São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

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"Gêmeos" e renegados pelo Palmeiras são sonho italiano

Além da data de nascimento, Amauri, do Palermo, e Taddei, da Roma, têm em comum o início frustrante no Parque Antarctica e o interesse da Azzurra

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Nascidos no mesmo dia e ano, renegados pelo mesmo clube e brilhando em times diferentes, dois jogadores paulistas podem acabar atuando na mesma seleção: a italiana.
Os homens cercados por essas coincidências são Amauri, atacante do líder Palermo, e Taddei, meia da Roma, em terceiro na Série A italiana.
Nasceram em 3 de junho de 1980, um em Carapicuíba, o outro em São Paulo. Ambos são debatidos por imprensa e torcida como opções para o time de Roberto Donadoni -que pega a Turquia hoje em amistoso- após terem vivido dissabores no início da carreira justamente no italianíssimo Palmeiras.
Taddei é mais íntimo dos alviverdes. Revelado por Luiz Felipe Scolari, não teve muitas chances como meia ofensivo.
"O fato de ser improvisado me prejudicou um pouco, virei o curinga", diz Taddei. "Sempre fiz o que me pediam, mas só quando cheguei ao Siena [em 2002, na Série B] o técnico me pôs para jogar na minha posição de origem."
Sua saída do Palmeiras também foi com descrédito. Visto apenas como volante esforçado, a gestão de Mustafá Contursi não o procurou para renovar o contrato. "Treinei até o último dia de contrato no Palmeiras, depois fui resolver a vida."
Logo na primeira temporada, o Siena ascendeu à Série A. Três temporadas depois, Taddei estava na Roma. Seu sobrenome e passaporte italianos chamaram a atenção do técnico Marcello Lippi, que pensou em levá-lo para a Copa da Alemanha.
"Ele tem as portas abertas, se quiser jogar", disse o treinador no início do ano. Mesmo honrado, Taddei disse não.
"Não acho certo tirar o lugar de um italiano. Meu sonho de menino é jogar pelo Brasil", diz o meia, sem perder a esperança.
Amauri pensa um pouco diferente. Elogiado recentemente por Donadoni, o atacante ainda não tem nacionalidade italiana. A previsão é que chegue em fevereiro, mas Amáuri (como é chamado na Itália) já está em campanha por uma convocação. Qualquer uma.
"Minha prioridade é o Brasil, quero jogar na seleção. Se a Itália me convocar, vou entrar em contato com a CBF para saber se eles têm algum interesse em mim. Aí eu vou decidir."
Do Palmeiras, a lembrança é de ter quase desistido da bola, em 1997. "Para entrar no time você precisava passar por quatro peneiras", diz o vice-artilheiro do Italiano. "Eles diziam que gostavam de mim, mas na quarta me mandaram começar tudo de novo. No fim, fiz 13 peneiras, mas não fui aprovado."
Trabalhou em mercados, foi office-boy e até metalúrgico, até que um churrasco o resgatou. "Teve um rachão na chácara de um amigo, e lá me convidaram para jogar no Santa Catarina [de Blumenau]. A vontade bateu de novo, e eu fui."
Por esse time, jogou um torneio em Viareggio, em 2000. Lá, conheceu um agente italiano e ficou. No modesto Palermo é ídolo e, com seis gols em 11 jogos, vive um momento de glória capaz até de deixar o Parque Antarctica com saudades.


NA TV - Itália x Turquia
Sportv, ao vivo, às 17h50



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