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FUTEBOL NO MUNDO
Transparência
RODRIGO BUENO
Sou um jornalista brasileiro
que sabe bem mais sobre os projetos de Alemanha, Inglaterra e
África do Sul para receber a Copa de 2006 do que o projeto
apresentado por meu país.
Pode parecer estranho, especialmente para colegas estrangeiros que me perguntam detalhes sobre a candidatura encabeçada por Ricardo Teixeira,
mas é a mais pura verdade.
Há meses recebo dúzias de fax
sobre a candidatura inglesa,
acompanho o desenvolvimento
da candidatura alemã em agências internacionais e tomo conhecimento do projeto sul-africano em sites na Internet.
Não faltam fontes para quem
quer informação sobre os planos
dos ""gringos". Em contrapartida, sobram obstáculos para conhecer o conteúdo real (se é que
existe) do projeto brasileiro.
Em uma apuração na CBF,
me disseram que o presidente da
CBF ""esconde a sete chaves" o
programa para 2006. E também
concordaram ser um prejuízo à
ambição do dirigente eu não estar bem a par do projeto.
A idéia que Ricardo Teixeira
passa é a de que ele tenta convencer só os membros do Comitê
Executivo da Fifa, que vão decidir a sede da Copa, da viabilidade da candidatura brasileira,
pouco se importando em alcançar o apoio do povo brasileiro.
Mas, sinceramente, acho que
nem Ricardo Teixeira, que é um
dos 24 membros do comitê, está
convencido dessa viabilidade.
Como acreditar em um projeto que é escondido a sete chaves?
Parafraseando o inesquecível
Rubens Ricupero, se o projeto é
bom, a gente fatura e, se o projeto é ruim, a gente esconde.
Ingleses e alemães disputam
quem mais propaga pelo mundo
suas candidaturas. O lobby de
ambos já é séria ameaça à Copa
na África, que estava política e
historicamente garantida.
Para manter-se à frente na
disputa, os sul-africanos explicitaram nesta semana seu programa. E, aumentando as chances
do Brasil para 2010, só Pelé poderá ver o projeto nacional.
NOTAS
África do Sul
A Copa no país deve ter 13 estádios. Escrevi na terça-feira
que seriam 11, mas os responsáveis pela campanha anunciaram que mais dois estão em fase de planejamento. A capacidade dos estádios vai variar de
43 mil a 110 mil pessoas. O projeto prevê um investimento de
US$ 348 milhões (só a reforma
do estádio de Wembley supera
isso), sendo que US$ 271 milhões viriam da venda de ingressos, mais acessíveis que os
da Copa da França. O Mundial
na África do Sul poderia trazer
US$ 2,7 bilhões ao país, que lucraria também com a geração
de 129 mil novos empregos.
Alemanha
Mais seriedade.
Inglaterra
Mais populismo.
Marrocos
Nada mais que protesto velado à Confederação Africana.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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