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VÔLEI
Atacante levou prêmio de melhor jogadora do Grand Prix-98 após sofrer com uma contusão, como ocorreu em 96
Leila troca seleção por filho após Sydney
LUÍS CURRO
da Reportagem Local
Para uma certa atleta, a conquista do terceiro título da seleção brasileira feminina no Grand Prix de
vôlei teve sabor extra de repetição.
No geral, um sabor agradável
-porém não inteiramente.
No caso da atacante Leila, 26, há
três paralelos em relação ao último Grand Prix disputado pelo
Brasil, dois anos atrás.
A seleção conquistou o título,
também contra a Rússia, Leila foi
eleita novamente a melhor jogadora da competição, e, na semana
das finais, contusões a atormentaram e a ameaçaram de não jogar.
Motivada, ela pretende defender
a seleção até a Olimpíada de
Sydney-2000. Depois, deixar a
equipe para se dedicar à família
-deseja ter um filho.
Em 96, Leila superou fortes dores no ombro esquerdo para seguir no Grand Prix, que é a terceira competição em importância no
calendário do vôlei, atrás apenas
de Mundial e Olimpíada.
A contusão se agravou e resultou
em uma cirurgia, em julho do ano
passado, que a afastou das quadras por cerca de seis meses.
Neste Grand Prix, ela falou à Folha, por telefone, que voltou a passar por momentos de agonia na
semana que antecedeu a conquista
do título da competição.
"Foram dores lombares agudas.
Não conseguia nem andar ou dormir. Sofri demais", contou.
Como tratamentos com ultrassom, bolsas de água quente e pequenos choques elétricos falharam, ela jogou "no sacrifício" a
última rodada da etapa classificatória, na qual o Brasil precisava de
duas vitórias em três jogos para se
classificar para as semifinais.
Objetivo cumprido, Leila
abriu-se para a acupuntura, e o
tratamento deu resultado.
Na final (vitória por 3 sets a 0
contra a Rússia), ela foi a melhor
brasileira, marcando 10 pontos.
Folha - Você foi eleita pela segunda vez a melhor jogadora do
Grand Prix. Qual a sensação?
Leila Barros - Gratificante. Meu
desempenho foi regular na maioria dos jogos, e na final fui a melhor atacante, a maior pontuadora. Não sei o critério de escolha da
federação internacional, mas nada
se compara ao título em si. Foi um
torneio desgastante. Tivemos
meio período de folga durante 30
dias. Acho que a equipe inteira merecia ganhar o prêmio de melhor
jogadora, se isso pudesse acontecer. Quero oferecer o prêmio a todas minhas companheiras.
Folha - Você leva a fama de ser a
atual musa e também uma das
atletas mais simpáticas desta seleção. Acha que contribuiu para ganhar o prêmio?
Leila - Aqui na China minha
popularidade é absurda, impressionante. Na saída do hotel os torcedores me dão presentes, cartões,
balinhas. Nas partidas, não param
de berrar. Acho que é a alegria e a
garra que transmito da quadra.
Folha - A exemplo deste Grand
Prix, você conviveu com uma contusão no de 96. Lembra-se dela?
Leila - Foi um problema no ombro. Superei, mas depois tive que
operar, o que me afastou da seleção em 97. O vôlei é desgastante,
mas nesse tempo fora vi o quanto é
gostoso e o quanto faz falta a adrenalina e o contato com o público.
Folha - E quais são seus próximos
planos profissionais e pessoais?
Leila - Com a seleção quero
conquistar o Mundial, onde a cobrança será ainda maior, e chegar
até a Olimpíada do ano 2000. Depois saio e vou cuidar do meu lado
pessoal. Penso em ter filhos.
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