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AÇÃO
Voando sobre a água
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Pegar uma ondulação oceânica que passe pelo Havaí em
direção ao continente americano
e surfá-la até a Califórnia.
Foi mais ou menos assim que o
"boardrider" Laird Hamilton
descreveu o porquê de seu interesse no desenvolvimento do airboard ou foilboard, como vem
sendo chamada a prancha com
uma longa quilha terminando
em forma de asa.
Soma-se à possibilidade de se
cobrir longas distâncias sobre o
futurístico equipamento a probabilidade de ele viabilizar o surfe
em ondas ainda maiores do que
as atuais pranchas permitem, e fica perfeitamente compreensível a
grande dedicação dos homens-do-mar ao projeto.
Há quem diga que a tal onda de
100 pés, se for alcançada um dia,
será com o foilboard.
A idéia surgiu há cerca de sete
anos inspirada no "air chair",
uma cadeirinha ligada à quilha,
desenvolvida por praticantes de
esqui-aquático.
Aproveitando a experiência em
águas planas, os surfistas imaginaram o equipamento funcionando nas ondas e, em vez de sentados na cadeira, em pé sobre a
prancha.
Levou pelo menos uns três anos
para que Laird e Rush Randle,
pioneiros no foilboarding, pudessem soltar o cabo que os conectava ao reboque, uma lancha ou jet
ski, e efetivamente surfar algumas ondas.
Embora futurístico, o equipamento ainda está no que pode ser
considerada a pré-história do seu
desenvolvimento.
Não tanto pela quilha de metal
com cerca de 80 cm de altura e
meio metro de asa, que vem sendo desenvolvida e testada em vários veículos náuticos, mas sim
pelo conjunto prancha/ fixação/
botas, semelhante ao hoje utilizado no snowboard.
Por ser pesado, cerca de oito
quilos, o conjunto impõe um risco
adicional ao já bastante arriscado surfe em ondas grandes.
Mesmo usando um colete salva-vidas apropriado, a mobilidade
depois de uma queda fica bastante comprometida e, como a bota é
imprescindível para a estabilidade sobre a prancha muito sensível, a equação ainda não está
bem resolvida.
Mas, apesar das limitações do
equipamento, da dificuldade de
acesso a ele (o custo de US$ 3.000
e a pouca disponibilidade) e, por
isso, do baixo número de praticantes, o esporte tem feito grandes
progressos.
Desenvolvido com o intuito de
diminuir o atrito da prancha com
a água, o foilboarding proporciona velocidade muito superior à
das pranchas comuns.
Isso porque à medida que o
atleta é rebocado a prancha descola da água e o contato fica restrito à asa da quilha submersa.
Ou seja, troca-se o contato de
uma prancha de cerca de dois metros com a superfície com o de
uma asinha de 50 centímetros
submersa.
Por isso, uma vez na onda, mesmo num mar mexido, a velocidade é sustentada, e a sensação do
surfista, depois de muito treino, é
a de estar voando sobre a superfície do mar.
Assim como recentemente
aconteceu com o surfe de tow-in e
com o kitesurfing, que aliás já foi
testado com sucesso com o foilboard, é provável que daqui a algum tempo, não muito, as dúvidas sobre o futuro desta modalidade sejam somente sobre seus limites, e não mais a respeito de
sua viabilidade.
Perna francesa
O surfista paraibano Fabio Gouveia foi o grande vencedor, e Guilherme Herdy ficou em quarto lugar no WQS (a divisão de acesso
do surfe), seis estrelas, nível máximo, disputado em Anglet. O circuito mundial de surfe prossegue esta semana com a 26ª etapa em
Lacanau.
Street skate
Brasileiros dominam modalidade nos X-Games. Rodil Jr, o Ferrugem, ficou com a medalha de ouro e ainda levou a melhor manobra, e Wagner Ramos ficou com a prata.
Base jump
Um grupo integrado por alguns dos melhores praticantes da modalidade, entre eles o brasileiro Luis Sabiá, está a caminho da Noruega, próximo ao Círculo Polar Ártico, com o objetivo de realizar
saltos inéditos.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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