São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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FUTEBOL

São-paulinos relembram título perdido há 11 anos nas defesas do algoz Chilavert ao celebrarem o tri continental

Torcida solta grito entalado desde 1994

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um gol de Diego Tardeli nos momentos finais assinou ontem a carta de alforria da torcida são-paulina e permitiu que o Morumbi gritasse pela terceira vez "é campeão" na Libertadores.
Desde 1994, quando o paraguaio Chilavert brilhou na disputa de pênaltis e evitou o tricampeonato do São Paulo, o grito estava entalado na garganta.
Ontem, para "fechar o ciclo", a torcida cantou o nome de Telê Santana, o técnico de 1994.
A movimentação dos torcedores no estádio são-paulino começou no início da tarde de ontem.
Às 14h30, mais de sete horas antes do apito inicial, alguns são-paulinos já faziam filas nos portões de acesso. Fantasiado com uma barba branca e com uma túnica nas cores do São Paulo, o atendente de bingo João Paulo Batista de Oliveira, 21, era o primeiro da fila da arquibancada azul -um dos primeiros setores que tiveram ingressos esgotados.
"A decisão de 94 marcou. Assisti pela TV e lembro até hoje. Sei que será diferente nesta noite [ontem]. Não perderia esse jogo por nada!", disse Oliveira, que foi obrigado a fazer duas viagens de Avaré, onde vive, para estar no Morumbi ontem.
"Tentei comprar ingresso naquele domingo em que houve a confusão nas bilheterias. Passei o dia na fila, mas voltei sem os bilhetes. Então ontem [anteontem] procurei um cambista e paguei R$ 200 pela minha entrada", disse.
Certamente, ele deixou o estádio tão eufórico quanto o bancário James Francis Jr., 35, que chegou ao Morumbi a menos de uma hora do início do jogo. Ele entrou de graça e ficou em um dos melhores lugares do Morumbi. Foi um dos privilegiados que receberam convites para os camarotes.
Nos festejos pelo título, havia também quem considerava sua presença decisiva para o tri.
"Hoje fiz questão de comparecer, para garantir o título", afirmou bem-humorado o advogado Guilherme Amaral, 27.
Outro que voltou para casa rindo foi o empresário Christian Gonzalez, 30. São-paulino, ele hoje vive em Curitiba. "Peguei o avião à tarde e vim direto para o estádio. A vitória de hoje tem sabor especial. Além de garantir o tricampeonato, a vitória me permitirá brincar com os torcedores do Atlético-PR", disse ele, que não escondia o trauma de 1994.
Mas o torcedor que melhor definiu o sentimento de redenção foi o funcionário público Rodrigo Dórea, 28. "Há onze anos, saí daqui chorando por causa de um goleiro-artilheiro. Hoje [ontem], saio feliz, em parte por causa de outro", declarou Dórea.


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