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FUTEBOL
São-paulinos relembram título perdido há 11 anos nas defesas do algoz Chilavert ao celebrarem o tri continental
Torcida solta grito entalado desde 1994
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um gol de Diego Tardeli nos
momentos finais assinou ontem a
carta de alforria da torcida são-paulina e permitiu que o Morumbi gritasse pela terceira vez "é
campeão" na Libertadores.
Desde 1994, quando o paraguaio Chilavert brilhou na disputa de pênaltis e evitou o tricampeonato do São Paulo, o grito estava entalado na garganta.
Ontem, para "fechar o ciclo", a
torcida cantou o nome de Telê
Santana, o técnico de 1994.
A movimentação dos torcedores no estádio são-paulino começou no início da tarde de ontem.
Às 14h30, mais de sete horas antes do apito inicial, alguns são-paulinos já faziam filas nos portões de acesso. Fantasiado com
uma barba branca e com uma túnica nas cores do São Paulo, o
atendente de bingo João Paulo
Batista de Oliveira, 21, era o primeiro da fila da arquibancada
azul -um dos primeiros setores
que tiveram ingressos esgotados.
"A decisão de 94 marcou. Assisti pela TV e lembro até hoje. Sei
que será diferente nesta noite [ontem]. Não perderia esse jogo por
nada!", disse Oliveira, que foi
obrigado a fazer duas viagens de
Avaré, onde vive, para estar no
Morumbi ontem.
"Tentei comprar ingresso naquele domingo em que houve a
confusão nas bilheterias. Passei o
dia na fila, mas voltei sem os bilhetes. Então ontem [anteontem]
procurei um cambista e paguei R$
200 pela minha entrada", disse.
Certamente, ele deixou o estádio tão eufórico quanto o bancário James Francis Jr., 35, que chegou ao Morumbi a menos de uma
hora do início do jogo. Ele entrou
de graça e ficou em um dos melhores lugares do Morumbi. Foi
um dos privilegiados que receberam convites para os camarotes.
Nos festejos pelo título, havia
também quem considerava sua
presença decisiva para o tri.
"Hoje fiz questão de comparecer, para garantir o título", afirmou bem-humorado o advogado
Guilherme Amaral, 27.
Outro que voltou para casa rindo foi o empresário Christian
Gonzalez, 30. São-paulino, ele hoje vive em Curitiba. "Peguei o
avião à tarde e vim direto para o
estádio. A vitória de hoje tem sabor especial. Além de garantir o
tricampeonato, a vitória me permitirá brincar com os torcedores
do Atlético-PR", disse ele, que
não escondia o trauma de 1994.
Mas o torcedor que melhor definiu o sentimento de redenção foi
o funcionário público Rodrigo
Dórea, 28. "Há onze anos, saí daqui chorando por causa de um
goleiro-artilheiro. Hoje [ontem],
saio feliz, em parte por causa de
outro", declarou Dórea.
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