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FUTEBOL
Cinco melhores times do campeonato têm treinadores ou comissões técnicas recheadas de ex-ídolos como jogadores
Nacional celebra funcionário de carreira
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Alguns seguem como coadjuvantes. Outros se tornaram protagonistas. Todos são uma espécie
de funcionários de confiança em
clubes que defenderam como jogadores. E esses times colhem os
frutos no Brasileiro-2005.
Os cinco melhores times da
competição têm comissões técnicas recheadas de ex-ídolos dos
gramados. O maior exemplo está
justamente no melhor time da
competição. Do gerente (Ronaldão) ao preparador de goleiros
(Brigatti), passando pelos dois auxiliares do treinador Oswaldo Alvarez (Nenê Santana e Gersinho),
a Ponte Preta tem funcionários
que fizeram história no clube como atletas profissionais.
No vice-líder Fluminense, o técnico Abel Braga tem em Leomir,
ex-meia do vitorioso time montado pelos cariocas na década de 80,
o seu braço direito. "Vou conversar com o Leomir", afirmou o
treinador antes de divulgar a
equipe que enfrentaria o Paulista
na final da Copa do Brasil.
Os gaúchos do Internacional,
terceiro colocado, têm o ex-lateral-esquerdo Chico Fraga como
um dos principais auxiliares do
técnico Muricy Ramalho.
Gallo desempenhou a função de
capitão do Santos por muitos
anos na década de 90. Depois, foi
auxiliar de Luxemburgo. Agora,
resgatado após uma curta passagem pela Portuguesa, é o técnico
do clube, quarto colocado no Nacional. E ele se gaba da intimidade
que tem na equipe.
"Conheço o presidente Marcelo
Teixeira há 14 anos", disse Gallo,
que tem como auxiliar Serginho
Chulapa, artilheiro do Santos e
grande ídolo da torcida do time.
Outro que foi galgando posições
foi o corintiano Márcio Bittencourt, que não usava o sobrenome quando era o principal responsável pela marcação no meio-campo da equipe no final dos
anos 80 e início dos 90.
Ele foi auxiliar de vários treinadores, e, depois da dispensa de
Daniel Passarella, assumiu o comando e não decepcionou -o
Corinthians reagiu e ocupa hoje o
quinto lugar na classificação.
Estabilidade
Com exceção de Gersinho e
Leomir, que são fiéis escudeiros
dos treinadores com quem trabalham, os ex-ídolos que estão na
comissão técnica dos melhores do
Brasileiro-2005 têm uma estabilidade rara no futebol atual.
Eles podem até perder status,
mas são protegidos do caminho
da rua. "O Márcio é muito querido por todos. Não tem porque ter
pressão", diz Paulo Angioni, o diretor de futebol da MSI, que administra o Corinthians.
Alberto Dualib, o presidente do
clube, não garante Márcio como
treinador em caso de derrotas,
mas diz que sua permanência no
Corinthians é certa. "Infelizmente
o mundo do futebol vive de resultados, mas o Márcio é funcionário
do clube e deverá continuar conosco", disse o cartola antes do
jogo contra o Palmeiras no último
domingo pelo Nacional.
O próprio treinador se conforma com a possibilidade de voltar
a ser coadjuvante na comissão
técnica. "Sou funcionário do clube", afirmou Márcio após saber
que o Corinthians poderia contratar o badalado Emerson Leão.
Nenê Santana e Serginho Chulapa já viveram a situação que hoje aflige Márcio.
O primeiro fez uma campanha
desastrosa na Ponte Preta no início do Paulista-2005 e foi substituído por Oswaldo Alvarez. Mas,
com uma história no clube iniciada em 1973, quando chegou às categorias de base do clube, foi reaproveitado como auxiliar.
Chulapa já assumiu o comando
técnico do Santos como treinador
efetivo ou interino várias vezes.
Sem muito sucesso na função, ele
é logo substituído, mas volta a ser
auxiliar com um amplo leque de
treinadores, como Vanderlei Luxemburgo e Oswaldo de Oliveira.
Longe da liderança no Brasileiro, mas campeão paulista e finalista da Libertadores, o São Paulo
tem em Milton Cruz, ex-atacante
do clube, um exemplo mais bem
acabado de uma sólida relação.
Seja qual for o treinador contratado pelo clube, Cruz segue a trabalhar com os profissionais, seja
como auxiliar ou observador.
Jogadores que são comandados
por gente que conhece muito bem
os clubes que trabalham apontam
uma vantagem dessa relação. "O
Passarella não conhecia muitos
dos nossos jogadores. O Márcio
sabe tudo da gente", afirma o zagueiro corintiano Marinho.
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