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"Gêmeos" e renegados pelo Palmeiras são sonho italiano
Além da data de nascimento, Amauri, do Palermo, e Taddei, da Roma, têm em comum o início frustrante no Parque Antarctica e o interesse da Azzurra
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nascidos no mesmo dia e
ano, renegados pelo mesmo
clube e brilhando em times diferentes, dois jogadores paulistas podem acabar atuando na
mesma seleção: a italiana.
Os homens cercados por essas coincidências são Amauri,
atacante do líder Palermo, e
Taddei, meia da Roma, em terceiro na Série A italiana.
Nasceram em 3 de junho de
1980, um em Carapicuíba, o outro em São Paulo. Ambos são
debatidos por imprensa e torcida como opções para o time de
Roberto Donadoni -que pega a
Turquia hoje em amistoso-
após terem vivido dissabores
no início da carreira justamente no italianíssimo Palmeiras.
Taddei é mais íntimo dos alviverdes. Revelado por Luiz Felipe Scolari, não teve muitas
chances como meia ofensivo.
"O fato de ser improvisado
me prejudicou um pouco, virei
o curinga", diz Taddei. "Sempre
fiz o que me pediam, mas só
quando cheguei ao Siena [em
2002, na Série B] o técnico me
pôs para jogar na minha posição de origem."
Sua saída do Palmeiras também foi com descrédito. Visto
apenas como volante esforçado, a gestão de Mustafá Contursi não o procurou para renovar
o contrato. "Treinei até o último dia de contrato no Palmeiras, depois fui resolver a vida."
Logo na primeira temporada,
o Siena ascendeu à Série A. Três
temporadas depois, Taddei estava na Roma. Seu sobrenome e
passaporte italianos chamaram
a atenção do técnico Marcello
Lippi, que pensou em levá-lo
para a Copa da Alemanha.
"Ele tem as portas abertas, se
quiser jogar", disse o treinador
no início do ano. Mesmo honrado, Taddei disse não.
"Não acho certo tirar o lugar
de um italiano. Meu sonho de
menino é jogar pelo Brasil", diz
o meia, sem perder a esperança.
Amauri pensa um pouco diferente. Elogiado recentemente por Donadoni, o atacante
ainda não tem nacionalidade
italiana. A previsão é que chegue em fevereiro, mas Amáuri
(como é chamado na Itália) já
está em campanha por uma
convocação. Qualquer uma.
"Minha prioridade é o Brasil,
quero jogar na seleção. Se a Itália me convocar, vou entrar em
contato com a CBF para saber
se eles têm algum interesse em
mim. Aí eu vou decidir."
Do Palmeiras, a lembrança é
de ter quase desistido da bola,
em 1997. "Para entrar no time
você precisava passar por quatro peneiras", diz o vice-artilheiro do Italiano. "Eles diziam
que gostavam de mim, mas na
quarta me mandaram começar
tudo de novo. No fim, fiz 13 peneiras, mas não fui aprovado."
Trabalhou em mercados, foi
office-boy e até metalúrgico,
até que um churrasco o resgatou. "Teve um rachão na chácara de um amigo, e lá me convidaram para jogar no Santa Catarina [de Blumenau]. A vontade bateu de novo, e eu fui."
Por esse time, jogou um torneio em Viareggio, em 2000.
Lá, conheceu um agente italiano e ficou. No modesto Palermo é ídolo e, com seis gols em 11
jogos, vive um momento de glória capaz até de deixar o Parque
Antarctica com saudades.
NA TV - Itália x Turquia
Sportv, ao vivo, às 17h50
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