São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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FUTEBOL NO MUNDO
Transparência

RODRIGO BUENO

Sou um jornalista brasileiro que sabe bem mais sobre os projetos de Alemanha, Inglaterra e África do Sul para receber a Copa de 2006 do que o projeto apresentado por meu país.
Pode parecer estranho, especialmente para colegas estrangeiros que me perguntam detalhes sobre a candidatura encabeçada por Ricardo Teixeira, mas é a mais pura verdade.
Há meses recebo dúzias de fax sobre a candidatura inglesa, acompanho o desenvolvimento da candidatura alemã em agências internacionais e tomo conhecimento do projeto sul-africano em sites na Internet.
Não faltam fontes para quem quer informação sobre os planos dos ""gringos". Em contrapartida, sobram obstáculos para conhecer o conteúdo real (se é que existe) do projeto brasileiro.
Em uma apuração na CBF, me disseram que o presidente da CBF ""esconde a sete chaves" o programa para 2006. E também concordaram ser um prejuízo à ambição do dirigente eu não estar bem a par do projeto.
A idéia que Ricardo Teixeira passa é a de que ele tenta convencer só os membros do Comitê Executivo da Fifa, que vão decidir a sede da Copa, da viabilidade da candidatura brasileira, pouco se importando em alcançar o apoio do povo brasileiro.
Mas, sinceramente, acho que nem Ricardo Teixeira, que é um dos 24 membros do comitê, está convencido dessa viabilidade.
Como acreditar em um projeto que é escondido a sete chaves?
Parafraseando o inesquecível Rubens Ricupero, se o projeto é bom, a gente fatura e, se o projeto é ruim, a gente esconde.
Ingleses e alemães disputam quem mais propaga pelo mundo suas candidaturas. O lobby de ambos já é séria ameaça à Copa na África, que estava política e historicamente garantida.
Para manter-se à frente na disputa, os sul-africanos explicitaram nesta semana seu programa. E, aumentando as chances do Brasil para 2010, só Pelé poderá ver o projeto nacional.

NOTAS

África do Sul
A Copa no país deve ter 13 estádios. Escrevi na terça-feira que seriam 11, mas os responsáveis pela campanha anunciaram que mais dois estão em fase de planejamento. A capacidade dos estádios vai variar de 43 mil a 110 mil pessoas. O projeto prevê um investimento de US$ 348 milhões (só a reforma do estádio de Wembley supera isso), sendo que US$ 271 milhões viriam da venda de ingressos, mais acessíveis que os da Copa da França. O Mundial na África do Sul poderia trazer US$ 2,7 bilhões ao país, que lucraria também com a geração de 129 mil novos empregos.

Alemanha
Mais seriedade.

Inglaterra
Mais populismo.

Marrocos
Nada mais que protesto velado à Confederação Africana.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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