São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2004

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Líder, "Luxemburgo FC" faz inveja a times do Nacional

Responsável pela arrancada do Santos, técnico supera em títulos, jogos, vitórias e participações maioria dos clubes que já disputaram o torneio

MÁRVIO DOS ANJOS
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Vanderlei Luxemburgo, 52, pegou o Santos no 12º lugar, caiu para o 17º no primeiro jogo e, com dez rodadas no comando do time, assumiu a liderança e reforçou a condição de técnico mais vencedor da história do Brasileiro -trajetória capaz de causar inveja a muitos clubes tradicionais.
Ele ostenta quatro títulos, marca igual às dos maiores campeões do principal torneio nacional: Flamengo, Vasco e Palmeiras. Caso volte a conquistar a taça neste ano, o técnico se tornará mais vencedor do que qualquer clube que já tenha jogado o Brasileiro.
E o reinado do hipotético "Luxemburgo Futebol Clube" deverá durar muito, já que, dos colegas que estão em atividade na competição atual, nenhum conta com mais de um título nacional.
Mas não é só nas taças que o técnico, sozinho, dá baile em muitos clubes nos Nacionais.
O treinador soma, segundo números da revista "Placar", 165 vitórias em 320 jogos, o que representa um percentual de 51,6% de partidas ganhas, superior aos de todos os clubes no torneio.
O time que mais venceu partidas na história do Brasileiro -o Atlético-MG, com 353 triunfos em 804, chega a 43,9%.
Em números absolutos de vitórias, o "Luxemburgo FC" bate Paraná, Ponte, Juventude, Paysandu, Criciúma e São Caetano.
Hoje o Santos parece disposto a manter a média de vitórias do técnico, ele mesmo parte da violenta reforma do time, que derrubou o antecessor, Emerson Leão.
Ao chegar, Luxemburgo tomou duas providências: afastar os jogadores em vias de negociação -casos de Alex, Renato e Paulo Almeida- e pedir reforços. Vieram o goleiro Tapia, o volante Bóvio e o lateral Flávio. A equipe ainda perderia Claiton e Alcides.
Depois, o treinador aproveitou Deivid, contratado no fim da era Leão, reanimou o desprestigiado Preto Casagrande e avançou Elano, para suprir a carência de Diego, que está na Copa América. O time vive uma seqüência de sete vitórias, embalou e está agora no topo da tabela, que o carioca freqüenta como poucos.
Sozinho, Luxemburgo disputou 14 Brasileiros, mais do que clubes de tradição como América-MG, Fortaleza e Figueirense. Das 16 campanhas que realizou em 14 campeonatos (em duas temporadas, o técnico mudou de clube durante o torneio), somente em quatro o técnico ficou abaixo do décimo posto -seja no fim do Brasileiro ou por saída antecipada.
No total, os times comandados por Luxemburgo marcaram 535 gols, suficientes para fazer de um clube o 21º mais goleador da história da divisão de elite.
O "Luxemburgo FC" ainda poderia se orgulhar de ter chegado à primeira divisão sem viradas de mesa. Com o Bragantino, em 1989, o treinador levou uma equipe modesta ao título da Série B e conquistou as primeiras atenções. Ele estreara em 83, em oito jogos do Campo Grande-RJ, e dirigiu o Fluminense interinamente em uma derrota no Nacional de 86.
Se coleciona triunfos, Luxemburgo nem sempre sai celebrado de onde vence. Sua trajetória é marcada por saídas tumultuadas.
Após sair do Flamengo, em 91, o técnico só retornou à elite com o Palmeiras, em 93, levantando seu primeiro Nacional e bisando no ano seguinte. Em 95, voltou ao Flamengo, do qual é torcedor, desagradando o ex-clube.
O vice-estadual e uma queda-de-braço com Romário o derrubaram, o que o fez começar o Nacional-95 no Paraná até abandonar o time a convite do Palmeiras.
De lá para cá o técnico conquistou seu tetra pessoal ao vencer com o Corinthians, em 98, e com o Cruzeiro, em 2003. Graças a um impasse sobre premiações, o técnico saiu demitido do clube mineiro e agora pode ser o primeiro técnico a conquistar o Brasileiro por quatro clubes diferentes.


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