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São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2003

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MOTOR

Na Dutra

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Fãs de Interlagos e paulistanos empedernidos podem começar a se preocupar. A transferência do GP Brasil de F-1 para o Rio está em curso. Após décadas de falatório, ameaças vazias e jogo de cena, pela primeira vez o principal interessado, a própria categoria, considera a possibilidade.
Não, a disputa entre Ministério Público e Prefeitura de São Paulo não é o principal motivo. Pode servir de catalisador, mas é uma questão extemporânea, herança da administração Pitta. Seria, digamos, a desculpa do momento, uma mera coincidência. O problema é que, de coincidência em coincidência, o troço anda.
Na semana passada, pouco antes de o caso estourar nos jornais de São Paulo, a Prefeitura do Rio já tinha conhecimento da existência da liminar. Nesta, publicitários e pessoas envolvidas com os mais diversos aspectos da corrida já trabalham com os dois cenários. Enfim, a situação é bem diferente daquela que se percebia há alguns meses, quando Cesar Maia teve um encontro em Londres com Bernie Ecclestone.
Até ali, a volta da F-1 ao Rio era mais um dos sonhos esquisitos do prefeito carioca, que ainda levou uma bronca por ter permitido a desfiguração de Jacarepaguá. De lá para cá, no entanto, muita coisa mudou. Dizem até que Hermann Tilke, o arquiteto preferido da F-1, responsável pelos espetaculares complexos de Malásia, Bahrein e Turquia e pelas reformas de Hockenheim e Nurburgring já foi contatado para resolver o dilema imposto pelo Pan -autódromo ou praça esportiva?
Se é mais do que evidente a vontade do poder público fluminense em abrigar a prova, também é notória a vontade de seu par paulistano em manter a corrida no ano que vem. O GP Brasil de F-1 está na programação oficial dos 450 anos de São Paulo e vai acontecer no meio da tentativa de reeleição de Marta Suplicy; terá nova dotação orçamentária e, principal, prazo inédito para sua preparação. Pode ainda ser a corrida que vai decidir o campeonato. Enfim, essa já é de Interlagos.
O Rio viria então em 2005, ano em que a cidade já estará ensaiando seus novos equipamentos esportivos para o Pan e, mais importante, concorrendo a sede da Olimpíada de 2012. A F-1 funcionaria como a cereja do bolo carioca, com festinha transmitida via satélite para o resto do planeta.
(Alguém vai lembrar que nesse ano a publicidade de cigarro será proibida por aqui, mas isso está marcado para o meio da temporada, justamente quando o COI decidirá quem leva os Jogos, deixando o primeiro semestre como data ideal. Coincidência, não?)
Para completar, existe uma terceira vontade, que é a dos barões da F-1. Vale a pena manter uma corrida por aqui, com tantos bumps e problemas? Por incrível que pareça, sim. Oficialmente, porque o evento é global, precisa estar em todos os cantos do mundo e, por aqui, só o bananal tem estrutura. Pelo lado mais mundano, porque a corrida dá lucro para os organizadores e as montadoras fazem questão do mercado.
Somando as três vontades, o GP Brasil não corre risco, mas já calcula quanto custa a ponte aérea.

Macau
Fabio Carbone larga da pole no tradicional GP de Macau, que chega este ano à 50ª edição. Nelson Piquet, o filho, não foi tão bem e se classificou em 13º. A festa da F-3, em que uma vitória já significou passaporte certo para a F-1, acontece amanhã na ex-colônia portuguesa.

Prost
O tetracampeão mostrou ainda estar ressentido com a Ferrari, mesmo após tantos anos. Ao "The Sun", afirmou que a escuderia montou estrutura para um único piloto, no caso, Schumacher, restando ao segundo, Barrichello, o papel de "lambe-botas". Lembrou de seus duelos contra Senna e Lauda. Só esqueceu de ponderar que todos os times campeões desde seu último título, de uma ou outra forma, privilegiaram um de seus pilotos para triunfar. A F-1 mudou. Para pior.

E-mail mariante@uol.com.br


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