São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

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TOSTÃO

Mais que um bom time


Para atingir o mesmo nível do ano passado, falta ao São Paulo um segundo atacante como o talentoso Amoroso


ALÉM DE ter bons e excelentes jogadores, um treinador e uma comissão técnica competente e um time organizado, há no São Paulo harmonia, seriedade e muita vontade de vencer, dentro e fora de campo.
Qualquer profissional só dá aquele algo mais quando existe uma relação afetiva e de cumplicidade no trabalho. O fato de o São Paulo não ser refém da TV Globo nas negociações para as transmissões do Campeonato Paulista, como acontece com os outros grandes, mostra que é um clube diferente.
Falta ao São Paulo, para atingir o nível do ano passado, um segundo atacante de grande talento como era Amoroso. Leandro é apenas um bom jogador.
Muricy atingiu um nível técnico maior, que vai além da repetição e do lugar-comum, e passou a mudar a maneira de jogar da equipe de acordo com o adversário. Durante a partida contra o Botafogo, o técnico trocou um meia por um zagueiro com a finalidade de marcar mais à frente, adiantar os volantes e ser mais ofensivo, como aconteceu.
A maioria dos técnicos, até o Luxemburgo, escala sempre um terceiro zagueiro para reforçar a defesa, e não o ataque. Em certos momentos, todo comentarista precisa repensar suas opiniões, seja porque os atletas e treinadores melhoraram ou pioraram e/ou porque a análise estava errada. Anos atrás, achava que o Mineiro era muito confuso na armação das jogadas e quando chegava ao ataque. Ele evoluiu bastante, e eu fiquei mais tolerante com suas limitações e mais entusiasmado com as suas virtudes.
Se a Copa fosse hoje, Mineiro mereceria ser o titular da seleção, como disse o Juca Kfouri. Mas se o Mineiro ficar preso à marcação, sem avançar, como fazem os titulares Edmílson e Gilberto Silva, ele se tornará um volante apenas marcador, comum.
Souza está cada dia melhor e é um dos destaques do brasileiro. O escanteio batido por ele, com força, com a bola saindo do goleiro e caindo na entrada da área para o companheiro cabecear de frente, como no gol do Fabão contra o Goiás, passou a ser mais uma boa jogada ofensiva do São Paulo.
Após a vitória sobre o Goiás, Souza disse que "o grito de campeão já estava na língua". Ele não menosprezou ninguém nem foi imprudente. Falou a verdade e expressou sua emoção. Prefiro a franqueza e/ou o ato falho, desde que não seja uma ofensa, às palavras politicamente corretas, muitas vezes mentirosas e/ou que não retratam a fragilidade humana.
Após tantos elogios, vamos ao porém. Um profissional, seja do São Paulo ou de qualquer clube, às vezes brilha intensamente em um time e depois se apaga em outro. Ele parecia melhor do que era. Outras vezes, acaba acontecendo o contrário.
Um atleta rotulado de grosso se torna brilhante quando passa a atuar em um time organizado. Ele era melhor do que parecia. Por isso, só o tempo pode nos dar a dimensão exata da importância e do talento de treinadores, atletas e de qualquer profissional.

Amistoso
Dunga deve fazer mais experiências contra a Suíça. Mas, independentemente do que houver hoje, a grande dúvida para o próximo ano já está decidida. O técnico vai escalar juntos Kaká, Ronaldinho e Robinho, além de dois volantes e um centroavante, ou vai barrar um dos três e colocar mais um jogador no meio-campo? Elano, xodó do técnico, pode também ser testado como segundo volante.

tostao.folha@uol.com.br


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