São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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FUTEBOL

Cinco melhores times do campeonato têm treinadores ou comissões técnicas recheadas de ex-ídolos como jogadores

Nacional celebra funcionário de carreira

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns seguem como coadjuvantes. Outros se tornaram protagonistas. Todos são uma espécie de funcionários de confiança em clubes que defenderam como jogadores. E esses times colhem os frutos no Brasileiro-2005.
Os cinco melhores times da competição têm comissões técnicas recheadas de ex-ídolos dos gramados. O maior exemplo está justamente no melhor time da competição. Do gerente (Ronaldão) ao preparador de goleiros (Brigatti), passando pelos dois auxiliares do treinador Oswaldo Alvarez (Nenê Santana e Gersinho), a Ponte Preta tem funcionários que fizeram história no clube como atletas profissionais.
No vice-líder Fluminense, o técnico Abel Braga tem em Leomir, ex-meia do vitorioso time montado pelos cariocas na década de 80, o seu braço direito. "Vou conversar com o Leomir", afirmou o treinador antes de divulgar a equipe que enfrentaria o Paulista na final da Copa do Brasil.
Os gaúchos do Internacional, terceiro colocado, têm o ex-lateral-esquerdo Chico Fraga como um dos principais auxiliares do técnico Muricy Ramalho.
Gallo desempenhou a função de capitão do Santos por muitos anos na década de 90. Depois, foi auxiliar de Luxemburgo. Agora, resgatado após uma curta passagem pela Portuguesa, é o técnico do clube, quarto colocado no Nacional. E ele se gaba da intimidade que tem na equipe.
"Conheço o presidente Marcelo Teixeira há 14 anos", disse Gallo, que tem como auxiliar Serginho Chulapa, artilheiro do Santos e grande ídolo da torcida do time.
Outro que foi galgando posições foi o corintiano Márcio Bittencourt, que não usava o sobrenome quando era o principal responsável pela marcação no meio-campo da equipe no final dos anos 80 e início dos 90.
Ele foi auxiliar de vários treinadores, e, depois da dispensa de Daniel Passarella, assumiu o comando e não decepcionou -o Corinthians reagiu e ocupa hoje o quinto lugar na classificação.

Estabilidade
Com exceção de Gersinho e Leomir, que são fiéis escudeiros dos treinadores com quem trabalham, os ex-ídolos que estão na comissão técnica dos melhores do Brasileiro-2005 têm uma estabilidade rara no futebol atual.
Eles podem até perder status, mas são protegidos do caminho da rua. "O Márcio é muito querido por todos. Não tem porque ter pressão", diz Paulo Angioni, o diretor de futebol da MSI, que administra o Corinthians.
Alberto Dualib, o presidente do clube, não garante Márcio como treinador em caso de derrotas, mas diz que sua permanência no Corinthians é certa. "Infelizmente o mundo do futebol vive de resultados, mas o Márcio é funcionário do clube e deverá continuar conosco", disse o cartola antes do jogo contra o Palmeiras no último domingo pelo Nacional.
O próprio treinador se conforma com a possibilidade de voltar a ser coadjuvante na comissão técnica. "Sou funcionário do clube", afirmou Márcio após saber que o Corinthians poderia contratar o badalado Emerson Leão.
Nenê Santana e Serginho Chulapa já viveram a situação que hoje aflige Márcio.
O primeiro fez uma campanha desastrosa na Ponte Preta no início do Paulista-2005 e foi substituído por Oswaldo Alvarez. Mas, com uma história no clube iniciada em 1973, quando chegou às categorias de base do clube, foi reaproveitado como auxiliar.
Chulapa já assumiu o comando técnico do Santos como treinador efetivo ou interino várias vezes. Sem muito sucesso na função, ele é logo substituído, mas volta a ser auxiliar com um amplo leque de treinadores, como Vanderlei Luxemburgo e Oswaldo de Oliveira.
Longe da liderança no Brasileiro, mas campeão paulista e finalista da Libertadores, o São Paulo tem em Milton Cruz, ex-atacante do clube, um exemplo mais bem acabado de uma sólida relação.
Seja qual for o treinador contratado pelo clube, Cruz segue a trabalhar com os profissionais, seja como auxiliar ou observador.
Jogadores que são comandados por gente que conhece muito bem os clubes que trabalham apontam uma vantagem dessa relação. "O Passarella não conhecia muitos dos nossos jogadores. O Márcio sabe tudo da gente", afirma o zagueiro corintiano Marinho.


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