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TÊNIS
O porre da Copa
THALES DE MENEZES
A Copa acabou. No Brasil, significa que a imprensa esportiva
volta aos trilhos normais. Cada
esporte recupera seu quinhão.
Ao que parece, o espaço do tênis
corre risco de diminuir.
A pífia campanha de Gustavo
Kuerten em Roland Garros e
Wimbledon deixa a "Gugamania" com mais cara de fenômeno passageiro. Para o analista
de tênis, fica cada vez mais difícil provar que Kuerten tem recursos para ser um dos cinco ou
dez melhores do mundo.
O título que Kuerten e Meligeni conquistaram em duplas, no
último domingo, seria motivo
para comemoração fervorosa.
Agora, pós-Roland Garros 97,
parece uma vitória trivial.
Em outras palavras, enquanto
projetou o tênis no Brasil, a ascensão de Kuerten serviu também para banalizar os grandes
torneios. Wimbledon, US Open
e congêneres eram inalcançáveis, míticos. Agora, até brasileiro ganha, pensam todos.
Como a derrota na final da
Copa do Mundo deve contribuir para dar um porre de esporte no brasileiro, a paciência
do torcedor está abalada.
Qualquer derrota de Kuerten
passa a ser atestado de sua condição técnica. "Era fogo de palha, eu sabia!" é uma das frases
prontas para serem disparadas.
Bom, falar das qualidades do
brasileiro não adianta mais. Se
Kuerten conseguir ter cabeça
suficiente para jogar bem e prová-las mais uma vez, ótimo.
Caso contrário, uma queda do
ídolo não deve atrapalhar o
curso do tênis no Brasil.
A "Gugamania" já levou um
monte de garotos para as quadras. A tarefa da imprensa agora é suprir essa molecada de
informações. Que tal cobrir o
circuito direito? Porque o fã está cansado de ler sobre o penteado de Kuerten e não saber
quem anda jogando bem por aí.
O tênis é muito mais do que os
resultados de um único tenista.
O atleta passa, o esporte, fica.
Valorizar apenas uma pessoa
pode gerar decepções. Caso do
último domingo.
NOTAS
Antes tarde...
E finalmente a Federação Internacional de Tênis resolveu
tentar alguma mudança nas regras do esporte. Começou errado, é verdade, já que a experiência de eliminar a vantagem
nem era tão prioritária. A extinção do segundo saque, ao
que tudo indica a única maneira de salvar o tênis do marasmo, continua descartada. Mas
já é alguma coisa, sem dúvida.
Mais recordes
Desde a profissionalização
do circuito, em 1968, Pete
Sampras é o único tenista a
vencer 68% dos games que disputou em finais de Grand
Slam. Nesse cálculo, que só
considera tenistas que jogaram
mais de uma final, os que mais
se aproximam dele são o americano John McEnroe e o australiano Rod Laver, com 56%.
De malas prontas
Quem procura casa para morar no Brasil é a eterna musa
Gabriela Sabatini. A argentina
prefere Angra ou Recife.
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