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Brasil se prepara para suportar ressaca da Copa
Time de vôlei estréia na Liga Mundial à espera de pressão após fiasco no futebol
"Esporte não pode carregar o peso de gerar felicidade ao país", diz Bernardinho, que tenta levar a seleção ao sexto título do campeonato
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Brasil fora da Copa, e outra
seleção ligou o sinal de alerta.
"Quando vi que perdemos
[na Alemanha], já sabia. Tenho
certeza absoluta de que agora a
pressão em cima de nós vai aumentar ainda mais, da torcida,
da mídia... É um movimento
natural. Faz parte do esporte",
diz o levantador Ricardinho.
O primeiro termômetro desse movimento começa a ser visto hoje, às 18h, na estréia da
equipe do técnico Bernardinho
na Liga Mundial de vôlei. O adversário é a Argentina, em San
Juan. O Grupo B tem também
Portugal e Finlândia.
E o início não promete ser
tão favorável. A comissão técnica privilegiou os treinos físicos
durante a fase de preparação
em Saquarema (RJ).
Sem jogar partidas e com a
chegada de novos jogadores
-Sidão, Lucas e Ezinho-, o time deve sofrer com a falta de
ritmo nos primeiros duelos.
"Esse período serviu para eu
conhecer melhor o grupo, não
tive tempo antes. Agora já estou mais à vontade e mais bem
preparado para mostrar meu
trabalho e ganhar confiança",
diz Ezinho, o único do trio que
já havia sido convocado.
Além disso, o time ainda está
se adaptando à mudança na
parte da comissão técnica responsável pelo sistema defensivo -saiu Chico dos Santos, entrou Roberley Leonaldo.
"O começo é sempre assim,
enrolado. Essa é uma das nossas preocupações, saber controlar a pressão, a ansiedade... A
maior lição que a seleção de futebol deixou foi que não podemos pular etapas. Temos de dividir o campeonato em fatias,
de pizza, de torta, do que for, e
comer uma de cada vez, ou você
engasga", afirma Ricardinho.
Desde que começou seu trabalho na seleção, em 2001, Bernardinho viu o time responder
melhor em situações desfavoráveis. Quando era franco favorito, como nos Jogos Pan-Americanos de 2003, tropeçou.
Por isso, tem caprichado no
tom para deixar o elenco desconfortável até contra adversários mais fracos como o de hoje.
"A Argentina está fazendo investimento forte para tomar a
hegemonia do vôlei na América
do Sul. Eles têm o objetivo claro
de passar o Brasil. Não só eles
como todos os outros", diz.
Outra preocupação é manter
seus comandados com "os pés
no chão". Nos últimos anos, já
reclamou de situações em que
os atletas foram alvos de oba-oba como, por exemplo, quando o título da Liga foi mais festejado pela mídia do que a conquista do inédito Mundial-02.
"Temos a obrigação de fazer
bem nosso papel. Não podemos
querer saciar todas as expectativas. O esporte não pode carregar o peso de gerar felicidade
para o país. A melhor forma de
encarar a pressão é ter consciência de que a preparação foi
bem-feita", afirma o técnico.
"Os jogadores precisam se
ajudar. Só vão agüentar essa
carga coletivamente. Ninguém
suporta isso sozinho."
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