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STOP & GO
Olho por olho
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
Termina amanhã mais uma
edição do Dacar, o rali mais
mortífero do planeta. Nesta edição, pelos números oficiais, produziu-se o 40º defunto.
É de se acreditar que tal número ignore outros tantos defuntos,
pois, como se sabe, diferenças sociais, além, é claro, do próprio
corpo, são as poucas coisas que
carregamos para o túmulo.
Dentro da realidade na qual o
Dacar é disputado, atropelam-se
vacas, como aconteceu neste ano
com um brasileiro, e muitas outras coisas, que, duvido, o sujeito
pare para conferir a natureza.
Nos últimos dias, porém, ganhou espaço na mídia o fato de
ladrões armados terem roubado
carros e equipamentos de competidores, organizadores e até de
membros da imprensa que
acompanham o evento.
Foi possível detectar até um
certo tom de indignação, tanto
no discurso dos pilotos como no
de certos jornalistas, que, aparentemente, consideram legítimo
cobrar algum tipo de civilidade
de países miseráveis.
Colegas que cobriram o rali relatam o fascínio de se correr em
pleno deserto, sob toda sorte de
adversidades. Mas contam, também, o deprimente espetáculo
que se instala em cada acampamento da caravana, de cercas vigiadas por soldados, de crianças
carregando material por uma
barra de chocolate, enfim, do
abismo que separa a África do
resto do mundo, em versão compacta, de uns poucos metros.
Não há como concordar com isso. Mesmo admitindo que, por
onde passe, a caravana use seus
médicos para atender a população local, que as propinas por
serviços aqueçam a economia de
aldeias, que, em muitos lugares,
as pessoas passem o ano esperando pela volta do rali.
Na prática, não há compensação, não há solução -um dos ladrões falou "até o ano que vem"
para uma de suas vítimas.
Os roubos continuarão acontecendo. Violentos, como centenas
de carros, caminhões e motos
correndo onde as pessoas só sabem, só podem andar a pé.
NOTAS
Benetton
A equipe de Fisichella e Wurz
lança hoje seu carro para 1999,
na sede da equipe, na Inglaterra. Na próxima na terça, é a vez
da Sauber, de Diniz e Alesi.
Williams
Com um modelo híbrido da
Williams, Zanardi, mesmo fora
de forma, foi o mais rápido da
semana em Barcelona. Quem
interessa, porém, não estava na
pista. Outros testes coletivos
neste mês também estão marcados para a Espanha: entre os
dias 23 e 25, em Jerez, e entre os
dias 26 e 28, em Barcelona,
mais uma vez. Pelo menos são
esses os ensaios que a Bridgestone apresenta em seu calendário. A Ferrari já bate o pé, reclamando pneus para testes particulares, em Fiorano.
Bridgestone
A polêmica da escassez de
pneus, aliás, já chegou à mesa
de Ecclestone. E a solução que o
chefão da F-1 encontrou é típica: telefonemas amistosos para
Pirelli, Dunlop e Michelin.
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