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Entradas de jogo do Brasil são distribuídas ao funcionalismo estadual
Maranhão faz festa do ingresso grátis
FÁBIO VICTOR
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADOS ESPECIAIS A SÃO LUÍS
A festa política da seleção brasileira em São Luís (MA) acabou se
transformando também na festa
do ingresso grátis.
O time nacional jogaria ontem à
noite na capital do Maranhão
contra a Venezuela, às 21h40.
Além dos convites reservados
pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para seus parceiros
comerciais e para dirigentes de federações, o governo do Maranhão distribuiu ontem, gratuitamente, ingressos para o funcionalismo público estadual.
A Folha esteve ontem em dois
órgãos do governo do Maranhão,
no centro de São Luís. Nos dois
locais, funcionários, que pediram
para não serem identificados, exibiram seus ingressos de R$ 15,00
para a partida da seleção.
De acordo com eles, todas as secretarias e autarquias estaduais
foram presenteadas com ingressos. Ontem em São Luís o expediente no governo terminou uma
hora mais cedo, às 17h.
Alguns funcionários ganharam
os ingressos em sorteios. Outros
nem precisaram contar com a
sorte: receberam dos chefes.
Segundo a Gedel (Gerência de
Desenvolvimento do Desporto e
Lazer), que administra o estádio
Castelão, palco da partida, 75 mil
lugares foram disponibilizados.
Segundo a Folha apurou, desse
total, quase 20 mil foram distribuídos pela CBF para patrocinadores, convidados e para o governo do Maranhão, administrado
por Roseana Sarney (PFL), pré-candidata à Presidência em 2002.
O curioso é que a distribuição
dos ingressos para comercialização estava a cargo do Sistema Mirante de Comunicação, que deu
apoio promocional à partida e é
de propriedade da família Sarney.
Fernando Sarney, irmão da governadora e diretor da CBF, é o
principal executivo do Sistema
Mirante de Comunicação, afiliado da Rede Globo.
Mas, de acordo com Dulce Brito, coordenadora da área de marketing do Sistema Mirante, a bilheteria da partida é da CBF.
"Nós e a Federação Maranhense
de Futebol não ficamos com nada
da bilheteria", disse.
Ela não soube informar se os ingressos distribuídos pelo governo
foram comprados pelo Estado ou
doados pela CBF.
Alguns ingressos para o jogo
também foram distribuídos em
uma festa para 300 convidados
oferecida anteontem à noite pela
governadora e seu irmão.
O evento, realizado na casa do
governo do Maranhão na praia
do Calhau, serviu para Roseana
Sarney fazer o lançamento informal de sua candidatura à Presidência da República.
Em entrevista à Folha anteontem, Roseana disse que não faria
uso político da partida. "Futebol e
política não se misturam", chegou a declarar.
Mas a partida em São Luís atendeu, na verdade, a um pedido pessoal da própria governadora, que
chegou ao segundo lugar nas pesquisas para a eleição presidencial,
que acontece em outubro do ano
que vem.
Os ingressos, que variavam de
R$ 15,00 a R$ 50,00, foram comercializados em São Luís nas agências do BEM (Banco do Estado do
Maranhão), federalizado.
Ontem, boa parte deles foi vendida nas bilheterias do Castelão,
mas até as 19h eles ainda não haviam se esgotado.
A baixa procura pelos ingressos,
já que os preços foram considerados altos para os padrões do futebol maranhense, motivou a distribuição dos ingressos pelo governo. O preço para assistir a uma
partida do Sampaio Corrêa, time
local, é, em média, R$ 3,00.
A Folha tentou falar ontem com
a governadora, mas ela não foi localizada. Roseana era aguardada à
noite na tribuna do Castelão, estádio que também pertence ao governo do Maranhão.
Para reformar o Castelão para o
último jogo do Brasil nas eliminatórias, foram gastos cerca de R$
200 mil, o que a governadora diz
ter sido "um investimento para o
Estado, não para a seleção".
Os gastos no complexo esportivo do estádio, que inclui um ginásio anexo, chegaram a R$ 1 milhão nos últimos meses.
Para a CBF e seus convidados,
só nas cadeiras do estádio, cerca
de mil lugares foram reservados,
além de camarotes especiais instalados pela agência de marketing
esportivo Traffic.
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