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FUTEBOL
Não suportou o tranco
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Júnior não suportou o tranco.
Após os 3 a 0 contra o São Caetano, ele disse que ficou quatro
noites com insônia e emagreceu.
Entrou em pânico. O outro 3 a 0
para o São Paulo foi a gota d'água. Mas ele sabia que o time era
fraco e só aceitou o convite para
fazer um trabalho mais longo. Será que aconteceu algo importante
e que não foi revelado?
Se não houve, o fato demonstra
a insegurança do técnico em assumir para valer a nova carreira.
Há mais ou menos dez anos que
ele não decide se quer ser técnico
ou comentarista. Bica dos dois lados. Júnior, provavelmente, retornará à televisão e à praia. É mais
tranquilo e prazeroso.
No Rio, Oswaldo de Oliveira
também foi embora. Ao mesmo
tempo em que criticou os movimentos políticos que atrapalham
os jogadores, a má estrutura profissional do Flamengo e o atraso
de salários, que já são motivos para o técnico pedir demissão, Oswaldo elogiou os atuais dirigentes
que o contrataram. Não entendi.
Ele revelou que tem 14 meses de
salários atrasados para receber de
Flamengo, São Paulo, Vasco e
Fluminense. Isso é um retrato da
crônica e grave crise financeira
dos clubes brasileiros. A TV Globo
e muitos dirigentes querem aproveitar da situação para culpar a
fórmula de pontos corridos e trocá-la pela dos mata-matas.
Assim como aconteceu no São
Paulo, Oswaldo defendeu com
veemência os jogadores, que seriam vítimas. Os atletas pediram
a sua permanência e dedicaram a
vitória ao técnico. Tarde demais.
Deveriam demonstrar essa amizade durante o campeonato.
Jogo sonolento
O jogo do Brasil foi sonolento.
Desta vez não há desculpa de que
o rival marcou bem, como fez o
Equador. A Jamaica atuou na defesa, colocou os dez jogadores
atrás da linha da bola, mas deu
chances para o time brasileiro.
A discreta atuação do Kaká reforçou a impressão de que ele se
destacou mais do que os outros
nas duas partidas pelas eliminatórias, quando entrou no segundo
tempo, porque os adversários estavam cansados, precisavam
avançar e deixaram mais espaços
na defesa, o que facilita para um
jogador rápido e de dribles largos.
Isso não significa que ele não possa ser titular da seleção ou de
qualquer equipe do mundo.
Preciso fazer uma correção. Escrevi que a seleção e o Cruzeiro
têm esquemas táticos idênticos.
São parecidos. As duas equipes jogam com três no meio-campo e
três adiantados, mas no Cruzeiro
há um meia ofensivo (Alex) e dois
atacantes que se movimentam na
frente. Na seleção, são dois meias
e um atacante fixo.
Essa formação da seleção, que
deu certo na Copa, começa a
preocupar. Os dois meias recuam
ao mesmo tempo, e o Ronaldo fica isolado. Há excessivas trocas
de passes pelo meio. Em alguns
momentos, principalmente quando os laterais estiverem bem marcados, o time vai precisar de um
atacante veloz pelos lados. Quem?
Curtas do Brasileirão
- Leão não suportou o segundo
lugar, a longa distância do Cruzeiro e os muitos elogios ao Luxemburgo. A frustração e nervosismo do técnico do Santos passaram para os jogadores. Se o time
não reagir, poderá perder até a
vaga na Libertadores.
- Ao ver o Vasco jogar no Mineirão e no Maracanã, fiquei mais
convicto de que o time só não está
entre os últimos colocados porque
atua no alçapão de São Januário,
onde se sente à vontade e a pressão da torcida inibe o visitante.
- Há muito tempo que considero o Romário o grande craque dos
"ex-jogadores em atividade". Porém ele foi tão genial, e o time do
Fluminense é tão fraco, que ainda
poderá ajudar o clube, pelo menos na cobrança de pênaltis.
- A falta de um atacante não é a
única grave deficiência do Corinthians. Abuda tem futuro. Não será ele, ou outro atacante, que resolverá o problema do ataque. O
Corinthians não precisa de um
centroavante para ter um bom time, mas sim de um bom time para ter um bom centroavante.
- A defesa do Rubinho foi espetacular na falta, cobrada pelo Rogério, que resultou no gol do São
Paulo. Talvez tenha sido a mais
bela e difícil do campeonato. Era
impossível espalmar para o lado.
- Rojas deveria esquecer o Rico e
insistir com os jovens Diego e Kléber. O futebol do Rico é muito pobre para um grande clube.
- Luis Fabiano é o Animal 2.
Não consegue controlar seus impulsos. Ele é sincero quando diz
que não teve intenção de agredir
o rival. O instinto não pensa; age.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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