|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BASQUETE
Após brigar com o poder, Chaim Zaher, empresário do COC, associa-se a ele e se torna o principal parceiro da CBB
Dono de escola é quem manda na bola
ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO
Há cinco anos, após perder a decisão do Nacional masculino,
Chaim Zaher, 49, bateu de frente
com o presidente da CBB (Confederação Brasileira de Basquete),
Gerasime Bozikis, o Grego.
Inconformado com o regulamento, que obrigou sua equipe, o
COC/Ribeirão, a jogar fora de casa a final, Zaher ameaçou criar
uma outra liga. "Depois reconheci
que estava errado. O Grego seguiu
o regulamento, que obrigava que
a final fosse em um ginásio para
5.000 pessoas", conforma-se.
Diante da pouca receptividade à
idéia da liga, Zaher pensou na solução típica dos investidores: extinguir o time. João Zangrandi, da
Polti, sua parceira no patrocínio,
se antecipou e deixou o basquete.
"Sozinho, achei que era melhor
parar. Mas mudei de idéia quando soube que o Grego já tinha colocado o Vasco no nosso lugar na
Liga Sul-Americana", conta ele.
Por desfeita à confederação, optou por manter sozinho a equipe.
O revés fez com que o dirigente
diminuísse os gastos com o elenco
e apostasse em jovens. "Até hoje
não retomamos o nível daquela
época. Gastamos menos de 40%
do que em 1998", compara.
Outra lição aprendida é que não
adianta brigar com o poder. O
melhor é associar-se a ele. De inimigo da CBB, Zaher tornou-se o
importante parceiro da entidade.
Pelo segundo ano seguido,
comprou placas de publicidade
dos jogos do Nacional. O acordo
da CBB com a Sportv prevê que a
entidade tem direito a duas placas
nos ginásios, que são revendidas.
Há dois anos, o COC é o único
comprador, com investimento de
R$ 1,5 milhão por campeonato.
Metade desse valor é pago em
dinheiro. A outra é reembolsada
em "espécie". Aí surge o problema. Alguns clubes criticam a proximidade da CBB com o Ribeirão.
A entidade já usou o CT do COC
até para hospedar a seleção.
"Os atletas pedem para ficar
aqui. A presença da seleção também motiva a cidade a prestar
atenção no basquete", diz Zaher.
O local também abriga as clínicas de desenvolvimento de talentos, programa criado neste ano.
Além disso, Ribeirão já foi sede
da Copa América sub-21 masculina e feminina. "O COC não é um
patrocinador da CBB. Temos
uma parceria em que nos beneficiamos utilizando o CT para diversas atividades", conta Grego.
A aproximação fez com que a
clínica de avaliação dos juízes que
iriam atuar no Nacional fosse feita
em Ribeirão, no mês passado.
A parceria, porém, é questionada. "Não tenho nada contra o
COC patrocinar o Brasileiro. O
problema é que eles usaram uma
faixa dizendo "COC, bicampeão
paulista invicto". Não é publicidade do colégio. É do time. Isso é
uma afronta à federação paulista e
à confederação", acusa Nelson Salomão, presidente do Franca.
No Paulista-2002, a Uniara, rival
do Ribeirão na final, reclamou de
um possível favorecimento do adversário. "Nosso sucesso incomoda. Dá para ter esquema se ganhamos 39 jogos?", questiona Zaher.
Apesar disso, o empresário, que
coordena uma rede de 120 colégios, com cerca de 160 mil alunos,
foge do perfil fanfarrão do passado. Rigoroso, admite que dispensou jogador em 2002 por ter descoberto uso de drogas. Outro saiu
depois de ter se envolvido em rumorosa briga com a mulher.
"Lidamos com educação e nosso atleta tem que ter boa imagem.
Mexeu com drogas ou teve problemas fora da quadra, não me interessa. Mando embora. E não
quero de volta", diz. No ano passado, antes do Nacional, o Ribeirão dispensou Fred, Michel e Tiagão. Só o último voltou à equipe.
Atualmente, Zaher evita aparecer e desloca seus diretores para
falar pelo colégio. "Minha preocupação é só que apareça o COC."
Pessoas ligadas ao empresário
também dizem que é medo de sequestro. Ele nem gosta de aparecer em fotos. E foge da alcunha de
maior investidor do basquete.
"O grupo Universo hoje gasta
mais. Investimos R$ 100 mil mensais", destaca, sem contar o dinheiro da parceria com a CBB.
Visto com reserva por muitos,
Zaher poderia ter incomodado
ainda mais. "Negociamos colocar
o COC na camisa da seleção masculina [que jogou o Mundial de
Indianápolis em 2002". Mas o valor era muito alto. Desisti", conta.
Texto Anterior: Procura-se: Conselheiro paga fãs com esfiha Próximo Texto: Pingue-Pongue: "O basquete é um rio que passou em minha vida" Índice
|