São Paulo, terça, 15 de setembro de 1998

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VÔLEI
Atacante levou prêmio de melhor jogadora do Grand Prix-98 após sofrer com uma contusão, como ocorreu em 96
Leila troca seleção por filho após Sydney

LUÍS CURRO
da Reportagem Local

Para uma certa atleta, a conquista do terceiro título da seleção brasileira feminina no Grand Prix de vôlei teve sabor extra de repetição.
No geral, um sabor agradável -porém não inteiramente.
No caso da atacante Leila, 26, há três paralelos em relação ao último Grand Prix disputado pelo Brasil, dois anos atrás.
A seleção conquistou o título, também contra a Rússia, Leila foi eleita novamente a melhor jogadora da competição, e, na semana das finais, contusões a atormentaram e a ameaçaram de não jogar.
Motivada, ela pretende defender a seleção até a Olimpíada de Sydney-2000. Depois, deixar a equipe para se dedicar à família -deseja ter um filho.
Em 96, Leila superou fortes dores no ombro esquerdo para seguir no Grand Prix, que é a terceira competição em importância no calendário do vôlei, atrás apenas de Mundial e Olimpíada.
A contusão se agravou e resultou em uma cirurgia, em julho do ano passado, que a afastou das quadras por cerca de seis meses.
Neste Grand Prix, ela falou à Folha, por telefone, que voltou a passar por momentos de agonia na semana que antecedeu a conquista do título da competição.
"Foram dores lombares agudas. Não conseguia nem andar ou dormir. Sofri demais", contou.
Como tratamentos com ultrassom, bolsas de água quente e pequenos choques elétricos falharam, ela jogou "no sacrifício" a última rodada da etapa classificatória, na qual o Brasil precisava de duas vitórias em três jogos para se classificar para as semifinais.
Objetivo cumprido, Leila abriu-se para a acupuntura, e o tratamento deu resultado.
Na final (vitória por 3 sets a 0 contra a Rússia), ela foi a melhor brasileira, marcando 10 pontos.

Folha - Você foi eleita pela segunda vez a melhor jogadora do Grand Prix. Qual a sensação?
Leila Barros -
Gratificante. Meu desempenho foi regular na maioria dos jogos, e na final fui a melhor atacante, a maior pontuadora. Não sei o critério de escolha da federação internacional, mas nada se compara ao título em si. Foi um torneio desgastante. Tivemos meio período de folga durante 30 dias. Acho que a equipe inteira merecia ganhar o prêmio de melhor jogadora, se isso pudesse acontecer. Quero oferecer o prêmio a todas minhas companheiras.
Folha - Você leva a fama de ser a atual musa e também uma das atletas mais simpáticas desta seleção. Acha que contribuiu para ganhar o prêmio?
Leila -
Aqui na China minha popularidade é absurda, impressionante. Na saída do hotel os torcedores me dão presentes, cartões, balinhas. Nas partidas, não param de berrar. Acho que é a alegria e a garra que transmito da quadra.
Folha - A exemplo deste Grand Prix, você conviveu com uma contusão no de 96. Lembra-se dela?
Leila -
Foi um problema no ombro. Superei, mas depois tive que operar, o que me afastou da seleção em 97. O vôlei é desgastante, mas nesse tempo fora vi o quanto é gostoso e o quanto faz falta a adrenalina e o contato com o público.
Folha - E quais são seus próximos planos profissionais e pessoais?
Leila -
Com a seleção quero conquistar o Mundial, onde a cobrança será ainda maior, e chegar até a Olimpíada do ano 2000. Depois saio e vou cuidar do meu lado pessoal. Penso em ter filhos.



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