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FUTEBOL
Enrolado com dívidas e assistindo à debandada de seus jogadores, clube do Canindé tenta encontrar uma saída
Na crise, Lusa faz vaquinha e vai ao BNDES
LÚCIO RIBEIRO
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Time na segunda divisão do
Brasileiro. Jogadores debandando. Dívidas com fornecedores,
funcionários e até com imobiliárias. Presidente licenciado. E
ameaça de descenso no Paulista.
A situação da Lusa é periclitante. Um clube que sempre disputou a elite do futebol no Estado e
que há pouco mais de seis anos
chegou à decisão do Nacional hoje agoniza. A crise é tão feia que levou rivais ferrenhos a se unirem.
Na lista de medidas emergenciais a serem tomadas estão uma
vaquinha entre os sócios e até um
pedido de socorro ao BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
"Já começamos a trabalhar para
pedir um empréstimo ao BNDES.
Para isso, precisamos estar com
impostos e tributos em dia. Acredito que em 90 dias já teremos alguma coisa em mãos", explica
Marco Antônio Teixeira Duarte,
vice-presidente de marketing da
Lusa e filho de Oswaldo Teixeira
Duarte, principal dirigente da história do clube e que, desde 1984,
batiza o estádio do Canindé.
Outra saída de emergência foi
pedir cotas de R$ 12 mil a alguns
sócios que são donos de empresas. Até uma rifa foi organizada.
Extra-oficialmente, alguns sócios mais desesperados procuram
se virar como podem. É o caso do
conselheiro Abílio Barbosa Pires,
que tenta contratar "torcedores
de aluguel" em troca de esfihas.
"Esse tipo de atitude só prejudica nossa situação, só denigre o
clube", critica Teixeira Duarte.
Para "ajudar", todas essas medidas desesperadoras da Lusa para
sair da crise não devem passar pelas mãos do atual presidente do
clube, Joaquim Alves Heleno.
O dirigente anunciou nesta semana que sairá em período de licença por 30 dias, alegando problemas de saúde. Mas na Lusa há
quem diga que o presidente, que
assumiu em janeiro do ano passado, não volta mais para o cargo.
Heleno deixa a presidência
quando a Lusa enfrenta uma avalanche de ações na Justiça.
O clube não acumula apenas dívidas milionárias. Pagamentos
considerados irrisórios pela própria diretoria também não vêm
sendo feitos nos últimos meses.
"O problema é exclusivamente
político. Só espero ver esse dinheiro algum dia", diz José Carlos
Brunoro. Sua empresa só recebeu
50% do valor pelo projeto que fez
para o departamento de futebol
do clube -planos que foram
abandonados pela atual gestão.
A Lusa também não vem pagando o aluguel de apartamentos
que faz para seus jogadores. "O
clube locou apartamentos de dois
clientes meus em Santana e, de
uma hora para outra, parou de
pagar", afirma a advogada Eliane
de Toledo Haudenschild Dias,
que estima a dívida em R$ 15 mil.
Maria Alice Baeta Minhoto sofre o mesmo problema. No ano
passado, alugou um apartamento
no mesmo bairro, Santana, para
que a Lusa acomodasse o lateral
Paulo Fabrício. "Ficaram quatro
meses sem pagar até que o jogador foi despejado", conta.
"A Lusa nos deve R$ 30 mil. Assim que mudou a presidência, pararam de pagar", declara Manuel
Figueiredo, sócio de uma empresa que coletava o lixo no Canindé.
Entre os jogadores, as críticas
são as mesmas. Só neste ano, deixaram o clube, amparados por liminares, atletas como Ricardo
Oliveira, Rafinha e Bosco.
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