São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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STOP & GO
Olho por olho

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Termina amanhã mais uma edição do Dacar, o rali mais mortífero do planeta. Nesta edição, pelos números oficiais, produziu-se o 40º defunto.
É de se acreditar que tal número ignore outros tantos defuntos, pois, como se sabe, diferenças sociais, além, é claro, do próprio corpo, são as poucas coisas que carregamos para o túmulo.
Dentro da realidade na qual o Dacar é disputado, atropelam-se vacas, como aconteceu neste ano com um brasileiro, e muitas outras coisas, que, duvido, o sujeito pare para conferir a natureza.
Nos últimos dias, porém, ganhou espaço na mídia o fato de ladrões armados terem roubado carros e equipamentos de competidores, organizadores e até de membros da imprensa que acompanham o evento.
Foi possível detectar até um certo tom de indignação, tanto no discurso dos pilotos como no de certos jornalistas, que, aparentemente, consideram legítimo cobrar algum tipo de civilidade de países miseráveis.
Colegas que cobriram o rali relatam o fascínio de se correr em pleno deserto, sob toda sorte de adversidades. Mas contam, também, o deprimente espetáculo que se instala em cada acampamento da caravana, de cercas vigiadas por soldados, de crianças carregando material por uma barra de chocolate, enfim, do abismo que separa a África do resto do mundo, em versão compacta, de uns poucos metros.
Não há como concordar com isso. Mesmo admitindo que, por onde passe, a caravana use seus médicos para atender a população local, que as propinas por serviços aqueçam a economia de aldeias, que, em muitos lugares, as pessoas passem o ano esperando pela volta do rali.
Na prática, não há compensação, não há solução -um dos ladrões falou "até o ano que vem" para uma de suas vítimas.
Os roubos continuarão acontecendo. Violentos, como centenas de carros, caminhões e motos correndo onde as pessoas só sabem, só podem andar a pé.

NOTAS

Benetton
A equipe de Fisichella e Wurz lança hoje seu carro para 1999, na sede da equipe, na Inglaterra. Na próxima na terça, é a vez da Sauber, de Diniz e Alesi.

Williams
Com um modelo híbrido da Williams, Zanardi, mesmo fora de forma, foi o mais rápido da semana em Barcelona. Quem interessa, porém, não estava na pista. Outros testes coletivos neste mês também estão marcados para a Espanha: entre os dias 23 e 25, em Jerez, e entre os dias 26 e 28, em Barcelona, mais uma vez. Pelo menos são esses os ensaios que a Bridgestone apresenta em seu calendário. A Ferrari já bate o pé, reclamando pneus para testes particulares, em Fiorano.

Bridgestone
A polêmica da escassez de pneus, aliás, já chegou à mesa de Ecclestone. E a solução que o chefão da F-1 encontrou é típica: telefonemas amistosos para Pirelli, Dunlop e Michelin.



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