.
Isso, por duas razões. Nunca a F-1 distribuiu pontos a tantos pilotos. De 1950 a 1959, pontuavam só os cinco primeiros, além daquele que fizesse a melhor volta. A partir de 1960 até 2002, os seis mais bem colocados marcavam pontos. Agora, a zona de premiação engloba os oito primeiros.
O segundo motivo é o peso menor da vitória. Desde 1961, pelo menos três pontos separavam o vencedor do segundo colocado. Neste ano, são só dois pontos.
É justamente por esse privilégio ao estilo Prost que Raikkonen está na frente, apesar de ter vencido apenas uma prova. Em sete etapas disputadas, o finlandês da McLaren subiu ao pódio em seis.
Schumacher soma três vitórias. Mas, além disso, só subiu ao pódio uma vez. Daí a desvantagem.
Quando aplicada ao passado da categoria, a nova pontuação produz resultados interessantes, "punindo" ao longo da história pilotos do estilo tudo-ou-nada.
A começar pelo próprio Schumacher. Célebre por seu estilo arrojado, o pentacampeão seria tetra com o atual sistema. Perderia o título de 1994 para Damon Hill, um representante da escola Prost.
Mais: não teria sentido o gostinho de tirar a Ferrari do jejum de títulos, em 2000. A honra teria ficado com Irvine, no ano anterior.
Por outro lado, Prost teria sido o maior beneficiado pelo novo regulamento. Além dos quatro títulos que conquistou -1985, 1986, 1989 e 1993-, ele ganharia os mundiais de 1984 e de 1988, em cima de Niki Lauda e de Senna.
Seria a única ocasião em que um brasileiro perderia o título.
Os outros dois campeonatos mundiais de Senna, assim como o bi de Emerson Fittipaldi e o tri de Nelson Piquet são confirmados na simulação.
Apesar de perder o cetro da F-1 para Prost, Juan Manuel Fangio manteria os seus cinco títulos.
No mundo real, o único em condições de superar o argentino nos próximos anos é Schumacher. Mas para que isso aconteça em 2003, o alemão talvez tenha que mudar seu estilo. Talvez tenha que aprender com a fantasia.


Colaborou Tatiana Cunha, da Reportagem Local

NA TV - GP do Canadá, Globo, ao vivo, às 14h


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