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MOTOR
Na Dutra
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Fãs de Interlagos e paulistanos
empedernidos podem começar a se preocupar. A transferência do GP Brasil de F-1 para o Rio
está em curso. Após décadas de
falatório, ameaças vazias e jogo
de cena, pela primeira vez o principal interessado, a própria categoria, considera a possibilidade.
Não, a disputa entre Ministério
Público e Prefeitura de São Paulo
não é o principal motivo. Pode
servir de catalisador, mas é uma
questão extemporânea, herança
da administração Pitta. Seria, digamos, a desculpa do momento,
uma mera coincidência. O problema é que, de coincidência em
coincidência, o troço anda.
Na semana passada, pouco antes de o caso estourar nos jornais
de São Paulo, a Prefeitura do Rio
já tinha conhecimento da existência da liminar. Nesta, publicitários e pessoas envolvidas com os
mais diversos aspectos da corrida
já trabalham com os dois cenários. Enfim, a situação é bem diferente daquela que se percebia há
alguns meses, quando Cesar
Maia teve um encontro em Londres com Bernie Ecclestone.
Até ali, a volta da F-1 ao Rio era
mais um dos sonhos esquisitos do
prefeito carioca, que ainda levou
uma bronca por ter permitido a
desfiguração de Jacarepaguá. De
lá para cá, no entanto, muita coisa mudou. Dizem até que Hermann Tilke, o arquiteto preferido
da F-1, responsável pelos espetaculares complexos de Malásia,
Bahrein e Turquia e pelas reformas de Hockenheim e Nurburgring já foi contatado para resolver o dilema imposto pelo Pan
-autódromo ou praça esportiva?
Se é mais do que evidente a vontade do poder público fluminense
em abrigar a prova, também é
notória a vontade de seu par paulistano em manter a corrida no
ano que vem. O GP Brasil de F-1
está na programação oficial dos
450 anos de São Paulo e vai acontecer no meio da tentativa de reeleição de Marta Suplicy; terá nova dotação orçamentária e, principal, prazo inédito para sua preparação. Pode ainda ser a corrida
que vai decidir o campeonato.
Enfim, essa já é de Interlagos.
O Rio viria então em 2005, ano
em que a cidade já estará ensaiando seus novos equipamentos
esportivos para o Pan e, mais importante, concorrendo a sede da
Olimpíada de 2012. A F-1 funcionaria como a cereja do bolo carioca, com festinha transmitida via
satélite para o resto do planeta.
(Alguém vai lembrar que nesse
ano a publicidade de cigarro será
proibida por aqui, mas isso está
marcado para o meio da temporada, justamente quando o COI
decidirá quem leva os Jogos, deixando o primeiro semestre como
data ideal. Coincidência, não?)
Para completar, existe uma terceira vontade, que é a dos barões
da F-1. Vale a pena manter uma
corrida por aqui, com tantos
bumps e problemas? Por incrível
que pareça, sim. Oficialmente,
porque o evento é global, precisa
estar em todos os cantos do mundo e, por aqui, só o bananal tem
estrutura. Pelo lado mais mundano, porque a corrida dá lucro para os organizadores e as montadoras fazem questão do mercado.
Somando as três vontades, o GP
Brasil não corre risco, mas já calcula quanto custa a ponte aérea.
Macau
Fabio Carbone larga da pole no tradicional GP de Macau, que chega
este ano à 50ª edição. Nelson Piquet, o filho, não foi tão bem e se classificou em 13º. A festa da F-3, em que uma vitória já significou passaporte certo para a F-1, acontece amanhã na ex-colônia portuguesa.
Prost
O tetracampeão mostrou ainda estar ressentido com a Ferrari, mesmo após tantos anos. Ao "The Sun", afirmou que a escuderia montou estrutura para um único piloto, no caso, Schumacher, restando
ao segundo, Barrichello, o papel de "lambe-botas". Lembrou de seus
duelos contra Senna e Lauda. Só esqueceu de ponderar que todos os
times campeões desde seu último título, de uma ou outra forma, privilegiaram um de seus pilotos para triunfar. A F-1 mudou. Para pior.
E-mail mariante@uol.com.br
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