São Paulo, quarta, 15 de julho de 1998

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TÊNIS
O porre da Copa

THALES DE MENEZES

A Copa acabou. No Brasil, significa que a imprensa esportiva volta aos trilhos normais. Cada esporte recupera seu quinhão. Ao que parece, o espaço do tênis corre risco de diminuir.
A pífia campanha de Gustavo Kuerten em Roland Garros e Wimbledon deixa a "Gugamania" com mais cara de fenômeno passageiro. Para o analista de tênis, fica cada vez mais difícil provar que Kuerten tem recursos para ser um dos cinco ou dez melhores do mundo.
O título que Kuerten e Meligeni conquistaram em duplas, no último domingo, seria motivo para comemoração fervorosa. Agora, pós-Roland Garros 97, parece uma vitória trivial.
Em outras palavras, enquanto projetou o tênis no Brasil, a ascensão de Kuerten serviu também para banalizar os grandes torneios. Wimbledon, US Open e congêneres eram inalcançáveis, míticos. Agora, até brasileiro ganha, pensam todos.
Como a derrota na final da Copa do Mundo deve contribuir para dar um porre de esporte no brasileiro, a paciência do torcedor está abalada.
Qualquer derrota de Kuerten passa a ser atestado de sua condição técnica. "Era fogo de palha, eu sabia!" é uma das frases prontas para serem disparadas.
Bom, falar das qualidades do brasileiro não adianta mais. Se Kuerten conseguir ter cabeça suficiente para jogar bem e prová-las mais uma vez, ótimo. Caso contrário, uma queda do ídolo não deve atrapalhar o curso do tênis no Brasil.
A "Gugamania" já levou um monte de garotos para as quadras. A tarefa da imprensa agora é suprir essa molecada de informações. Que tal cobrir o circuito direito? Porque o fã está cansado de ler sobre o penteado de Kuerten e não saber quem anda jogando bem por aí.
O tênis é muito mais do que os resultados de um único tenista. O atleta passa, o esporte, fica. Valorizar apenas uma pessoa pode gerar decepções. Caso do último domingo.

NOTAS

Antes tarde...
E finalmente a Federação Internacional de Tênis resolveu tentar alguma mudança nas regras do esporte. Começou errado, é verdade, já que a experiência de eliminar a vantagem nem era tão prioritária. A extinção do segundo saque, ao que tudo indica a única maneira de salvar o tênis do marasmo, continua descartada. Mas já é alguma coisa, sem dúvida.

Mais recordes
Desde a profissionalização do circuito, em 1968, Pete Sampras é o único tenista a vencer 68% dos games que disputou em finais de Grand Slam. Nesse cálculo, que só considera tenistas que jogaram mais de uma final, os que mais se aproximam dele são o americano John McEnroe e o australiano Rod Laver, com 56%.

De malas prontas
Quem procura casa para morar no Brasil é a eterna musa Gabriela Sabatini. A argentina prefere Angra ou Recife.



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