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De carona com três companheiros
JUCA KFOURI
Colunista da Folha
Vou pegar três caronas com três
belos companheiros desta Folha
neste domingo. A primeira com
Eduardo ""Fighting" Ohata, bravo
samurai em defesa do boxe na interminável polêmica, que mais
uma vez provoquei, sobre ser ou
não o boxe um esporte.
Ohata foi definitivo em sua coluna, na sexta-feira, sob o título
""A nobre arte", ao conceder ""que
quem quiser manter a opinião de
que o boxe não é esporte tem esse
direito", mas não tem o de ""afirmar que não é esporte."
Touché!, companheiro. Aqui,
em regra, opino. Há anos que desisti de afirmar (com exceções,
concordo), porque há até mesmo
quem considere, na velha guarda,
Arthur Friedenreich melhor do
que Pelé. E acrescento aos dois
ilustres ex-pugilistas que Ohata
citou como bem-sucedidos fora
do ringue (o cineasta John Huston e o político Juan Perón) o senador Eduardo Suplicy.
Mas não posso deixar de citar
também o maior de todos os pugilistas, Muhamad Ali, como demonstração do que o boxe é capaz de fazer com um ser humano
-admirável ser humano, diga-se
de passagem.
A segunda carona pego com o
repórter especial Mário ""Sherlock
Holmes" Magalhães, que, por
mensagem eletrônica, chamou
atenção para o fato de que o rubro-negro Beto e o ex-vascaíno
Caetano, num momento de arrogância e raiva, declararam aos
policiais que os abordaram quanto realmente ganham: o primeiro
disse receber R$ 135 mil, e o segundo, R$ 22 mil, para humilhar os
soldados. O Flamengo desmentiu,
por intermédio do gerente Gilmar
Rinaldi, que seja tudo isso, e o
Vasco informou que o goleiro recebia R$ 10 mil mensais. Será que
o registro em carteira diz uma coisa, e a boca do caixa diz outra?
Por último, mas não menos importante, Luís ""Adam Smith"
Nassif escreveu, ainda na sexta-
feira, sobre ""Uma revolução no
futebol", a propósito da entrada
do grupo HTMF no Corinthians.
Há tempos esperava conhecer a
opinião de Nassif sobre o tema.
E praticamente assino embaixo
do que escreveu com autoridade.
Faltou dizer, no entanto, que o
que motivou algumas críticas em
parte da imprensa esportiva (entre os quais me incluo) não foi
nem desconhecimento do assunto
nem apenas a presença da, como
Nassif diz, ""controvertida Traffic". Foi algo que hoje o próprio
HTMF reconhece, como pude ouvir de um de seus mais importantes executivos, o vice-presidente
da The Muller Sports Group, braço esportivo da HTMF e gestora
da parceria com o Corinthians,
Jeff Slack.
Slack concorda que houve pouca transparência e que o torcedor
alvinegro tem o direito de saber
detalhadamente tudo que diz respeito ao clube.
Dito isso, volto ao que sempre
disse: só no dia em que empresas
desse porte se aproximarem de
nosso futebol poderemos sonhar
em ter aqui algo parecido com a
NBA . E o dia chegou.
Chegou com o HTMF, com a ISL
no Flamengo (num processo incomparavelmente mais transparente, embora com os problemas
que são inerentes às discussões democráticas), com o NationsBank
no Vasco etc.
É natural que haja muita polêmica em torno desse processo e
que nem tudo que reluza seja, necessariamente, ouro.
Mas se não fosse por mais nada,
mesmo que revogada amanhã, a
Lei Pelé já cumpriu o seu papel de
abrir as portas para a modernização do nosso futebol.
Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças
e às quintas-feiras
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