São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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AÇÃO

Voando sobre a água

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Pegar uma ondulação oceânica que passe pelo Havaí em direção ao continente americano e surfá-la até a Califórnia.
Foi mais ou menos assim que o "boardrider" Laird Hamilton descreveu o porquê de seu interesse no desenvolvimento do airboard ou foilboard, como vem sendo chamada a prancha com uma longa quilha terminando em forma de asa.
Soma-se à possibilidade de se cobrir longas distâncias sobre o futurístico equipamento a probabilidade de ele viabilizar o surfe em ondas ainda maiores do que as atuais pranchas permitem, e fica perfeitamente compreensível a grande dedicação dos homens-do-mar ao projeto.
Há quem diga que a tal onda de 100 pés, se for alcançada um dia, será com o foilboard.
A idéia surgiu há cerca de sete anos inspirada no "air chair", uma cadeirinha ligada à quilha, desenvolvida por praticantes de esqui-aquático.
Aproveitando a experiência em águas planas, os surfistas imaginaram o equipamento funcionando nas ondas e, em vez de sentados na cadeira, em pé sobre a prancha.
Levou pelo menos uns três anos para que Laird e Rush Randle, pioneiros no foilboarding, pudessem soltar o cabo que os conectava ao reboque, uma lancha ou jet ski, e efetivamente surfar algumas ondas.
Embora futurístico, o equipamento ainda está no que pode ser considerada a pré-história do seu desenvolvimento.
Não tanto pela quilha de metal com cerca de 80 cm de altura e meio metro de asa, que vem sendo desenvolvida e testada em vários veículos náuticos, mas sim pelo conjunto prancha/ fixação/ botas, semelhante ao hoje utilizado no snowboard.
Por ser pesado, cerca de oito quilos, o conjunto impõe um risco adicional ao já bastante arriscado surfe em ondas grandes.
Mesmo usando um colete salva-vidas apropriado, a mobilidade depois de uma queda fica bastante comprometida e, como a bota é imprescindível para a estabilidade sobre a prancha muito sensível, a equação ainda não está bem resolvida.
Mas, apesar das limitações do equipamento, da dificuldade de acesso a ele (o custo de US$ 3.000 e a pouca disponibilidade) e, por isso, do baixo número de praticantes, o esporte tem feito grandes progressos.
Desenvolvido com o intuito de diminuir o atrito da prancha com a água, o foilboarding proporciona velocidade muito superior à das pranchas comuns.
Isso porque à medida que o atleta é rebocado a prancha descola da água e o contato fica restrito à asa da quilha submersa.
Ou seja, troca-se o contato de uma prancha de cerca de dois metros com a superfície com o de uma asinha de 50 centímetros submersa.
Por isso, uma vez na onda, mesmo num mar mexido, a velocidade é sustentada, e a sensação do surfista, depois de muito treino, é a de estar voando sobre a superfície do mar.
Assim como recentemente aconteceu com o surfe de tow-in e com o kitesurfing, que aliás já foi testado com sucesso com o foilboard, é provável que daqui a algum tempo, não muito, as dúvidas sobre o futuro desta modalidade sejam somente sobre seus limites, e não mais a respeito de sua viabilidade.

Perna francesa
O surfista paraibano Fabio Gouveia foi o grande vencedor, e Guilherme Herdy ficou em quarto lugar no WQS (a divisão de acesso do surfe), seis estrelas, nível máximo, disputado em Anglet. O circuito mundial de surfe prossegue esta semana com a 26ª etapa em Lacanau.

Street skate
Brasileiros dominam modalidade nos X-Games. Rodil Jr, o Ferrugem, ficou com a medalha de ouro e ainda levou a melhor manobra, e Wagner Ramos ficou com a prata.

Base jump
Um grupo integrado por alguns dos melhores praticantes da modalidade, entre eles o brasileiro Luis Sabiá, está a caminho da Noruega, próximo ao Círculo Polar Ártico, com o objetivo de realizar saltos inéditos.

E-mail sarli@revistatrip.com.br



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