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São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003

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FUTEBOL

Enrolado com dívidas e assistindo à debandada de seus jogadores, clube do Canindé tenta encontrar uma saída

Na crise, Lusa faz vaquinha e vai ao BNDES

LÚCIO RIBEIRO
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Time na segunda divisão do Brasileiro. Jogadores debandando. Dívidas com fornecedores, funcionários e até com imobiliárias. Presidente licenciado. E ameaça de descenso no Paulista.
A situação da Lusa é periclitante. Um clube que sempre disputou a elite do futebol no Estado e que há pouco mais de seis anos chegou à decisão do Nacional hoje agoniza. A crise é tão feia que levou rivais ferrenhos a se unirem.
Na lista de medidas emergenciais a serem tomadas estão uma vaquinha entre os sócios e até um pedido de socorro ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
"Já começamos a trabalhar para pedir um empréstimo ao BNDES. Para isso, precisamos estar com impostos e tributos em dia. Acredito que em 90 dias já teremos alguma coisa em mãos", explica Marco Antônio Teixeira Duarte, vice-presidente de marketing da Lusa e filho de Oswaldo Teixeira Duarte, principal dirigente da história do clube e que, desde 1984, batiza o estádio do Canindé.
Outra saída de emergência foi pedir cotas de R$ 12 mil a alguns sócios que são donos de empresas. Até uma rifa foi organizada.
Extra-oficialmente, alguns sócios mais desesperados procuram se virar como podem. É o caso do conselheiro Abílio Barbosa Pires, que tenta contratar "torcedores de aluguel" em troca de esfihas.
"Esse tipo de atitude só prejudica nossa situação, só denigre o clube", critica Teixeira Duarte.
Para "ajudar", todas essas medidas desesperadoras da Lusa para sair da crise não devem passar pelas mãos do atual presidente do clube, Joaquim Alves Heleno.
O dirigente anunciou nesta semana que sairá em período de licença por 30 dias, alegando problemas de saúde. Mas na Lusa há quem diga que o presidente, que assumiu em janeiro do ano passado, não volta mais para o cargo.
Heleno deixa a presidência quando a Lusa enfrenta uma avalanche de ações na Justiça.
O clube não acumula apenas dívidas milionárias. Pagamentos considerados irrisórios pela própria diretoria também não vêm sendo feitos nos últimos meses.
"O problema é exclusivamente político. Só espero ver esse dinheiro algum dia", diz José Carlos Brunoro. Sua empresa só recebeu 50% do valor pelo projeto que fez para o departamento de futebol do clube -planos que foram abandonados pela atual gestão.
A Lusa também não vem pagando o aluguel de apartamentos que faz para seus jogadores. "O clube locou apartamentos de dois clientes meus em Santana e, de uma hora para outra, parou de pagar", afirma a advogada Eliane de Toledo Haudenschild Dias, que estima a dívida em R$ 15 mil.
Maria Alice Baeta Minhoto sofre o mesmo problema. No ano passado, alugou um apartamento no mesmo bairro, Santana, para que a Lusa acomodasse o lateral Paulo Fabrício. "Ficaram quatro meses sem pagar até que o jogador foi despejado", conta.
"A Lusa nos deve R$ 30 mil. Assim que mudou a presidência, pararam de pagar", declara Manuel Figueiredo, sócio de uma empresa que coletava o lixo no Canindé.
Entre os jogadores, as críticas são as mesmas. Só neste ano, deixaram o clube, amparados por liminares, atletas como Ricardo Oliveira, Rafinha e Bosco.



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