São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2011

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CBF escala bandeirinha para jogo de time do irmão dela

SÉRIE B
Márcia Caetano atuou em partida do Bragantino, de Júnior Lopes


Edmar Melo - 12.out.09/Agif/Folhapress
A bandeirinha Márcia Caetano trabalha em jogo do Palmeiras no Brasileiro-09

LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO

Eram 25min do 1º tempo, e o Bragantino já vencia o Náutico por 1 a 0 quando Lincon, aparentemente em posição de impedimento, ampliou o placar a favor dos paulistas.
O lance gerou reclamação dos pernambucanos, que se sentiram prejudicados, após o jogo em Bragança Paulista.
Os protestos poderiam ter esfriado ontem, dia seguinte à partida válida pela 23ª rodada da Série B, não fosse a revelação, feita num blog de torcedores alvirrubros, de que a bandeirinha que validou o segundo gol do Bragantino, Márcia Bezerra Lopes Caetano, é irmã de Júnior Lopes, titular da zaga do time do interior de São Paulo.
Ambos são filhos de Lourival Domingos Lopes, ex-árbitro, mas de mães diferentes.
A informação, até então desconhecida pelo Náutico, irritou a direção do clube, que, com a derrota, caiu para a terceira posição.
"É um absurdo uma bandeira trabalhar em uma partida em que o irmão está diretamente envolvido", afirmou o presidente do Náutico, Berillo Albuquerque, que fará protesto formal na CBF.
"É óbvio que tem interesse no resultado. O segundo gol foi em total impedimento, e era responsabilidade dela."
"Vamos representar na CBF para que a Comissão de Arbitragem não cometa mais erros como esse", declarou o presidente do Náutico.
"Mas os pontos que perdemos ontem [anteontem] não vamos mais recuperar."
Quem também não sabia desse parentesco entre Márcia e o Júnior Lopes era a Anaf (Associação Nacional de Árbitros de Futebol).
"A entidade não tinha essa informação, e creio que a Comissão de Arbitragem da CBF também não, senão teriam preservado a Márcia", afirmou o presidente da Anaf, Marco Antônio Martins.
Procurada, a CBF não respondeu aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição.
"Aquele foi um lance de jogo. A minha vida particular não interessa a ninguém", afirmou Márcia, auxiliar de Rondônia que faz parte do quadro da Fifa no país.
"Ela é uma pessoa séria e de bom caráter. Nunca faria algo para estragar a própria carreira", afirmou Júnior Lopes, que não mantém relação próxima com a bandeirinha. "Ela vivia com a mãe dela, e eu, com a minha", disse ele.
O jogador, porém, critica a CBF por ter escalado Márcia para o duelo ante o Náutico.
"Por mim e por ela, não tem problema. Mas a CBF poderia ter tido esse cuidado. Sempre vai ter alguém com o pé atrás, e o time que perde sempre vai procurar um culpado", afirmou o zagueiro.
Apesar da revolta do Náutico, não há impedimento legal para a escalação de Márcia nos jogos de seu irmão. "O regulamento não impede. Juridicamente, não há nada", afirmou o diretor jurídico da Anaf, Giulliano Bozzano.


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